quinta-feira, 10 de julho de 2014

Afinal, o que há dentro do armário?



Do nosso amigo Murilo Araújo

"Assisti esse vídeo inteiro chorando, sentindo muito a tristeza de ver, mais uma vez, que tantas pessoas ainda precisam esconder quem elas são. Fico revisitando um pouco a minha própria trajetória: comecei a pensar na minha sexualidade no dia em que um amigo, muito querido, me perguntou quais eram os meus medos (e eu não tenho certeza se ele sabia do que estava falando). Pensando muito, me dei conta de que os meus medos eram a minha família, os meus amigos, minha Igreja... um pouco do que essas pessoas dividem nesses depoimentos. E isso carrega um sofrimento muito grande, porque esses são exatamente os lugares de onde a gente mais espera amor, acolhida e segurança. Quando a nossa sexualidade surge como um elemento pra gente, a sensação é de estar sozinho, sem chão, e isso dói. Quando alguém diz que nem todo mundo precisa sair do armário, é porque nunca esteve dentro de um, não sabe a violência que ele representa.

No final, a gente fica com vontade de abraçar cada um desses meninos (principalmente o Luiz), pra dizer 'calma, vai ficar tudo bem, a gente tá aqui', e fazer alguma coisa pra isso tudo acabar. Tem que acabar. Pouco adianta eu estar bem aqui hoje, sem o meu armário, se tanta gente aí pelo mundo ainda tem que enfrentar isso."

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Drag Queen de Seatle enfrenta protestos anti-gay que tentavam atrapalhar o início da Parada do Orgulho Gay





Por Jonathan Higbee, 01 de julho de 2014

Antes de me mudar para Seattle há um ano, fui conhecer um “brunch” dominical animado por uma drag no fim de semana em que eu e meu companheiro estávamos na cidade procurando um lugar para morar. Mama Tits, uma estrela-ícone de Seattle como eu viria a saber depois, era a âncora do brunch no Unicorn e uma das principais influências que tive com relação à decisão de ir morar lá; é durona como um prego mas também uma bicha histérica, que adora beber e tem um coração de ouro. Quando a vi na Parada que rolou no fim de semana depois de meses, sua efervescência e cuidado em relação à comunidade LGBT estavam plenamente à vista. Não imaginava que sem seu tenso enfrentamento aos que faziam protestos contra os gays e tentavam atrapalhar a Parada, ocorrido um pouco antes naquele mesmo dia, o evento teria atrasado muito e tumultuaria a programação.

Mama Tits descreveu com detalhes a situação para o site Seattle Gay Scene:

“Eu os vi subindo a rua antes da Parada e olhei para a Sylvia e a DonnaTella e disse, ‘Queridas, vamos fazer uma muralha!’ Antes que eu me desse conta, lá estava eu enfiando minhas tetas no nariz do líder deles que falava no megafone. Eu tinha a sensação de ter a força de todas as pessoas que já foram feridas por estes caras, uma energia que me apoiava e me fortalecia! Eu já estava quase entrando no piloto automático dos tempos em que eu era uma Sister of Perpetual Indulgence ["Irmã da Indulgência Perpétua" – referência a um grupo de "freiras" queer de São Francisco]. Me plantei no caminho dele e dali não me mexia. Quando ele passava por mim, eu voltava a ficar na frente dele diversas vezes. Encarava-o olhando no fundo dos seus olhos e dava pra perceber que havia dor no seu olhar, notava-se que estava assustado e não era pra menos. Ele tentou me bater com seu cartaz, mas como diz a Bianca Del Rio, 'Hoje não, Satanás!'

"Empurrei o cartaz para afastá-lo do meu rosto e do meu cabelo, porque, por favor, NÃO ENCOSTE no meu cabelo. E, era tudo o que podia fazer para NÃO ficar violenta e não fiz porque uma vez que isso acontece, todo mundo sai perdendo. Tentaram me cercar como uma tática de intimidação, mas convenhamos, eu sou IMENSA e aquilo não funcionou de jeito nenhum! A polícia veio até mim e pediu que os deixasse passar e ainda me disseram para não aborrecê-los e ainda me disseram que não deixasse que eles me irritassem. Disse aos guardas que não estava irritada, mas que IRIA me defender se fosse atacada e eles tinham que tirar aqueles caras da Parada. Então eu caminhei e peguei meu microfone e comecei a chamar a atenção das pessoas ao redor. Queria que fizessem uma grande e alegre algazarra para abafar o ódio… e, cara, foi o que fizeram! A multidão fez as paredes tremerem na esquina das ruas 4 e Pine!

"Um pouco depois de eu ouvi-lo citar o Levítico, eu declamei de volta todas as outras partes que ele estava deixando de lado para mostrar o quanto ele era hipócrita. É sempre interessante como esses malucos religiosos deturpam TUDO o que está na Bíblia e a distorcem à vontade para disseminar ÓDIO, quando tudo o que estão fazendo é na verdade demonstrar sua ignorância. Gritei, ‘Você NÃO TEM PODER aqui, suma antes que alguém atire uma casa sobre VOCÊ!’ Depois dele sairem acompanhados do itinerário da parada, percebi o quanto aquilo tinha me afetado. Estava tremendo e à beira de lágrimas, porque quando as pessoas cegamente odeiam e pregam esse ódio em público como fazem esses caras, eles não têm a menor consideração pela vida das pessoas que eles estão atingindo. "Há pessoas que tiram a própria vida por causa deste tip de ÓDIO, há pessoas que são ASSASSINADAS por causa deste tipo de ÓDIO. E eu só quero dar um basta a isso! Se esses instigadores do ÓDIO abaixassem seus cartazes e abrissem suas mentes e se ARREPENDESSEM de seus julgamentos, talvez então pudessem encontrar alegria e felicidade tornando-se parte da festa, ao invés de ser parte do Inferno.”

Fonte

Tradução: Lula Ramires

terça-feira, 8 de julho de 2014

Garotos e garotas lindas que só precisam ser amados...


O autor deste emocionante depoimento (e, caso queira ler mais depoimentos, há uma série deles na tag "gay e cristão", aqui) nos enviou, para compartilharmos com vocês, esta carta que lhe foi enviada por sua mãe. Que suas palavras possam inspirar outras famílias, e que possam alimentar nossas esperanças na caminhada.

Hoje, 25 de junho de 2014, às 15:00h, hora da misericórdia, tive uma conversa muito sincera, tranquila e especial com o meu filho mais velho. Os amores da minha vida, na verdade, são dois: ele e seu irmão, as pérolas que Jesus me concedeu...

Mas, nessas linhas, quero me expressar sobre a conversa que tive com o meu filho mais velho, de 23 anos. Entre sorrisos e lágrimas, ouvi o que há muito tempo esperava ouvir de sua boca. E com muito amor, carinho e compreensão, graças a Deus, pude acolher o que o meu filho tinha para me falar. Claro que o ajudei, pois para ele foi muito mais difícil, mas com toda delicadeza e cuidado, como sempre, ele me disse: “mainha, eu sou gay”.

Hum... Olhei para aqueles olhinhos cheios de lágrimas e disse: “filho, mainha já sabe”, dei um forte abraço no meu João e disse-lhe: “você é o meu filho amado, aquele que Jesus com sua infinita misericórdia me deu. E eu sou a mãe mais feliz do mundo por ter você como filho. Filho que nunca me deu trabalho, e sim muitas alegrias”. Enxuguei seus olhinhos com cheirinhos e o lembrei do quanto ele me fazia bem. Fiz questão de repetir o que sempre disse a ele: “Você é uma pessoa incrível, de caráter muito íntegro, e de um coração tão grande que não sei como cabe em você”

Filho, você me mostrou com sua vida e dignidade o respeito para com os outros, o amor e, principalmente, o objetivo de ser um homem de Deus, tornando o caminho de quem passa por você mais florido e esperançoso.

Quero te agradecer, meu amor, por todos os momentos em que você foi tão generoso comigo, você é um filho que toda mãe gostaria de ter, mas quem tem sou eu...

Queria muito que todas as mães de filhos gays pudessem te conhecer e conversar um pouquinho com você.

Quem sabe as que ainda não conseguem abraçar os seus filhos, fossem abraçadas por ele e, daí, começassem a amar os seus filhos como eles são: garotos e garotas lindas que só precisam ser amados. Quero te deixar aqui, nessas linhas, uma palavra de sua mainha: enquanto vida eu tiver e por onde quer que eu vá, sempre defenderei essa causa com toda a força do meu coração!

Te amo, te amo, te amo...

Sua mainha

P.S: Cheirinhos nos olhos, meu menino mais lindo do mundo!

segunda-feira, 7 de julho de 2014

“Tua fé te salvou”: I Encontro Nacional de Católicos LGBT


Queridos amigos,

é com grande alegria que convidamos a todos para nosso próximo evento aberto, o I Encontro Nacional de Católicos LGBT, a se realizar no sábado, dia 26 de julho, de 13h30 às 17h, na UNIRIO (Auditório Paulo Freire do Centro de Ciências Humanas e Sociais/CCHS: Av. Pasteur, 458, em Botafogo/Urca, próximo ao shopping Rio Sul).(Veja como chegar: aqui)

Estaremos com nossos grupos irmãos de São Paulo, Brasília, Recife/Olinda, Belo Horizonte, Curitiba e Ribeirão Preto (SP), em uma tarde de encontro, partilha e troca de experiências dos católicos LGBTs brasileiros: quem são, como vivem sua identidade religiosa, como sentem a comunidade da qual fazem parte e como se dá sua atuação através dos vários grupos leigos organizados.

Vamos aproveitar para celebrar um ano do evento que realizamos durante a JMJ 2013, "O Jovem Homossexual na Igreja: I Encontro de Relatos e Experiências" (saiba mais aqui) e fazer um balanço de nossa caminhada com a Igreja.

A entrada é franca, sujeita apenas à lotação do espaço, e você será muito bem-vindo. Compareça! Será um prazer passar esse dia com você.

Confirme sua presença na página do evento no Facebook (aqui) e fique ligado nas novidades!

 Clique na imagem para ampliar

Programação:

13h30: Chegada e acolhida
13h45: Abertura
13h50: Abertura e apresentação: homoafetividade e fé cristã
14h10: Apresentação e breve história de cada grupo
15h10: Intervalo
15h20: Microfone aberto para depoimentos, dúvidas, partilha e discussão.
16h30: Encerramento
16h40: Lanche e confraternização


Sobre o Diversidade Católica e outros grupos de Católicos LGBT organizados no Brasil:

Somos um movimento de gays católicos praticantes que buscam conciliar as duas identidades: homossexual e religiosa. Procuramos, dentro do diálogo franco, caminhar junto à Igreja Católica, respeitando e reconhecendo sua liderança no papa Francisco, refazendo a ponte entre a comunidade homossexual e a Igreja, tendo como diretriz a certeza de que a mensagem do Evangelho é para todos e que não pode haver exclusão de qualquer forma dentro da expressão de fé.

O Diversidade Católica do Rio de Janeiro, que conta atualmente com mais de 200 membros, foi criado em 2007. De lá para cá, surgiram grupos-irmãos em São Paulo (Grupo de Ação Pastoral da Diversidade), Brasília, Recife/Olinda (Pastoral da Diversidade - Pernambuco), Belo Horizonte, Curitiba (Diversidade Católica do Paraná - DCPR) e Ribeirão Preto (Diversidade Católica de Ribeirão Preto (SP) e Região - DCRP), além de outros em formação. 

O batismo imprimiu em nós a marca indelével do pertencimento à Igreja de Cristo; por isso, almejamos a acolhida e reintegração de católicos LGBT que, por qualquer motivo, se sentiram excluídos da Igreja mas sentem o desejo de retornar à comunidade.

Os grupos mantêm encontros presenciais regulares e atuam também virtualmente. O Diversidade Católica do Rio de Janeiro, que realiza este primeiro encontro, está presente na internet através do blog [www.diversidadecatolica.blogspot.com.br], do site [www.diversidadecatolica.com.br] e do Facebook [www.facebook.com/diversidadecatolica].

Valores que norteiam nossa atuação:
1. Dignidade. Todas as identidades e orientações sexuais gozam de igual dignidade.
2. Perseverança. Somos cientes das provações do caminho e nos mantemos fiéis à missão.
3. Fraternidade. Somos uma comunidade cujos membros se ajudam mutuamente.
4. Tolerância. Estamos abertos ao diálogo com outros pontos de vista.
5. Fidelidade. Somos membros inalienáveis da Igreja Católica Apostólica Romana.
6. Caridade. Ajudamos o desenvolvimento pessoal dos nossos membros e da comunidade externa.
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