segunda-feira, 2 de abril de 2012

Cardeal de Viena desautoriza pároco e confirma homossexual como membro de conselho paroquial [Atualizado em 04/04]

Foto: AFP

Postamos esta notícia originalmente em 02/04/12 mas, tendo encontrado uma versão bem mais completa da história aqui, estamos atualizando seu conteúdo em 04/04/12.

O jovem de vinte e sete anos, Florian Stangl, foi o mais votado, entre os paroquianos, durante as eleições do novo conselho pastoral de Stützenhofen, ao norte de Viena. O pároco, porém, não quis admitir sua designação. E, aí, interveio o arcebispo, que assumindo a responsabilidade, decidiu convalidar a eleição. A intervenção do cardeal Cristoph Schönborn, agora, está sendo motivo de polêmica (Die Presse, em alemão). Nos últimos dias, depois de expressar reservas, num primeiro momento, decidiu admitir no conselho pastoral, da paróquia da pequena cidade austríaca, um jovem homossexual que convive com seu parceiro, com quem contraiu união civil.

Na votação, ocorrida há três semanas, Stangl obteve 96 votos a favor, dos 142. O pároco Gerhard Swierzek pediu para que ele renunciasse e, inclusive, o convidou para não se apresentar para receber a eucaristia. Uma decisão contestada pelo vigário forâneo, responsável pelo decanato, o padre George Von Horick: “Se existe a permissão aos divorciados, que voltam a se casar, para se colocarem como candidatos – disse – tampouco as inclinações, nem a vida homossexual” devem impedir a eleição.

Num primeiro momento, a diocese de Viena havia declarado que o registro numa união civil não permite a participação no conselho pastoral. Stangl declarou numa entrevista: “Sinto-me unido aos ensinamentos da Igreja, porém o pedido de viver em castidade me parece pouco realista. Quantas pessoas vivem na castidade?” E pediu para falar com o cardeal Schönborn, que convidou, ele e seu parceiro, para almoçar. No dia 30 de março, o arcebispo de Viena fez publicar uma segunda declaração, mais articulada (Arquidiocese de Viena, em alemão). Schönborn agradeceu aos “muitos candidatos às eleições do conselho pastoral”, porque com suas candidaturas “demonstraram interesse pela Igreja e pela fé”. “Assim – continua o cardeal – deram testemunho da vitalidade da Igreja. Em sua diversidade, refletem a diversidade atual dos caminhos de vida e de fé”.

“Existem muitos membros dos conselhos pastorais paroquiais – acrescentou o arcebispo de Viena – cujo estilo de vida não cumpre, em sua totalidade, com os ideais da Igreja. Em vista do testemunho de vida que cada um deles nos dá, em conjunto, e do esforço em viver uma vida de fé, a Igreja aprecia seu compromisso”.

Schönborn, então, elogiou a viva participação das jovens gerações na vida paroquial da pequena comunidade de Stützenhofen, e a grande participação nas eleições do conselho pastoral. “Os erros formais que vieram à luz, durante a eleição, não colocam em discussão os resultados da eleição, em que o candidato mais jovem, Florian Stangl, recebeu a maioria dos votos”.

O cardeal conta que se reuniu com Stangl e que ficou “profundamente impressionado por sua fé, por sua humildade, e pelo modo em que concebe seu serviço. Ele pôde compreender por que os paroquianos votaram, de forma tão decidida, na sua participação no conselho pastoral”. Por último, o cardeal assinalou a decisão do conselho episcopal, que por unanimidade estabeleceu que as autoridades diocesanas não pretendem invalidar a eleição, nem os resultados, e que revisarão as regras para os conselhos pastorais, para esclarecer os requisitos necessários para os candidatos.

A que “erros” Schönborn se referia? Ao fato de que os candidatos para os conselhos pastorais, na diocese de Viena, devem assinar uma declaração na qual garantem cumprir com todos os requisitos necessários, entre os quais está o de adesão da fé e disciplina da Igreja católica, que, como se sabe, condena a prática homossexual e as uniões entre pessoas do mesmo sexo. Porém, na eleição em Stützenhofen, os candidatos não quiseram assinar a declaração, afirmando verbalmente cumprir com os requisitos.

Nos últimos dias, na Itália, foi o cardeal Carlo Maria Martini, arcebispo emérito de Milão, que se pronunciou sobre a possibilidade do reconhecimento das uniões civis de pessoas do mesmo sexo. No livro-entrevista “Credere e conoscere” [Crer e conhecer] (Einaudi), escrito em diálogo com Ignacio Marino, Martini afirmava: “(...) não seria ruim que no lugar de relações homossexuais ocasionais, as pessoas tivessem certa estabilidade e, então, neste sentido, o Estado poderia favorecê-las também”.

Fonte: Vatican Insider, 03-04-2012. A tradução do Cepat, aqui reproduzida via Dom Total e IHU.


* * *

Nossa postagem original, de 02/04:

Vão permitir que um homossexual, que vive abertamente com outro homem, seja membro de um conselho paroquial (leigos que assessoram o pároco)? Esta foi a pergunta que despertou acalorados debates na Áustria nos últimos dias, como informa o diário vienense Die Presse.

Florian Stangl foi eleito para o conselho paroquial de Stützenhofen, um povoado da Baixa Áustria na região de Weinviertel, mas a notícia não foi recebida com grande entusiasmo por parte do párroco, Gerhard Swierzek.

Para surpresa de alguns fiéis, Stangl e seu marido conseguiram marcar uma entrevista com o cardeal Christoph Schönborn, que ao que parece os convidou para comer, ou, pelo menos, teve com o casal uma longa conversa. Segundo o Die Presse, o cardeal Schönborn foi a favor de que Stangl não deixasse o conselho paroquial, mas a decisão ainda não fora comunicada oficialmente... Até ontem à tarde. De fato, Schönborn confirmou Stangl em seu cargo, segundo informa a agência católica austríaca Kathpress.

A notícia poderia ter acabado aqui, mas tem mais.

Enquanto isso, o sacerdote de Stützenhofen recebeu ameaças, jogaram gasolina por uma janela de sua casa e um jornal local teria divulgado a falsa notícia de que o padre teria "saído de férias". (É assim que pretendemos construir um mundo melhor? Isso é defender a paz? Indo à guerra? Apelando para a mesma violência e difamação de que somos alvo há tanto tempo? A refletir...)

Fonte: ABC.es via nosso "colaborador honorário" @wrighini ;-)

3 comentários:

Will disse...

Notícias como essa até me dão alguma esperança quanto à Igreja...

É, nem tudo está perdido.
Mas eu sinceramente parei de frequentar a Igreja e não pretendo me envolver formalmente com nenhuma religião mais. Tenho vivido minha fé - ou o que resta dela - do meu jeito e, sinceramente, tenho minha consciência em paz quanto à honestidade, não passo a perna em ninguém, ajudo as pessoas sempre que possível, não me envolvo em fofocas e picuinhas... Tanto que sou frequentemente visto como antissocial.

Estou melhor assim, minha mente está mais tranquila e, depois de uma período de notas baixas (pelos intensos conflitos internos que enfrentei), tenho conseguido me concentrar nos estudos e me dedicar à minha carreira de professor.

Equipe Diversidade Católica disse...

Oi, Will,

Ficamos felizes por saber que você segue caminhando, apesar dos momentos difíceis, e buscando o que faz sentido para você e está em coerência com os seus valores.

No nosso grupo temos pessoas com as mais diversas experiências, inclusive algumas bem parecidas com a sua. E, como grupo, sabemos que somos membros inalienáveis da Igreja - não no sentido estrito de "clero", "Magistério", "hierarquia", "instituição", mas no sentido mais amplo e profundo, o da universalidade de irmãos que somos, membros todos do mesmo corpo de Cristo, independente da fé que professamos ou das palavras em que cremos. ;-))

Mas, sim, Will, na medida em que os cristãos e os católicos, esse grande corpo composto por todos os batizados, cada vez mais procurarmos ser a Igreja que queremos ver no mundo, acreditamos que a "Igreja" em seu sentido estrito de "instituição" mudará também. Foi assim que ela sempre se transformou ao longo da História, e é assim que ela já está mudando.

Obrigado por caminhar junto com a gente. E, se precisar de alguma coisa, pode sempre contar com a nossa amizade e presença. Estamos à sua disposição no contatoblogdc@gmail.com.

Um abraço carinhoso.

Os aguias da costa do azul disse...

Fico muito feliz em perceber que o brasil tem se mobilizado para a Questão dos homossexuais, afinal todo o ser humano tem direito conforme diz a nossa constituição Brasileira precisamos fortalecer os movimentos partidários e fazer com que as leis em nosso pais sejam mais severa a quem pratica Homofobia. É lamentável que as pessoas em pleno seculo XXI ainda tenha esta atitude hipócrita e doentia de praticar Homofobia. Brasil acorda e eu Digo não a Homofobia.

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