Foto via Blue Pueblo
A atenção é o mutismo permanente do coração, onde com Jesus Cristo, Filho de Deus e Deus, e só com Eles, respira e chama por Ele sem interrupção, permanentemente, e com Ele corajosamente luta contra os inimigos, e a Ele, que tem o poder, confessa os seus pecados.
A abstinência é a forte implementação e permanência da mente à porta do coração. Desse modo, ela vê como os pensamentos indesejados se aproximam, ouve o que dizem e fazem estes géneros do mal, qual a imagem que os demónios desenham para melhor a arrebatarem para o sonho e assim seduzi-la. Se agirmos com firmeza, então ela mostrar-nos-á a arte da luta contra esses pensamentos.
Os tipos de abstinência: primeiro - olhar consciente para os sonhos, ou para as propostas; segundo - ter o coração sempre profundamente silencioso, e, em silêncio, afastar-se de qualquer intento, e rezar; terceiro – invocar humildemente a ajuda permanente de Nosso Senhor, Jesus Cristo; quarto - ter na alma a permanente lembrança da morte; quinto, o mais eficiente de todos - olhar para o céu, sem se lamentar na terra. (...)
Como o sal dá bom sabor ao pão e a qualquer outra comida, evita que a carne se deteriore, e mantém-na intacta durante muito tempo, assim se entende a conservação no coração do feliz pensamento e da maravilhosa ação. Estas ações temperam, de uma forma sagrada, o interior e o exterior do homem, afastam a fetidez dos pensamentos maus e mantém-nos permanentemente na bondade.
Quanto mais vigilante a mente estiver, mais ardente será o teu desejo de orar a Jesus, e também, quanto mais negligentemente vigiares a mente, mais dele te afastarás. E, como a vigilância ilumina fortemente o ar da mente, assim a abstinência do doce chamamento de Jesus, normalmente entristece-a.
O permanente chamamento de Jesus, com desejo caloroso, cheio de felicidade e alegria, leva a que o ar do coração, da extrema atenção se encha do delicioso silêncio. Acontece a mesma coisa para que a oração se purifique completamente. Jesus Cristo, Filho de Deus.
A condição sagrada surge da lembrança permanente e do chamamento de Nosso Senhor, Jesus Cristo, em harmonia com Ele, na abstinência e com a oração na mente, como uma ação única e necessária. Em verdade, para que esta ação se realize sempre da mesma maneira devemos invocar o nome de Jesus Cristo. Chamamo-lo com o coração ardente, para que Ele connosco comungue e para que saboreemos o seu nome. A repetição é a mãe dos hábitos, tanto em relação aos bons, como em relação aos vícios, e o hábito acaba por dominar como a natureza. Chegados a uma tal situação, a própria mente procura os seus inimigos, como o cão de caça procura a lebre nos arbustos. Enquanto o cão procura para comer, a mente procura para derrotar e expulsar.
O grande David, o mais experiente nestes assuntos, diz ao Senhor: «Ó minha força, é para ti que eu me volto, pois Tu, ó Deus, és a minha fortaleza» (Sl 59 [58],10). Assim, a guarda da força do silêncio do coração e do pensamento, do qual nascem todas as virtudes, depende da colaboração do Senhor, que nos transmite os ensinamentos quando o chamamos sempre, e afasta-se de nós, quando desnecessariamente o esquecemos, e acaba com o silêncio do coração, tal como a água acaba com o fogo. Por isso, não te entregues à incúria do sono pernicioso e, em nome de Jesus Cristo, flagela os teus inimigos. Este doce Nome agarra-se à tua respiração e reconhecerás o fruto do silêncio.
- Sermões de Santo Isaías, O Presbítero, de Jerusalém
In Relatos de um peregrino russo, ed. Paulinas
Reproduzido via SNPC (Portugal) Tweet
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