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A esta altura, você já deve ter ouvido falar do aluno de uma escola americana que foi ameaçado de suspensão por ter ido à aula no dia 20 de abril de ano passado (data em que é comemorado o Dia do Silêncio, quando acontecem protestos nos EUA contra a intimidação de estudantes gays) com uma camiseta em que se lia "Jesus não é homofóbico". Proibido de usar a camiseta, que segundo o diretor seria de "natureza sexual" e de "conteúdo indecente e inapropriado ao ambiente escolar", ele entrou com um processo contra a escola e teve ganho de causa, mas seu advogado já avisou que ele não quer permissão para usar sua camiseta apenas em um dia do ano, e postula que a liberdade de expressão de seu cliente está sendo violada.
Nosso querido amigo Murilo Araújo, em editorial publicado no Vestiário.org (leia na íntegra aqui), comentou o caso:
Eu, como bom católico (e gay melhor ainda), poderia fazer um enorme discurso sobre teologia inclusiva e falar o quanto a administração de uma instituição dessas está equivocada em não acolher uma mensagem tão “profética” e tão inclusiva. Mas pagãos, filhos de santo, adeptos de quaisquer outras religiões, agnósticos e ateus não têm nada a ver com isso. Sem falar que a questão também não é de fé.
O problema todo envolvido nesse caso é de liberdade, tanto de crença quanto de expressão. E principalmente, uma questão de compromisso com educação de qualidade. Me corrijam se eu estiver errado, mas até onde me avisaram, a função de uma escola é formar cidadãos melhores, críticos e conscientes, que respeitem as diferenças e que procurem um mundo mais decente pra todas as pessoas.
Na contramão disso, justamente num espaço em que se deveria gerar e incentivar debates dos mais diversos tipos, um ponto de vista desviante e provocativo é proibido. (...)
A primeira coisa que me incomoda nessa ladainha toda é um suposto educador dizendo que uma frase que fala de Jesus tem conteúdo sexual. Me ajudem, porque eu não achei. [Nota nossa: Talvez ele se refira, Murilo, à palavra "homofóbico", que remete a "homossexualidade", que costuma ser reduzida, simplisticamente, à expressão genital da ampla dimensão afetivo-sexual do ser humano. Pode ser isso.] Ainda assim, mesmo que tivesse, fico me perguntando se não seria justamente a escola o melhor lugar para se debater esse tipo de assunto. Ou vamos ignorar a importância da educação sexual? Ou vamos continuar pensando a sexualidade apenas como relação entre macho e fêmea, preocupados exclusivamente com a reprodução da espécie? Vamos usar o Gênesis para falar de sexualidade?
As coisas estão andando tão tortas ultimamente que começo a me perguntar se não sou eu quem está enganado com relação à postura que escolas têm que assumir no combate à homofobia (assim como a qualquer outra forma de violência).(Com informações do Vestiário, A Capa, Vírgula, G1 e Advocate.com e a colaboração dos amigos Hugo Nogueira, Murilo Araújo e Thiago Rufino) Tweet
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