quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Jesus chorou


Jesus, às vezes, deve sentir vergonha ao se ver associado a pessoas que se dizem suas seguidoras.
Jesus sempre pregou a compaixão e a aceitação dos marginalizados do seu tempo, daqueles condenados pelas autoridades religiosas e seculares.
Ele reservou suas maiores críticas aos que se diziam religiosos, mas não amavam os marginalizados.
Jesus ficaria chocado com a maneira como religiosos estão condenando a ENDA (legislação que proíbe que a uma pessoa seja demitida por ser LGBT). Líderes de denominações religiosas, inclusive, a Conferência dos bispos americanos (conforme postado aqui no blog), estão propondo tantas exceções que a legislação perderia sua eficácia.
A Conferência dos Bispos Americanos alegou que a discriminação contra a orientação sexual e a identidade de gênero é essencial para a liberdade religiosa dos católicos. 
Como membros de uma igreja dedicada a servir Jesus que demonstrou compaixão por todos os marginalizados, pode pedir ao Governo que esteja isenta de uma legislação que protege os direitos da população LGBT mais vulnerável e marginalizada? [Contrariando a mensagem de compaixão do Papa Francisco].
Como podem ser abertas exceções às mensagens de Jesus de "amar os seus inimigos", "amar o próximo como a si mesmo" e "amar aos outros como Eu vos amei"? E ainda por cima, querer justificar isso através da própria religião?
O versículo que possivelmente melhor descreve a resposta de Jesus diante dessa situação é: "Jesus chorou."
Reverendo Gene Robinson
Tradução e adaptação: Hugo Nogueira
Imagem: Salvador Dalì




Compaixão


Papa Francisco dá mais um sinal de sua grande compaixão acariciando um homem que sofre de Neurofibromatosis.

No twitter do Papa foi publicada a mensagem: "O verdadeiro poder é o serviço. O papa deve servir a todas as pessoas, especialmente, os pobres, os fracos e os vulneráveis."

Trad. Hugo Nogueira

Fonte

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Bispos Americanos na contramão


Na contramão das reformas propostas por Francisco, a Conferência Nacional dos Bispos Americanos escreveu uma carta ao Senado condenando a aprovação de legislação contra discriminação no ambiente de trabalho. 

Tradução: Hugo Nogueira



Ordenação de mulheres


As reformas propostas por Francisco levantaram a possibilidade de que mulheres possam ser ordenadas cardeais. 

Nesse caso, quais as mulheres tem mais chance de serem as primeiras? Segundo uma lista do jornal The Guardian, elas são:

Linda Hogan do Trinity College de Dublin

Mary McAleese, ex-presidente da Irlanda

Lucetta Scaraffia, acadêmica romana que lançou um suplemento feminino no L'Orssevatore Romano com a benção do Papa

Irmã Teresa Forcades

Ana Cristina Betancourt, líder da seção feminina do Conselho Pontifício de Leigos. 

Tradução e adaptação: Hugo Nogueira

The Guardian

Foto: Ana Cristina Betancourt


Túmulo de jovem gay assassinado cruelmente vira santuário no Chile


A gaveta temporária que abriga o corpo de Daniel Zamudio no Cemitério Geral de Santiago está coberto de frases como "Dani lindo, anjinho bonito, cuide de nós", ou "Daniel, onde estiver, rogue por nós. Respeito para você", "Cuide de nós e nos liberte, nos ajude a seguir em frente".
O jovem morreu em 2012 aos 24 anos, depois de ser atacado por quatro homens em um parque no centro da capital chilena. De acordo com o veredito dado em outubro, os agressores agiram com "crueldade extrema e total desprezo pela vida humana".
A comoção causada pelo crime levou à aprovação de uma lei contra a discriminação que leva o nome de Zamudio. No entanto, esta lei não tem aplicação retroativa.
Por isso, os agressores responsáveis pela morte de Zamudio não enfrentarão o agravante de discriminação pela condição sexual. A promotoria pede penas que variam entre oito anos e prisão perpétua para os agressores e a condenação deve ser determinada no dia 28 de outubro.

Entre outros golpes, os agressores acertaram Zamudio com os chutes, socos, cortes e queimaduras, desenharam suásticas no abdome da vítima com cacos de vidro e, com uma pedra de oito quilos, fraturaram a perna direita de Zamudio.
O jovem foi encontrado por um guarda na manhã do dia 3 de março de 2012. O guarda declarou que "nunca havia visto uma agressão tão brutal". Ele permaneceu em coma em um hospital público durante quase um mês.
Quando a morte de Zamudio foi anunciada, uma multidão acendeu velas na porta do hospital e cerca de duas mil pessoas acompanharam o enterro.
Mais de um ano depois da morte, os funcionários do cemitério sabem onde fica seu túmulo e dão informações aos visitantes que querem deixar suas homenagens ao jovem. Entre os frequentadores estão estudantes, casais, homens e mulheres.
"Rezam, falam com ele, se benzem, pedem coisas", contam os funcionários, que já conhecem bem o fenômeno chamado no Chile de "animitas", a criação de lugares de peregrinação, geralmente ligados a mortes violentas ou injustas.
"Daniel Zamudio tem todos os elementos para se transformar em uma animita", afirma Claudia Lira, pesquisadora de cultura popular e tradicional da Universidade Católica de Santiago.
"É uma morte cruel, inesperada, onde há muito derramamento de sangue, há uma tragédia. As pessoas sentem que esta morte é injusta, porque ele era uma pessoa discriminada, morreu indefeso, na rua", acrescentou.
"Na cosmovisão chilena, mesmo que exista um processo judicial, ele se converte em um mártir, uma concepção que vem do catolicismo e que se junta com a idiossincrasia chilena; a pessoa pode estar mais próxima de Deus porque o sofrimento a transformou e, portanto, se pode pedir coisas a esta pessoa", afirmou.

Parte dos bilhetes deixados no túmulo de Daniel Zamudio são guardados pelo Movimento de Integração e Liberação Homossexual do Chile, o Movilh.
"Vamos quase todas as semanas ver Daniel e recolhemos muitas cartas que as pessoas escrevem por razões diferentes. Meninos, meninas que pedem ajuda, ou mensagens de carinho", contou presidente do Movilh, Rolando Jiménez.
"A última vez que contei tínhamos entre 150, 200 (cartas)", disse o ativista, que espera incorporar os textos de alguma forma ao túmulo e memorial à diversidade que o movimento está construindo no Cemitério Geral de Santiago e para onde pretende levar de forma definitiva os restos de Zamudio.
"Não temos vínculos com nenhuma religião ou crença. Somos ateus, entre outros motivos, pelo papel da Igreja Católica na difusão e promoção da homofobia no nível cultural", afirmou.
"Mas se as pessoas sentem uma proximidade com Daniel a partir desta lógica, respeitamos. E no túmulo memorial haverá espaço para que as pessoas continuem deixando suas cartas e as coisas que que hoje levam, presentes, brinquedos, corações."
O Movilh também planeja instalar algum memorial no parque onde Zamudio foi atacado.
Atualmente apenas uma cruz e flores marcam o local do ataque.


Você já sofreu discriminação em alguma Igreja por ser gay?


Enquete do Site A Capa

Primeiro longa-metragem gay do Líbano


Primeiro longa-metragem gay do Líbano, “Out Loud” terminou de ser filmado sob proteção militar. Rodado na cidade de Zahlé, a equipe enfrentou hostilidade da população local que frequentemente atrapalhava as filmagens. A gota d’água foi quando um grupo de radicais anti-gays e anti-feministas invadiu o set destruindo e roubando equipamentos.
Escrito, dirigido e produzido por Samer Daboul, “Out Loud” é a história de seis jovens libaneses que romperam com as normas sociais e religiosas do país e foram morar todos juntos, numa espécie de república alternativa. Tudo ia bem até Rami (Ali Rhayem)e Ziad (Jean Kobrously), o casal gay central da trama, serem pegos se beijando e sentenciados à morte por trazerem vergonha para suas famílias.
No melhor estilo realidade e ficção se confundem, toda a situação conflituosa -que aconteceu nos bastidores- rendeu material suficiente para produzir o documentário “Out Loud, The Documentary”, lançado junto com o filme.
Depois de rodar as últimas cenas no Líbano sob proteção dos militares, a pós-produção foi feita nos Estados Unidos, onde “Out Loud” estreou no último mês de outubro, nos cinemas de Nova York. Não há previsão de lançamento no Brasil.
Alexandre Adoni

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Vaticano Pede aos Bispos de Todo o Mundo que Consultem os Leigos sobre o Casamento entre Pessoas do Mesmo Sexo, a Contracepção e o Divórcio

 
Nota à imprensa dos nossos amigos do Grupo Rumos Novos, de gays católicos de Portugal:

[Atualização em 9-12-13: você já leu a carta de alguns grupos católicos LGBT brasileiros para os bispos? O texto, com o link para a petição (pra quem quiser assinar e apoiar), está aqui. :-)]


Numa atitude sem precedentes, o Vaticano acaba de pedir aos bispos de todo o mundo que perguntem aos fiéis qual a sua opinião sobre os ensinamentos da igreja no que concerne à contraceção, ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e ao divórcio.

O arcebispo Lorenzo Baldisseri, secretário-geral do Sínodo dos Bispo do Vaticano, pediu às conferências episcopais de cada um dos países para efetuarem a distribuição imediata do questionário e tão amplamente quanto possível, às paróquias e vicariatos, como forma de preparação do Sínodo anunciado pelo Papa Francisco, no princípio de outubro, que decorrerá entre 5 e 19 de outubro de 2014, subordinado ao tema “Desafios Pastorais da Família num Contexto de Evangelização”.

É com o coração cheio de júbilo que o RUMOS NOVOS, que acolhe os homossexuais católicos portugueses, recebe esta notícia. Como católicos não podemos deixar de reconhecer a atuação do Espírito Santo no seio da sua igreja, pois é a primeira vez que o Vaticano pediu tal tipo de opiniões aos católicos de base, pelo menos desde o pós-Vaticano II.

Esta notícia é tanto mais importante se tivermos presentes algumas posições tomadas pelo atual Papa, quando ainda era primaz da Argentina, particularmente no que se refere aos homossexuais e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. Representa igualmente um forte compromisso com o Vaticano II, que desafiou a Igreja a escutar os sinais dos tempos, para poder evangelizar de forma capaz, como Cristo nos ensinou.

Entre as questões importantes colocadas, no que às pessoas homossexuais se refere, destacamos:

Existe uma lei no vosso país que reconheça as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo e que as equipare de algum modo ao casamento?
Qual é a atitude das pessoas e, em particular, das Igrejas em relação ao Estado, enquanto promotor das uniões civis entre pessoas do mesmo sexo, e às pessoas envolvidas neste tipo de união?
Que atenção pastoral pode ser dada às pessoas que escolheram viver nestes tipos de união?
No caso das uniões entre pessoas do mesmo sexo que adotaram crianças, o que é que pode ser feito, do ponto de vista pastoral, à luz da transmissão da fé?

E fazemos notar uma abordagem franca, aberta e com espírito de partilha, onde finalmente a hierarquia católica não se inibe de falar de união civil, casamento entre pessoas do mesmo sexo e adoção por casais de pessoas do mesmo sexo, sem ser para os condenar.

Enquanto organização que diariamente trabalha no acompanhamento, oração e partilha com homossexuais católicos portugueses, o RUMOS NOVOS formula fraternalmente votos de que a Conferência Episcopal Portuguesa, saiba encontrar a melhor forma de levar este importante documento a toda a igreja nacional para que ele possa ser um verdadeiro documento de partilha e princípio da caminhada para um autêntico acolhimento de todos, unindo os muitos dons de todos os fiéis num só Espírito.

Fraternalmente desejamos que os Bispos portugueses sejam autenticamente encorajados pela Conferência Episcopal a realizarem esta ampla consulta dos leigos e sacerdotes. Se assim não for, teremos todos perdido uma grande oportunidade de ouvir a voz do Espírito Santo a trabalhar na Igreja. O RUMOS NOVOS encoraja todos os fiéis, particularmente os fiéis homossexuais católicos, a fazerem ouvir as suas opiniões.

O Vaticano, sob o pontificado do Papa Francisco, parece estar a estender a mão às pessoas da igreja, mas mais, o Vaticano está a encorajar os bispos a escutarem a voz do povo de Deus. De há muito que os católicos que apoiam aquilo que é justo e correto, bem como defendem a igualdade para as pessoas homossexuais e o seu verdadeiro acolhimento no seio da igreja e que têm encorajado a igreja a manter um diálogo em tudo o que diz respeito à sexualidade e à família, rezam pelo surgimento de uma oportunidade destas. É chegado o momento de, como homossexuais católicos, agarrarmos esta oportunidade e fazer, mais uma vez, sentir à hierarquia católica da necessidade de trabalharmos pela inclusão dos homossexuais.

O RUMOS NOVOS terá em campo as suas “Equipes de Religação” para poderem partilhar, com os demais irmãos, as experiências de fé dos homossexuais católicos, nas diversas dioceses e paróquias.

Em tempo: um amigo querido nos enviou o link para o questionário completo [em espanhol] a ser enviado para a consulta pública das paróquias de todo o mundo a respeito de temas como o casamento gay, a contracepção e o divórcio. Aqui.

Carta aos jovens gays da minha igreja

 
Nosso querido amigo Murilo Araújo publicou ontem, no Vestiário, este belo testemunho, que com grande alegria compartilhamos com vocês. Como ele diz, em tempos de consulta pública do Vaticano às paróquias sobre casamento gay, divórcio e contracepção [saiba mais aqui], está na hora de transformarmos em realidade nosso desejo de construir mudanças.

Viçosa, Minas Gerais, 03 de novembro de 2013.

Caros jovens gays da minha igreja, gays como eu, e católicos como eu:

Hoje me senti orgulhoso de mim. Bastante. Viajei para uma cidade próxima à minha, para participar de um encontro celebrado anualmente pela pastoral de que participo em nossa Igreja, e fui carregando na bolsa uma bandeira do arco-íris e um pouco de ousadia. Meu objetivo era fazer uma “intervenção”: exibir comigo a bandeira durante as atividades, tentando provocar alguma reflexão sobre a nossa existência, sobre a nossa identidade de gays e cristãos, que as pessoas costumam ver como ambígua.

Não foi uma tentativa de alfinetar ou desrespeitar o espaço, como alguém pode vir acusar. Estar lá, com a minha bandeira, não agredia a fé de ninguém. Fiz o que fiz por ver que ainda temos muitos silêncios a serem quebrados. A maior violência que nos atinge é uma invisibilidade que toma proporções muito significativas em uma instituição que só fala do sexo quando é para proibi-lo. A consequência disso é que muitos de nós, se em algum momento achamos que Deus nos odeia, ainda precisamos enfrentar tudo com a sensação dura de que estamos sozinhos – ainda que existam outras pessoas entre nós vivendo os mesmos dramas, ou pessoas que já tenham passado por eles e possam nos ajudar a superá-los.

Romper esse silêncio sempre foi uma questão importante pra mim, e por isso quis carregar a minha bandeira para o lugar onde estava indo viver a minha fé. Lá, esperei todas as reações possíveis. Até que as pessoas, timidamente, começaram a se aproximar. E, graças a Deus, foi bonito. Tão bonito que me fez vir aqui escrever essa carta pra você.

As primeiras pessoas a vir falar comigo eram como nós: católicos e gays. Primeiro, um casal de meninas lésbicas, participantes de um grupo de jovens, que elogiaram a bandeira com um sorriso, e pediram uma foto. Bastou que elas chegassem para os outros pedidos começarem a acontecer. Um garoto gay com a amiga lésbica, depois outro grupo de amigas, sempre com o mesmo pedido de uma fotografia com a bandeira, às vezes me chamando para aparecer na foto. Pouco depois, começaram a vir me cumprimentar também meninos e meninas heterossexuais, que eventualmente contavam o caso de um ou outro amigo gay, que estava passando por dramas ou dificuldades em casa, na Igreja...

E nessas conversas breves, duas coisas me chamavam atenção. A primeira, nos héteros: era perceptível a vontade de falar daquilo que não se fala nas nossas igrejas. Vinha dali um desejo empolgado de conversar sobre aquilo, falar, discutir, debater com franqueza e praticar o exercício da escuta... um desejo que parecia ter encontrado espaço pela primeira vez naquela bandeira que ousava se exibir. A segunda coisa curiosa vinha dos nossos iguais, gays e lésbicas: ainda que estivessem ali, no espaço religioso, vivendo a sua fé sem conflito aparente, pareciam se espantar um pouco diante da minha fé sem armário, como se aquela visibilidade incomum assustasse, ainda que positivamente. Não à toa, foram muitos os olhares admirados quando, durante a missa, recebi a comunhão com a bandeira amarrada às costas.

Mas o que foi ainda mais bonito de ver foi que havia ali, em todo mundo, um sorriso de esperança e um sonho compartilhado. A vontade de conversar dos héteros parecia se transformar em um desejo de construir mudanças, ampliando os limites daquela discussão curta. O espanto aparente dos gays e das lésbicas rapidamente se convertia em uma espécie de cumplicidade de iguais, que se compreendem e querem buscar o mesmo espaço. No fim, eu, que estava tentando dizer a eles que não precisavam viver os seus processos sozinhos ou escondidos, recebia através de um abraço afetuoso uma resposta que me enchia de alegria e esperança: eu também não precisava travar sozinho a minha luta por uma Igreja mais livre, acolhedora e transformadora. Aqueles jovens se dispuseram a ser essa Igreja junto comigo.

Queria partilhar contigo essa história, caro jovem gay cristão, porque penso que só caminharemos para uma Igreja e uma sociedade melhores no dia em que aprendermos a valorizar essa troca, essa conversa sobre as histórias, os conflitos e os amores, que leva a gente a perceber que temos sonhos parecidos e que conseguimos mais quando estamos juntos. Ou a gente toma as rédeas e fala da própria vida, ou alguém falará por nós, muitas vezes perpetuando os eternos discursos que geram a homofobia, a negação de direitos, e até uma suposta condenação ao inferno...

Continue lendo no site do Vestiário, aqui :-)


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