sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Arco Iris em Casa

Bela música para dejesar um bom fim de semana!

=)

Conversa Franca sobre Sodoma






Há muitos séculos se tem atribuído a destruição de Sodoma e Gomorra à homossexualidade. Porém, um estudo atento do texto bíblico tem muito a nos revelar sobre as reais transgressões dessas duas cidades antigas. Nesse caso, a regra de ouro da hermenêutica (a Bíblia explica a própria Bíblia) será nossa principal ferramenta de análise e interpretação. Atualmente, uma lista de respeitados teólogos defendem que o pecado de Sodoma nada tem a ver com homossexualidade, mas com falta de hospitalidade, xenofobia, orgulho, crueldade e egoísmo. Ao longo do artigo, você poderá conferir alguns nomes.








Walter Wink
Professor do Seminário Teológico,
Doutor em Teologia (Th.D)

do Union Theological Seminary

de Nova York;




Quanto ao termo, é importante ressaltar que o uso da palavra sodomia como referência a atos genitoanais data da Idade Média e foi um conceito consagrado pelo teólogo Tomás de Aquino.

Vejamos o que nos diz o mais conhecido e utilizado relato sobre Sodoma e Gomorra. As partes em negrito merecem destaque:

1) Ao anoitecer, vieram os dois anjos a Sodoma, a cuja entrada estava Ló assentado; este, quando os viu, levantou-se e, indo ao seu encontro, prostrou-se, rosto em terra. 20) E disse-lhes: Eis agora, meus senhores, vinde para a casa do vosso servo, pernoitai nela e lavai os pés; levantar-vos-eis de madrugada e seguireis o vosso caminho. Responderam eles: Não; passaremos a noite na praça. 3) Instou-lhes muito, e foram e entraram em casa dele; deu-lhes um banquete, fez assar uns pães asmos, e eles comeram. 4) Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, tanto os moços como os velhos, sim, todo o povo de todos os lados; 5) e chamaram por Ló e lhe disseram: Onde estão os homens que, à noitinha, entraram em tua casa? Traze-os fora a nós para que abusemos deles. 6). Saiu-lhes, então, Ló à porta, fechou-a após si 7. e lhes disse: Rogo-vos, meus irmãos, que não façais mal; 8- tenho duas filhas, virgens, eu vo-las trarei; tratai-as como vos parecer, porém nada façais a estes homens, porquanto se acham sob a proteção de meu teto. 9) Eles, porém, disseram: Retira-te daí. E acrescentaram: Só ele é estrangeiro, veio morar entre nós e pretende ser juiz em tudo? A ti, pois, faremos pior do que a eles. E arremessaram-se contra o homem, contra Ló, e se chegaram para arrombar a porta. (ARA) – Grifo do autor.



****











Theodore W. Jennings
Professor-assistente no Chicago
Theological Seminary;




1º ponto a se considerar
: o texto bíblico diz que todos os homens de Sodoma cercaram a casa de Ló. Ora, em qualquer sociedade, os homossexuais são minoria, portanto, aqueles homens, definitivamente, não eram homossexuais. Sodoma não seria uma cidade tão numerosa e próspera se ali houvesse apenas homossexuais, na verdade, tal cidade nem subsistiria!

Para refletir: Já conheceu alguma cidade em que todos os habitantes fossem homossexuais?

2º ponto: Eles exigiam que os estrangeiros (anjos em forma humana) que ali estavam fossem postos para fora a fim de que fossem abusados (v. 5); Sua intenção era fazer o mal, humilhando os visitantes da forma mais vil possível:

“...Não se pode imaginar desprezo maior das práticas orientais de hospitalidade do que submeter hóspedes de sexo masculino a estupro por outros homens.” Comentário Bíblico, Editora Vida Nova, SP, 2010, p.123

Para refletir: Por que os homens de Sodoma queriam ser apenas ativos na relação sexual? Por que isso é incompatível com a realidade dos homossexuais de fato?


Para refletir: já presenciou algum grupo de homossexuais que tenha invadido alguma casa com a intenção de violentar sexualmente algum visitante? Se a resposta for NÃO por que acha que alguns insistem em dizer que os habitantes daquela cidade eram homossexuais?










Robert K. Johnston

Ph.D., professor de Teologia
e Cultura no Seminário Teológico
Fuller, em Pasadena – Califórnia


Até mesmo os livros deuterocanônicos (das bíblias católicas) expressam o mesmo conceito acerca de Sodoma:

Eclesiástico 16.8

“Não poupou os concidadãos de Ló, aos quais detestou por seu orgulho.”

Sabedoria 19.13-17

13) Sobre os pecadores, porém, caíram os castigos de raios violentos, não sem as advertências que antes lhes tinham sido feitas; mas sofriam justamente por causa de suas próprias maldades, por terem praticado a mais detestável falta de hospitalidade. 14) Houve quem não acolhesse visitantes desconhecidos; outros reduziram à escravidão esses hóspedes que lhes faziam bem. 15) E não só isto: se ainda se aguarda julgamento contra aqueles que receberam com hostilidade a estrangeiros, 16) quanto mais contra os que atormentaram com cruéis sofrimentos aqueles a quem tinham recebido com alegria e que haviam participado dos mesmos direitos! 17) Por isso, foram feridos de cegueira como aqueles, à porta do justo, quando, envolvidos em densas trevas, cada qual procurava a direção da sua casa. (CNBB)

Há outros textos bíblicos e extrabíblicos que confirmam que os pecados de Sodoma e Gomorra, bem como as motivações para tão degradante tentativa de abuso. Como exemplo, citemos um trecho do Midrash Judaico:

“Os homens de Sodoma não se orgulhavam de outra coisa senão da fartura e da riqueza que possuíam [...]. E eles diziam: Se de nossa terra tiramos pão e minério de ouro, para que precisamos dos forasteiros? Não precisamos que venha a nós qualquer pessoa, pois vem apenas para tomar o que é nosso. Apaguemos, pois, de nossa terra as leis e costumes de ir e vir.Midrash, San’hedrin 109 – A Lei da Torá, Editora Sêfer, p. 46

Como vimos, nenhuma só palavra sobre homossexualdiade.

Para encerrar, leiamos o que dizem algumas traduções bíblicas:

Eles chamaram Ló e lhe disseram: “Onde estão os homens que vieram à tua casa ao cair da noite? Traze-os para fora. Queremos descarregar sobre eles a nossa fúria homossexual!” Gênesis 19.5 (Grifo do autor) Bíblia Sagrada, Edições Loyola.

“Não se esqueçam das cidades de Sodoma e Gomorra, e as cidades vizinhas, todas cheias de imoralidade de toda espécie, inclusive a paixão de homens por outros homens.” Judas 7 (Grifo do autor) Bíblia Viva, Editora Mundo Cristão, 2010.

Para refletir: quem está manipulando a Bíblia para apoiar suas crenças?


Para mais:
Teologia e Inclusão

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Palestra sobre Diversidade Sexual na Igreja de Santo Inácio

Neste sábado, 3/9, às 15h, o Pe. Luís Correa Lima estará na Igreja de Santo Inácio para uma palestra sobre fé cristã e homossexualidade.


Comentários dos Divers@s sobre a resposta de Dom Orani



O post de terça-feira de um dos Membros de nosso grupo a respeito de sua experiência na JMJ com a fala de Dom Orani, gerou muitos comentários e propostas de reflexão.


Se você não viu, veja o post aqui.
Dentre as muitas colocações destacamos uma que encontra um ponto de convergência em nossas opiniões divers@s. =)

Autorizados pel@ autor@ do comentário, em nossas também calorosas trocas de emails, reproduzimos a opinião de V, membr@ do Diversidade Católica:

Querido Rafael,


para mim foi completamente surpreendente esse acontecimento que você conseguiu provocar. Sim, foi um discurso cheio de sabedoria. A questão homoafetiva sempre foi uma questão impactante, em todos os tempos. E agora o impacto surge à tona. Porque antes as pessoas se escondiam.
Agora, elas pedem a palavra. E é um desafio às pessoas em geral, o fato de terem que pensar em algo inusitado. E encarar de frente, nos olhos, uma realidade surpreendente.


As pessoas, em geral não têm maturidade humana suficiente, para se depararem com a realidade homoafetiva, sem ficarem desconcertadas. Mas, é um processo que pede resolução, ou ao menos, reflexão. Não se trata de ideias. Trata-se de pessoas, de vidas, de corações.Trata-se de estender fortemente a mão e segurar quem quer que seja. Porque a abertura de coração e o acolhimento não podem excluir ninguém. O Amor como se entende no cristianismo não pode ser setorial, não pode ser seletivo. Tipo: "este sim, aquele não".


Mas, sempre de novo se esbarra na barra cultural. Na trava cultural.
É muito difícil para as pessoas lidarem com o novo.
Mas, um dia, o novo se tornará antigo, e fará parte da vida comum.
O discurso foi interessante e abre uma perspectiva nova.
Isto é muito importante para todos os homoafetivos e a Igreja não tem o direito de desamparar ninguém. Agora, como se efetivará ou se tornará explícito este amparo, para isto ainda resta um bom caminho a ser feito...


Não tenho dúvida da importância do Diversidade em nossas vidas.

V

Sim V, temos fé que todos estes discursos e reflexões, tanto nossos quanto da hierarquia, não se esgotarão em si e podem se tornar uma ação efetiva no corpo eclesial ao qual fazemos parte.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Não nascer em vão



Pe. Geovane Saraiva


Todo ser humano, por decisão de Deus, entra neste mundo com uma vocação, primeira e fundamental, que é a sua própria existência. Vocação para ser gente, para ser criatura humana. Por isso mesmo é muito importante pensar naquilo que nos é proposto durante a trajetória de nossa vida. Cícero, o maior orador romano, ao tratar sobre a idade da vetustez, que significa mais do que velhice ou idade avançada; quer dizer reverência e respeitabilidade, afirmou: “Vivi de tal forma, que sinto não ter nascido em vão”.


Já Dom Helder Câmara gostava de dizer: “Feliz da pessoa que atravessa a vida tendo mil razões para viver”. À medida que a pessoa humana entende que é necessário percorrer com muita disposição o seu percurso natural, interiormente cresce, encontra-se consigo mesmo e se integra na comunidade em que reside, dando sua contribuição através do serviço, do anúncio e do testemunho.

Concretamente, constatamos esse tipo de procedimento com facilidade em nossas comunidades, que nos faz compreender as pessoas que querem viver a sua vocação, de tal maneira, que desejam tomar como suas as palavras de Cícero, na certeza de que no final chegará à recompensa, promessa do próprio Deus. É claro que as pessoas procuram tesouros de felicidade, bem estar e realização. Agora, uma coisa é importante e necessária, ter clara consciência do tesouro que está escondido, dentro de nós.

Quando afirmamos que a vida não foi em vão é porque temos na mente a recompensa, que supõe o merecimento, frequente nas palavras e ações de Jesus, ao falar da vida eterna como uma promessa, como uma dádiva do Pai para os que nele professam sua fé. É um dom, que de alguma maneira é preciso ser conquistado, tendo na mente e no coração o que disse Jesus: “Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele” (1Jo 3, 1-2)

Pessoas que vivem assim compreendem em profundidade o Reino de Deus, na sua beleza e na sua preciosidade, como tão bem nos assegura o Filho de Deus: “O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Depois, cheio de alegria, ele vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo (Mt, 13, 44). Para vivermos bem, na concórdia e em harmonia com Deus, com o mundo e com nossos semelhantes, urge perseguir esse ideal, preenchendo nosso coração, sedento e ávido de felicidade.

O Reino nos aponta para a eternidade. É tarefa nossa fazer de tudo, mas de tudo mesmo para descobrir seu valor inigualável, maior tesouro que podemos encontrar como aspiração mais profunda, porque nele está nossa motivação e nossa razão pela qual somos capazes compreender e discernir o relativo do absoluto, de compreender os mistérios do Reino com dom gratuito, e por isso mesmo, o nosso esforço gigantesco, de sempre mais tê-lo conosco.

São Mateus, no seu Evangelho, usa a expressão “reino dos céus” mais de trinta vezes, querendo dizer, quase sempre: “Arrependei-vos, porque está próximo o reino dos céus” (Mt 3, 2). Descobrir os mistérios do Reino significa ter mente, ouvidos e olhos abertos para o novo, para o que ainda não conhecemos e que não devemos colocar nossas seguranças e convicções, no nosso modo pensar e agir, como algo absoluto. Quando depositamos confiança e expectativas nas pessoas, o risco de se decepcionar é grande. Podemos pensar o Reino de Deus como um jardim. No jardim, no dizer do Poeta Mário Quintana, “o segredo é não cuidar das borboletas, mas sim do jardim, para que as borboletas venham até você”. Por analogia, segredo é cuidar do tesouro, um maravilhoso dom, que é o próprio Deus.

É deste modo que haverá mais gente querendo usar de seus dons e talentos, não para explorar seus semelhantes, mas usando-os para fazer o bem, como uma esperança de ver seus sonhos utopias de um mundo justo, terno e solidário transformado em realidade. Pensemos na célebre frase do grande Santo Agostinho: “Meu coração está inquieta, enquanto em vós não descansar”, seguros de que não nascemos em vão.

Fonte:
O Arcanjo no Ar

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Dom Orani fala da inclusão gay na JMJ

 
Estamos tentando aos poucos, além dos textos legais 
que existem aqui trazer depoimentos de algumas pessoas que fazem parte e freqüentam o Grupo de Leigos que cuidam deste Blog – 
O Diversidade Católica.

Esta é uma tentativa de aproximar nossa vivência pessoal aqui da virtual. É com grande emoção que publicamos este post-depoimento de um de nossos membros sobre a JMJ

Confiram: 



 Meu nome é Rafael, e faço parte a um pouco
mais de 1 ano do DC.Gostaria de deixar por aqui 
um breve testemunho de como foi estar 
na JMJ 2011 em Madrid, em comunhão com a igreja, 
e no caso, com os 2 milhões de jovens presentes.



Estive fora por 15 dias que foram os 15 dias mais gratificantes da minha vida! Porém, o maior registro que tenho a oferecer ao DC é o que se ocorreu na missa em Madrid com o Bispo do Rio de Janeiro (Dom Orani), na presença de outros padres do Rio, Portugal e Espanha e na presença do ilustre deputado Eros Biondini, o qual em seu testemunho de atuação cristã combateu a favor da proibição do tal falado "kit-gay" nas escolas. Ouvindo seu discurso, fiquei em cócegas, pois não podia acreditar que tal deputado estava instigando de forma bem camuflada o preconceito e a desinclusão gay na sociedade (repito, não estou me referindo a Igreja, mas a sociedade, direitos civis). Eros Biondini se dirigiu a jovens Portugueses, Espanhóis e Brasileiros em seu discurso, se colocando como grande ativista da bancada evangélica. Muito bonito essa garra e fervo de guardar a fé católica, porém, nosso irmão de fé esqueceu do zelo que é a fé Cristica, assim com seu discurso alfinetando e ferindo outros jovens como eu que lá estavam presente. No final de seu testemunho foi aberta as perguntas. Incomodado com o discurso q tinha ouvido resolvi escrever uma pergunta não somente ao Eros mas a Dom Orani também que presedira a missa.

A pergunta fora a seguinte:

Caro irmão Eros e caro Bispo Dom Orani, meu nome é Rafael, sou brasileiro, nascido e criado no Rio de Janeiro. Sou católico a 8 anos e gay a 24. Tenho duas perguntas a fazer: Eros, gostaria de saber qual a posição da política em relação a inclusão gay, ou melhor, dos homoafetivos na sociedade quando nos deparamos com discursos homofóbicos dos nosso deputados que se dizem zeladores da fé cristã e esquecem que o Cristo foi o homem que não excluiu a ninguém a pertença do Reino, muito pelo contrário, chamou a todos. E não podemos negar que a comunidade LGBT está crescendo fortemente devido a sua união em nosso país. Então, como nossos políticos lidaram com isso? E ao meu bispo, Dom Orani, como a nossa Igreja (Católica), a casa que me proporcionou a fé e experiência com o Ressuscitado pode dialogar com isso, pois negar que existem gays na Igreja é buscar tapar o sol com a peneira. Faço parte desta casa, desta grande família que é o cristianismo promovido e edificado pela Igreja Católica, por isso não posso me calar perante discursos homofóbicos que vem do alto atingindo a base que é o alicerço desta Igreja (se ela ruir, todo o resto cai junto) por isso, me assumindo a esses jovens aqui presentes em seu silêncio peço uma postura da Igreja e dos políticos enquanto a isso. Obrigado, paz e bem, Rafael.

Não achei que minha pergunta seria escolhida, mas para a minha surpresa... foi!

O ilustre Dom Orani que a leu. Quando começou a falar não irei fingir que fiquei calmo. Na verdade fiquei desesperado, tremendo horrores com um baita nó na garganta, mas já estava lá com nosso bispo, agora era relaxar e esperar a resposta, caso houvesse.
Então, Dom Orani a leu e depois de uma breve pausa e respirada levantou a cabeça e muito sabiamente disse que era uma bela questão, e sorriu. Disse que não podemos negar que há homoafetivos em nossa Igreja, até porque nossa Igreja é um grande corpo, e Cristo como autor da fé chama a todos a viver essa sua diversidade e pluralidade, e que ele, como bispo, não podia negar a vivência de Igreja, a comunhão de fé a ninguém. E acrescentou que todos aqueles que proclamam o Credo e têm suas experiências com o Cristo, e O reconhecem como Senhor têm espaço e lugar em nossa Igreja. Segundo ele, essa é uma pequena expressão do que é o Reino de Deus, a Nova Jerusalém, e sublinhou que Cristo convida a todos; aqueles que se sentem cativados respondem a esse chamado, seja gay ou hétero. "A Igreja está aqui para todos", concluiu, e passou a bola para o deputado, dizendo que não sabia quanto a ele e sua atuação na política, mas como bispo ele não se atreveria a fechar as portas da Igreja aqueles que querem viver a Igreja independente de sua orientação sexual. E deixou para o deputado a questão: o que a política pode fazer para esses jovens que se descobrem gays e católicos, o papel deles na sociedade? E sorriu.

Infelizmente o deputado Eros não deu nenhuma resposta, mas nessas alturas eu já estava chorando de alegria pela belíssima resposta que nosso Bispo deu a comunidade jovem lá presente e ao nosso político também da bancada evangélica.

É minha gente, é o que digo: "às vezes quando tudo dá errado acontecem coisas tão maravilhosas que jamais teriam acontecido se tudo tivesse dado certo..." =)

Minha experiência de fé me levou a estar na Jornada Munidal da Juventude (JMJ) com o Papa, pois mesmo perante a discursos homofóbicos de alguns membros da Igreja e da sociedade sempre senti um chamado de viver a Igreja, aquela edificada pelos apóstolos, que em cima da experiência com Cristo ressuscitado cativou a todos a pertencer a Ela.  

As pessoas as quais conheci nessa JMJ, as situações muitas vezes inusitadas pelas quais passamos, enfim, tudo valeu a pena! Pude dialogar com irmão que vivem a mesma "situação" que muitos de nós vivemos, mas que não esmorecem, continuam vivendo Cristo e com isso edificando o Reino.

Se permitirmos, o Reino dos Céus que tanto falamos e desejamos, virá até nós quando nós de forma integra e verdadeira buscarmos edificar a Ele. Buscando sempre a comunhão com Cristo Jesus e a Igreja.

 :)

Ficamos felizes pela sua coragem Rafa!

Pe. Luís Correa Lima fala à TV Justiça



Pe. Luís Correa Lima fala à TV Justiça sobre Direito Homoafetivo, para conferir vá em:


Fala Defensor clicar em 'programas exibidos' e 'homoafetivo'.
Talvez seja necessário habilitar o complemento e depois repetir a operação.

Desculpa não conseguir postar o vídeo, mas o site é bem chatinho.

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"A homofobia corre solta em nome das religiões", diz Maria Berenice Dias

Por Marcelo Hailer em 25/08/2011 às 19h10

A desembargadora aposentada e advogada especializada em direito homoafetivo, Maria Berenice Dias, acaba de assumir mais uma encruzilhada em prol das questões LGBT. Nesta quarta-feira (24), ela formalizou junto à Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) o Estatuto da Diversidade Sexual, que será encaminhado ao Congresso Nacional como uma demanda popular. Outro documento produzido pela OAB foi entregue à senadora Marta Suplicy (PT-SP): trata-se da PEC (Proposta de Emenda Constitucional), que prevê a criminalização da homofobia, entre outros direitos.


Na entrevista que você confere a seguir, Maria Berenice Dias diz que está na hora de os legisladores trabalharem em torno da questão LGBT e que é inaceitável que até hoje a comunidade gay não tenha nenhuma lei para si. A advogada critica a criação do Dia do Orgulho Hétero, que para ela carece de significado, visto que heterossexuais não sofrem violência ou exclusão social.


Maria Berenice Dias comenta ainda a respeito do Estado Laico, o qual não está sendo cumprido, segundo o seu ponto de vista. Sobre essa questão, ela diz que parte dos grupos religiosos realiza "marchas homofóbicas" para criticar e retirar direitos da comunidade LGBT. "A homofobia corre solta em nome das religiões e ninguém faz nada. Eles falam em liberdade religiosa, mas na verdade atuam em detrimento de uma parcela da população", critica a advogada.


O Estatuto da Diversidade Sexual conta com o apoio de parlamentares do Congresso Nacional?
Entregamos o Estatuto para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Ordem vai submeter ao Conselho Federal e vai encaminhar como iniciativa popular ao Congresso Nacional. Paralelamente ao Estatuto, elaboramos uma Proposta de Emenda Constitucional que já foi levada para o Senado e entregue à senadora Marta Suplicy (PT-SP). Na mesma oportunidade, falamos com o Sarney (José Sarney, PMDB-AP), presidente do Senado, e também falamos com o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS). A Frente Mista pela Diversidade Sexual está apoiando esta iniciativa.

Como foi a recepção de Marco Maia e de José Sarney?

Ambas foram muito boas. Assumiram a responsabilidade de que há uma necessidade de haver uma legislação... Nós não temos nada, nenhuma lei... Só temos a concessão de alguns direitos específicos, mas até hoje nada andou. Agora é uma coisa que amplia tudo o que já foi proposto, decidido, e que está dentro do Estatuto: criminalização da homofobia, direitos das transexuais etc.

O projeto de parceria civil está há 15 anos no Congresso e a criminalização da homofobia está perto de completar dez anos na Casa. A senhora acredita que o Estatuto vai para frente?

Duas coisas importantes: em primeiro lugar, vem da Ordem dos Advogados, isso dá peso; em segundo, tem o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que modificou todo o panorama ao reconhecer os direitos dos homossexuais, provocando o Legislativo.

Como a senhora observa as bancadas religiosas apresentando projetos de lei que propõem o Dia do Orgulho Hétero em várias cidades e estados do Brasil?

Isso é algo sem significado. Essas escolhas e determinações de datas para certos seguimentos são feitas para seguimentos vulneráveis que são alvo de algum tipo de exclusão e também servem para elevar a autoestima. O heterossexual não precisa disso: eles não são alvos de nenhum tipo de rejeição e exclusão. Mas isso é um movimento reativo à população LGBT, é altamente preconceituoso.

Podemos dizer que, mais do que querer aprovar estas leis, eles querem reforçar uma ideologia sexista e conservadora?

Com certeza. É uma forma de referendar o preconceito.

A senhora acredita que há um avanço de um suposto "Estado Evangélico" em detrimento do Estado Laico?
Pois é... Esses avanços a gente enxerga que acontece um pouco, mas acaba não superando toda essa laicidade existente. As próprias marchas (religiosas) não têm significado, eles fazem marcha para louvar a Deus e não para propagar o amor. São marchas para retirar o direito da população LGBT. São marchas homofóbicas. Mas o pior é que não há nenhuma reação... A homofobia corre solta em nome das religiões e ninguém faz nada. Eles falam em liberdade religiosa, mas na verdade atuam em detrimento de uma parcela da população.

Eles adoram falar "respeitamos o pecador, mas não aceitamos o pecado"...
Mas não existe pecado sem pecador.

As bancadas religiosas são constitucionais?

Elas não existem enquanto bancadas. Não existe uma Frente Popular Evangélica. Eles se unem, são articulados, têm dinheiro, dominam um grande espaço nos meios de comunicação. Há um avanço do fundamentalismo religioso no mundo. Isso é um retrocesso, é uma afronta à Constituição, assim como é uma afronta à Constituição ter crucifixo nos tribunais, nas câmaras. O crucifixo faz propaganda de um crime hediondo, que é a morte por crucificação. Os símbolos religiosos têm de ser retirados em nome do Estado Laico.

Fonte: A Capa

Por que os cristãos devem defender os direitos dos homossexuais



Existe uma certa tradição no cristianismo que consiste em negar a sexualidade. Essa tradição não é, de maneira nenhuma, “correta”, “divina” ou “bíblica”. É uma tradição espúria, um ascetismo que pode ser creditado às influências de religiões muito mais antigas que o cristianismo.

Essa tradição pode ser creditada em parte a Agostinho de Hipona, também conhecido como Santo Agostinho, o mais importante dos chamados “pais da igreja”, e certamente uma das maiores colunas daquilo que se entende por ortodoxia cristã. Para ele, o “pecado original” tinha conotação sexual, e vinha transmitido de Adão para toda a raça humana quase como uma doença venérea que passa de pai para filho. Tal tradição associou-se fortemente à noção de perdição-salvação que formou a base de uma teologia que tem pouco de cristã, se pensarmos essa palavra como relacionada ao ministério de Cristo.

Os principais personagens bíblicos sobre cujas vidas sexuais há algo mencionado nos relatos não são exatamente os bons exemplos de “virtude” e “pureza” que hoje certos grupos identificam como qualidades cristãs. A ideia de controlar a sexualidade das pessoas não tem nada de “bíblica” ou “cristã”. Não há por que imaginar que um adulto não possa decidir quem ele quer beijar, em que posição ele quer transar, com que tipos de roupas ou apetrechos, ou quaisquer outros detalhes que não vou mencionar aqui.

Os limites da sexualidade moralmente aceitável devem ficar claramente dentro daquilo que podemos definir como ética cristã: a inexistência de violência, o respeito ao próximo, a compreensão, o amor, o carinho. Fatores que certamente não excluem as relações homoafetivas — e, por outro lado, não podemos deixar de lembrar que certamente estão ausentes em diversos casais heterossexuais.

Dificilmente alguém poderia usar de argumento teológico ou mesmo do relato bíblico para condenar condutas sexuais consentidas entre adultos. Trata-se, na verdade, de outras questões, muito mais mesquinhas.

Os judeus tinham suas regras muito claras, que incluíam o apedrejamento de mulheres adúlteras. É fácil lembrarmos de como Jesus trata desses casos no relato dos Evangelhos. Estão lá essas mulheres sendo defendidas pelo Mestre em histórias narradas no capítulo 8 do Evangelho de João, no final do capítulo 7 de Lucas, ou no capítulo 4 de João.

Jesus estava pronto a apontar a incoerência dos homens religiosos de seu tempo, que estabeleciam suas hierarquias de pecado conforme certos interesses. O que nos mostra que a moral sexual que os religiosos arrotavam não era nada de origem divina. Era mera formalidade, coisa para estabelecer que uns seriam melhores que outros, exatamente o tipo de estereótipo que o Cristo sempre se dignou a quebrar.

Em tempos posteriores, pensou-se que o fato de o relato dos Evangelhos não descrever que Cristo tivesse se casado devesse ser tomado como exemplo de santidade, reforçado pelo exemplo do apóstolo Paulo. Assim, surgiu o monasticismo cristão, e a noção de que uma vida sem sexo era uma vida livre de pecado. Os seres melhores e mais santos seriam aqueles que não copulavam (a verdade é que muita coisa sempre aconteceu dentro dos mosteiros, mas vamos tomar a inocência por admissível). Os mais fracos seriam os que não resistiam ao “desejo da carne” e mantinham a procriação da espécie. Entretanto, o ato não poderia ser tomado como fonte de prazer, especialmente pelas mulheres – que deveriam ter o exemplo de Maria como máximo. Engravidar e dar a luz sem ter transado tornou-se o inatingível ideal a ser perseguido.

O celibato se impôs como necessidade econômica no momento em que a produção coletiva dos mosteiros era capaz de fazer a diferença entre a vida e a morte de populações em vastas regiões da Europa e do Oriente Médio. O clamor pelo celibato vinha do povo para os clérigos, pelo exemplo que contrastava a vida corrupta dos bispos “seculares” em comparação aos homens santos dos mosteiros.

De modo semelhante, a família nuclear burguesa pareceu o melhor arranjo ao mundo das transações comerciais urbanas, enquanto desarranjos sexuais podiam pôr a perder a economia e subsistência da população. No mundo urbano que se desenhava na Europa do século XVI, uma das principais medidas das reformas religiosas que sacudiram o continente junto com revoluções políticas foi a abolição do celibato e do monasticismo, e o surgimento de uma teologia da família. A necessidade da existência da família nuclear como modo de fazer frente às necessidades produtivas da vida moderna talvez tenha feito com que os hábitos sexuais continuassem sendo tão vigiados.

Não existe mais necessidade disso, entretanto o cachimbo faz a a boca torta. Ninguém é capaz de dar razão plausível, mas a condenação de certas condutas sexuais é hábito arraigado. Isso leva pessoas a agredirem outras na rua por expressão de afetividade que julgam não tolerável. O mesmo tipo de reação condicionada, irrefletida e brutal, leva ao clamor que faz com que líderes religiosos mais interessados em serem bem vistos por seu público alvo do que em manterem-se fiéis à Verdade são capazes de bradar de seus púlpitos contra as condutas sexuais que são julgadas intoleráveis.

Os jovens devem-se resguardar do sexo, bradam pastores e padres. O sexo é só para casados, seguem os inquisidores. Só pode ser heterossexual, normatizam os que se arrogam a posição de líderes do rebanho. E assim barram-se no Congresso brasileiro as leis que punem a violência contra homossexuais. “É para defendermos a lei de Deus”, argumentam os falsos pastores. Deveriam dizer: “É para podermos continuar usando a violência verbal, institucional e física para coagir a obediência às nossas leis, que as fazemos e colocamos na boca de Deus”.

E barram-se as iniciativas para que a afetividade homossexual possa ser discutida na escola. E segue-se usando a intolerância contra decisões de foro individual – achamos que temos o dever de bater, prender, internar, condenar quem usa roupa assim ou assado, fuma isso ou aquilo, transa desse jeito ou daquele, com essa pessoa ou com aquela.

Nada mais tolo, desumano e injusto. Obviamente não há nada de cristão em praticar ou defender este tipo de violência insana. Defender o direito de cada um à expressão de sua própria sexualidade é uma obrigação moral e, como tal, uma ordem de Deus. Não há mais o que esperar: nós, cristãos, devemos tomar posição a respeito.

Fonte:
Amalgama
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