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sábado, 29 de agosto de 2015

Eu sou lésbica!

Nesse dia importante de enfrentamento do desafio da invisibilidade, publicamos aqui um texto bonito e sensível enviado pela nossa amiga Andréa Balsan.

Todo nosso apoio e solidariedade às nossas irmãs, mulheres lésbicas!


Sinto-me corrompida em um mundo que me transforma em fetiche e demônio.
Muitas vezes sou só mais uma mulher invisível, algo a ser cobiçado pela falta de harmonia.
Matam, surram, abusam.
Me chamam de caminhoneira, sapatão, alguém possuído.
Mas sou só uma mulher.
Se corto o cabelo, se uso roupas diferentes...
Só penso em amor.
Homens, mulheres, poetas de todos os tipos, olhem os meus olhos!
Olhem em minha alma!
Vejam:

Eu sou lésbica!

E sou amiga, filha, trabalhadora, vizinha, irmã, mãe, companheira, namorada.

Eu sou lésbica!

Então não me vejam por estereótipos.
Vejam quem eu sou.
Ser humano como você.
Alguém que vive, sonha. E ama.


domingo, 10 de agosto de 2014

Não basta só ser pai

- Desculpe, Jesus, acho que sou gay.
- Relaxa, cara, eu já sabia muito antes de você.

É dia dos pais e sabemos que não existe uma família igual a outra. Cada uma tem uma história, cada pessoa vive uma situação única. Mas uma coisa nos une e irmana a todos: o amor incondicional e irrestrito do Pai Amoroso que está sempre de braços abertos para nos acolher e em quem sempre encontramos um colo receptivo onde repousar nossa fadiga e recuperar forças. Ele tem sempre o Pão da Vida para alimentar os famintos e curar nossas feridas.

"E agora, eis o que diz o Senhor, aquele que te criou e te formou: Nada temas, pois eu te resgato, eu te chamo pelo nome, és meu. Porque és precioso a meus olhos, porque eu te aprecio e te amo, permuto reinos por ti, entrego nações em troca de ti. Fica tranqüilo, pois eu estou contigo." (Isaías 43:1-5)

E, para celebrar a data, compartilhamos aqui mais este lindo vídeo do pessoal do Põe na Roda, de quem a cada novo lançamento nos tornamos mais fãs.


quinta-feira, 19 de junho de 2014

A festa do corpo


Corpus Christi é a festa em que a Igreja Católica celebra a instituição do sacramento da eucaristia. No século 13, Santa Juliana, francesa, viu em sonho, aos 16 anos, a Lua com pequena mancha escura. Interpretou como sendo a Igreja iluminada por suas festas e, a mancha, sinal da ausência de data dedicada ao Corpo de Cristo.

O cristianismo é a religião do corpo, malgrado as sequelas platônicas. No Credo, proclamamos nossa fé, não na ressurreição da alma ou do espírito, mas na “ressurreição da carne”.

A cultura da morte faz do corpo objeto de sujeição. A pessoa é reduzida à força de trabalho. Suga-se de seu corpo toda a vida, sem que lhe pague o salário justo para que possa florescer em sua potencialidade espiritual: cultura, lazer, criatividade.

Tais direitos ficam restritos àqueles que podem gravitar em torno do culto hedonista do corpo. Há um infindável estímulo consumista para exaltar a estética do corpo: publicações, cosméticos, academias de ginásticas, cardápios diet etc.

A cultura da vida sacraliza o corpo. Para Jesus, ele é morada de Deus. A própria divindade se faz corpo no homem Jesus. A quem lhe indagou o percurso para a vida eterna (o doutor da lei, Zaqueu, Nicodemos etc.), Jesus respondeu com ironia.

A quem lhe pediu vida nesta vida, um corpo saudável como expressão do dom maior de Deus, Jesus atendeu com amor: o cego que pediu a cura para recuperar a visão, o paralítico que desejou andar, a mulher atormentada pela hemorragia, o homem da mão seca que suplicou por saúde.

Jesus restaurou corpos (milagres); alimentou corpos (partilha dos pães e dos peixes); celebrou corpos (bodas de Caná e o Reino de Deus comparado a banquetes).

Uma sociedade que segrega corpos pela cor da pele ou submete-os por relações injustas de trabalho é contrária aos princípios do Evangelho.

O corpo de Deus, em Jesus, é rejeitado, difamado, preso, condenado, torturado, crucificado. Contudo, "no primeiro dia da semana", seu corpo ressuscitou, primícia e promessa de que nossos corpos haverão de vencer a morte.

Jesus permanece entre nós na forma de pão. Todo pão que se partilha é eucaristicamente dotado de presença divina. Pães materiais — salário digno, emprego, direitos reconhecidos; e pães simbólicos —, o gesto de carinho, a solidariedade, o amor.

Nosso corpo traz a história do Universo. Todas as células foram tecidas por moléculas feitas de átomos engendrados no Big Bang e cozinhados no calor das estrelas. Somos feitos de matéria estelar. Na intimidade atômica, cada partícula é também onda, como se a natureza risse de nossa lógica cartesiana incapaz de apreender que toda matéria, inclusive o nosso corpo, é energia condensada.

Espírito não é algo que se opõe à carne, mas sua expressão mais profunda e luminosa. É fantástico que a própria natureza, em trajes bordados pela química e em baile ritmado pela física, tenha aflorado em seres dotados de inteligência capaz de decifrar os seus enigmas e apreender o seu sentido.


- Frei Betto

Fonte

Para sempre


A liturgia, na sequência do Tempo Pascal, faz questão de celebrar na semana depois da Santíssima Trindade, uma grande festa da Eucaristia: a festa do Cristo que se dá em alimento para a felicidade de seus irmãos.

A reflexão é de Marcel Domergue, sacerdote jesuíta francês, publicada no sítio Croire, comentando as leituras da Festa do Corpo e Sangue de Cristo (quinta-feira, 19 de Junho de 2014). A tradução é de Francisco O. Lara, João Bosco Lara e José J. Lara.

Eis o texto.

Referências:
1ª leitura: Deuteronômio 8,2-3.14-16
2ª leitura: 1Coríntios 10,16-17
Evangelho: João 6,51-58

Para além do rito

Seja na 1ª leitura, que fala do maná e da água do rochedo, seja na Carta de Paulo ou no capítulo 6 de João, em nenhum lugar encontramos a ideia de «adoração do Santo Sacramento». O pão e o vinho da Eucaristia não estão aí para serem olhados, mas para serem compartilhados e consumidos. Repetindo, a presença de Deus e do Cristo é «presença real» e permanente, em todas as coisas. Presença esta que se torna eficaz, operativa em nós, quando aceitamos nos reunir, fazendo-nos um só, em seu nome (Mateus 18,20). É isto mesmo o que se passa quando fazemos a Eucaristia, mas devemos compreender que o «sacramento» significa, convoca e sustém o que temos que viver por todo o tempo. O «fazei isto em memória de mim» não se refere apenas a um rito, mas à reprodução ao longo de nossas existências do dom de si mesmo que o Cristo nos fez. Que fique bem entendido, este dom da nossa vida para os irmãos não assume sempre a forma de uma paixão corporal e sangrenta, mas sempre passa pela crucifixão dos nossos egoísmos e das nossas vontades de possuir e dominar. Uma descoberta a ser feita: a alegria incomparável de uma nova vida que vem habitar todos os que escolhem reproduzir da forma que for a atitude doCristo «dando sua vida pelos seus amigos». Por isso a forma ritual da memória da Paixão e Ressurreição do Cristotoma o nome de «Eucaristia», ou seja, «ação de graças».

Mas, então, por que o rito, o "sacramento"?

Esta questão se põe, de fato, e explica um pouco porque hoje muitos crentes desertam de nossas Eucaristias. Quando alguém aceita passar por algum detrimento para que outro possa viver, o Cristo está aí, mesmo se não é nomeado e, até mesmo, no limite, se sequer é conhecido. Este exatamente é o caso da viúva de Marcos 12,41-44: deu para o Templo «tudo o que tinha para viver». Sim, talvez pudesse encontrar melhor destinatário, mas na verdade também o Templo é uma figura do Corpo do Cristo. Muitas são as razões para a celebração do sacramento, sejam quais forem. Primeiro, o que o Cristo fez na última Ceia traz já um caráter ritualístico: através da partilha do pão e do vinho, significando o dom de sua carne e do seu sangue, é que o fato se dá. É uma antecipação que vai tornar os discípulos parte interessada nos acontecimentos da Páscoa. Já para nós que viemos depois esta antecipação dá lugar a uma re-atualização, mas, por ela, também nós seremos integrados ao dom da sua vida que o Cristo nos fez. O rito é a linguagem, a proclamação pública do que consideramos primordial e que temos de fazer o mundo saber, pois que se refere também a ele, bem entendido. Mas é preciso acrescentar que o desprezo ao mandamento doCristo, ao «fazei isto em memória de mim», no que se refere também ao rito, nos destina ao esquecimento (que é o contrário da memória). Ao fim de certo tempo, a Páscoa, o Evangelho e o próprio Cristo acabam saindo das nossas vidas e dos nossos espíritos.

"Eu sou o pão da vida vindo do céu"

Tem mais: a convergência dos crentes para celebrar o sacramento significa a sua unidade. E ela mesma produz esta unidade. Lembremos que, para santo Agostinho, o corpo que põe no mundo o sinal sacramental (todo sacramento é «sinal sensível») é, enfim, este corpo que chamamos de Igreja. A eficácia do sacramento não é mágica: ela se faz pela nossa adesão livre ao dom de si mesmo que o Cristo nos faz, entregando-nos a sua vida. «Nós comemos deste pão.» Isto que Jesus fez na Páscoa torna-se a nossa Sabedoria, a nossa «filosofia», a nossa razão de viver. E se nos rendemos à Missa, é porque esta escolha do amor não vem de nós mesmos: não podemos produzir este pão porque ele não vem da terra. Na linguagem bíblica (1ª leitura e evangelho) se diz que ele «vem do céu», ou seja, desta presença que, mesmo se inacessível aos nossos sentidos, nos envolve, nos habita e nos faz existir. Este “outro” do mundo, de nós mesmos e de tudo o que podemos produzir abre as nossas vidas, arranca-nos das nossas escravidões, das nossas solidões e dos nossos fechamentos em nós mesmos. Da fé neste «outro lugar» e neste «outro modo de ser» é que nasce a esperança. E aqui estamos nós, abertos que estamos já, e em condições de encarnar o amor que nos faz ser. O pão e o vinho que recebemos permitem que nos tornemos no pão que, por nossa vez, podemos dar também. Assim o «pão do céu» pode tornar-se o pão da terra.

Fonte

quinta-feira, 8 de março de 2012

A oração das mulheres

Imagem daqui

A dimensão feminina na oração ecumênica: na última sexta-feira, 2 de março, celebra-se em todo o mundo a jornada de meditação que une cristãos de diversas tradições.

A reportagem é de Maria Teresa Pontara Pederiva, publicada no sítio Vatican Insider, 01-03-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto, aqui reproduzida via IHU.


Em antecipação ao tradicional Dia da Mulher, celebrou-se neste ano, no dia 2 de março, o "Dia Mundial de Oração das Mulheres", uma iniciativa que tem suas origens no século XIX, quando grupos de mulheres de fé protestante dos Estados Unidos e do Canadá haviam iniciado atividades comuns em prol de muitas mulheres em dificuldade, tanto em sua pátria quanto no exterior. Logo, seguiu-se a ideia de um dia unitário dedicado à oração "das" e "pelas" mulheres, depois fixado para a primeira sexta-feira do mês de março.

Embora em diferentes partes do mundo a ideia já havia sido acolhida até por grupos no âmbito católico, foi apenas em 1969, depois da abertura ecumênica do Concílio, que a União Mundial das Organizações Femininas Católicas encorajou abertamente as mulheres católicas de todo o mundo a participar.

No dia 2 de março, pelo menos três milhões de mulheres de todo o mundo tomaram parte de uma oração coral, desta vez inspirada pelos habitantes da Malásia sobre o tema Let justice prevail ("Que a justiça prevaleça"). Quase 180 países contaram com grupos de mulheres pondo-se em ação para uma sensibilização que não conhece barreiras de idade nem de condição social.

É único o objetivo plasticamente representado no logotipo de 2012, idealizado pela malasiana Hanna Cheriyan Varghese, esposa, mãe e avó, além de professora de artes plásticas e artista de grande valor, falecida há três anos: um grupo de mulheres que ajuda uma outra a se levantar e pôr-se de volta em pé.

Porque era exatamente esse o propósito da jornada de oração: contribuir para que as muitas situações – muitas vezes dramáticas e ainda mais escondidas ou esquecidas – de injustiça, marginalização e degradação às quais são forçadas as mulheres de muitos países do mundo possam finalmente ter fim ou pelo menos tomar o caminho de uma resolução.

"É uma liturgia mundial que só pode provocar o desejo de participar", escreve o dominicano Alberto Simoni, no sítio Koinonia, citando amplas passagens da celebração proposta e das motivações.

As mulheres malaias escreveram: "No dia 2 de março, buscaremos trabalhar com Deus e entre nós para criar um mundo em que sejam honrados o sexo, a raça, a cultura, a religião e o Estado".

Se as neurociências nos revelam que o cuidado pelos semelhantes é uma característica da outra metade do céu, as mulheres do movimento nos dão um exemplo de como pode se alargar o coração que bate para ajudar o próximo, quem quer que seja. Não se reza apenas pelas mulheres, mas por todos, pelo mundo inteiro. Surge claramente a mensagem de que é preciso coragem, empatia, compaixão para que a justiça possa despontar no mundo de hoje.

"Senhor, viemos diante de vós para pedir misericórdia e para vos pedir que cuide dos nossos sofrimentos. Ao nosso redor, vemos injustiça e maldade. Vimos surgir a violência para sedar as diferenças, tanto no âmbito político quanto religioso. As vozes em favor da verdade e da justiça foram silenciadas; a corrupção e a ganância ameaçam o caminho da verdade. Confessamos a falta de consciência e de interesse por essas injustiças. Perdoai-nos porque muitas vezes somos relutantes a denunciar situações difíceis da sociedade, sabendo que essa atitude traz indiferença às vítimas de leis injustas, àqueles que estão sujeitos aos opressores, àqueles que são privados de direitos e de dignidade, àqueles que são destruídos no corpo, na mente e no espírito": essa é a confissão das mulheres que se faz oração de invocação a um Deus que é acima de tudo justiça.

Não falta nem uma invocação pelos governantes de todas as nações: "Dai-lhes sabedoria para reconhecer o que é certo. Dai-lhes compaixão e força de vontade para fazer a tua vontade. Dai-lhes amor pela verdade e pela justiça. Dai-lhes o temor de Deus e fazei com que trabalhem pela justiça de todo o povo".

Mas as mulheres – especialmente aquelas que vivem em países em desenvolvimento, muitas vezes carregadas de trabalhos extenuantes a nós desconhecidos – certamente não estão sem fazer nada, e declaram todos o seu compromisso para alcançar o objetivo. Agradecidas ao Senhor que as criou, querem se tornar instrumentos de paz e reafirmar com coragem que irão contribuir, de todos os modos, para melhorar as condições da sociedade em que vivem, começando pelas suas famílias, pelos locais de trabalho e também pelas comunidades cristãs de origem, que deverão vê-las na primeira linha, ativas para denunciar a injustiça e promover a paz, a tolerância e a dignidade. Quase como um círculo destinado a se expandir e do qual é quase impossível ficar de fora, sem excluir ninguém.

Mais subsídios, em inglês, estão disponíveis aqui.
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