sábado, 21 de setembro de 2013

Justiça


O fazendeiro acusado de ter mandado matar a missionária Dorothy Stang foi condenado a 30 anos de prisão em regime fechado.
A sentença foi anunciada após 16 horas de julgamento. Por maioria, o júri condenou Vitalmiro bastos de moura, o Bida, por homicídio duplamente qualificado, com pena de 30 anos de prisão.
''Entendemos que o acusado levado hoje a julgamento corretamente foi condenado pelos jurados, entendo que havia provas suficientes'', declarou o promotor Edson Cardoso.
O irmão de Dorothy Stang comemorou o resultado. ''Nós temos justiça de verdade'', disse David Stang.
Em 2005, a missionária foi morta a tiros num assentamento em Anapu, sudoeste do Pará.  Ela coordenava projetos de uso sustentável da floresta numa região marcada por conflitos de terra.
Além de Bida, quatro pessoas foram condenadas pelo crime. O coautor está foragido. O pistoleiro e o homem que intermediou o assassinato estão em prisão domiciliar. E o outro acusado de encomendar a morte da missionária aguarda um novo júri em liberdade.
No julgamento de quinta-feira, o juiz determinou que Bida vai cumprir a pena em regime fechado. Do fórum, o fazendeiro foi direto para a prisão.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Fadiga do Coração


Papa Francisco encontra os padres de Roma e pede a eles e à Igreja – uma Igreja "que não desmorona", porque "a santidade é maior do que os escândalos" – que mostrem "o rosto da acolhida", uma "uma acolhida cordial", em especial com relação aos "casais que moram juntos".
O raciocínio do pontífice é sutil, não se trata de ser rígidos, nem liberais, diz, porque ambas as atitudes não são misericordiosas: trata-se de "dizer sempre a verdade", sabendo, porém, que o aspecto "dogmático" e "moral" devem ser "sempre acompanhados pelo amor de Deus".
Ainda durante a viagem ao Brasil, no fim de julho, Francisco tinha convidado a mudar de "atitudes" e tinha se perguntado, considerando as pessoas que fogem da Igreja como os discípulos no caminho de Emaús: "Ainda somos uma Igreja capaz de aquecer o coração?". A Igreja "aberta" e "próxima" de Bergoglio não deve excluir ninguém.
Assim, o padre misericordioso, explica o papa aos sacerdotes da sua diocese na Basílica de São João, é aquele que "diz a verdade", mas, depois, acrescenta: "Não se assustem, o Deus bom nos espera, vamos juntos". Ele que "acompanha" as pessoas como Jesus acompanhou, no episódio evangélico de Emaús, os dois discípulos perdidos.
Ao responder as perguntas dos sacerdotes, Francisco também voltou sobre a questão dos divorciados em segunda união excluídos dos sacramentos: e confirmou que o tema será abordado tanto pelo "grupo de conselho" dos oito cardeais no início de outubro, quanto pelo próximo Sínodo dos bispos.
Um problema que "não pode ser reduzido apenas" à questão "se se pode fazer ou não a comunhão": isso significa "não entender qual é o verdadeiro problema, um problema grave de responsabilidade da Igreja com relação às famílias que vivem nessa situação". Essa "é uma verdadeira periferia existencial", afirmou o papa: uma daquelas "periferias" às quais a Igreja deve ir.
Mas há mais: Francisco disse que é preciso "encontrar um outro caminho, na justiça", lembrou como para o próprio Bento XVI esse era "um problema grave", e acrescentou que a Igreja "neste momento deve fazer algo para resolver os problemas das nulidades matrimoniais". Isso significa que Bergoglio está pensando na mesma solução sobre a qual Ratzinger havia convidado a refletir: a possibilidade de anular o primeiro matrimônio por "falta" ou "carência" de fé dos cônjuges e regularizar, assim, as "segundas uniões".
Mas a "acolhida cordial" diz respeito a todos, Francisco fala sarcasticamente daqueles que, em uma paróquia, estão mais preocupados em pedir dinheiro para uma certidão de sacramento. "Se as pessoas veem um interesse econômico, elas se afastam". Além disso, a proximidade do papa também diz respeito aos seus padres: Francisco falou da "fadiga do coração" dos sacerdotes, quando "o padre se interroga sobre a sua existência, ele olha para trás" e pensa nas renúncias, nos "filhos que não teve", pergunta-se se a sua vida "fracassou". Então, quando se experimenta "a escuridão da alma", aconselhou, deve-se rezar: "Até adormecer diante do Tabernáculo, mas estar ali".
Reportagem de Gian Guido Vecchi, publicada no jornal Corriere della Sera, 17-09-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Festa da Padroeira 2013


O feriado da Padroeira, celebrado no dia 12 de outubro, deve atrair 150 mil romeiros a Aparecida, principal destino católico do país. A novena, que antecede a festa, começa no próximo dia 3 e a programação, que inclui alvoradas, missas, homenagens a Nossa Senhora e shows, foi divulgada pelo Santuário Nacional.
As novidades neste ano são a antecipação em uma hora das missas das crianças e  solene no dia 12 e uma novena especial para as crianças no dia 10 de outubro. Os shows neste ano serão dos sertanejos Rick e Renner no dia 5 às 20h30 no centro de eventos e dos padres Juarez e Alessandro Campos na Tribuna Dom Aloísio Lorscheider. 
O padre Valdivino Guimarães, prefeito de igreja do Santuário Nacional, acredita que a recente visita do Papa Francisco à capital da fé possa fazer com que a expectativa de visitantes seja superada no dia da Padroeira. "Percebemos que após a visita do Santo Padre aumentou o número de visitas. Mais pessoas estão buscando a igreja, reanimadas pelo Papa", disse o religiosos ao G1.
Ele explicou que as missas no dia 12 foram antecipadas porque ao meio-dia há a tradicional queima de fogos. "Essa queima de fogos, algumas vezes atrapalhava a consução da missa. Agora vão ocorrer em horários diferentes para evitar o problema", explicou o padre.
As coreografias na novena serão feitas neste ano por um grupo de 400 voluntários que começaram a ensaiar no último mês de agosto e, neste mês, ensaiam três horas por dia cinco vezes por semana.
Ocupação
De acordo com o Sindicato de hotéis, bares e restaurantes de Aparecida, 70% dos 30 mil leitos da cidade estão reservados para o fim de semana de 12 de outubro.



Estamos Chegando


A DE Ó (Estamos Chegando)

Milton Nascimento, Pedro Casaldáliga, Pedro Tierra

Estamos chegando do fundo da terra,
estamos chegando do ventre da noite,
da carne do açoite nós somos,
viemos lembrar.

Estamos chegando da morte dos mares,
estamos chegando dos turvos poróes,
herdeiros do banzo nós somos,
viemos chorar.

Estamos chegando dos pretos rosários,
estamos chegando dos nossos terreiros,
dos santos malditos nós somos,
viemos rezar.

Estamos chegando do chão da oficina,
estamos chegando do som e das formas,
da arte negada que somos,
viemos criar.

Estamos chegando do fundo do medo,
estamos chegando das surdas correntes,
um longo lamento nós somos,
viemos louvar.

A DE Ó

Estamos chegando dos rios fogões,
estamos chegando dos pobres bordéis,
da carne vendida que somos,
viemos amar.

Estamos chegando das velhas senzalas,
estamos chegando das novas favelas,
das margens do mundo nós somos,
viemos dançar.

Estamos chegando dos grandes estádios,
estamos chegando da escola de samba,
sambando a revolta chegamos,
viemos gingar.

A DE Ó

Estamos chegando do ventre de Minas,
estamos chegando dos tristes mocambos,
dos gritos calados nós somos,
viemos cobrar.

Estamos chegando da cruz dos engenhos,
estamos sangrando a cruz do batismo,
marcados a ferro nós fomos,
viemos gritar.

Estamos chegando do alto dos morros,
estamos chegando da lei da baixada,
das covas sem nome chegamos,
viemos clamar.

Estamos chegamos do chão dos quilombos,
estamos chegando no som dos tambores,
dos Novos Palmares nós somos,
viemos lutar.





Novo Equilíbrio


Em entrevista à revista jesuíta italiana 'La Civiltà Cattolica', Francisco disse que a Igreja deve encontrar um 'novo equilíbrio'

19 de setembro de 2013


Trecho da Entrevista:


Homossexuais, divorciados e aborto. Devemos anunciar o Evangelho em todos os caminhos, predicando a boa nova do Reino de Deus e curando com a nossa predicação todo tipo de ferida e de doença. Em Buenos Aires, recebia cartas de pessoas homossexuais, que são ‘feridas sociais’ porque me dizem que sentem como se a Igreja os tenha condenado para sempre. Mas a Igreja não quer fazer isso. Durante o voo de retorno do Rio de Janeiro eu disse o que diz o Catecismo. A religião tem o direito de exprimir sua opinião própria a serviço das pessoas, mas Deus na criação nos fez livres: a ingerência espiritual na vida das pessoas não é possível. Uma vez uma pessoa, de forma provocadora, me perguntou se eu aprovava a homossexualidade. Eu então respondi-lhe com uma outra pergunta: ‘Diga-me: Deus quando olha uma pessoa homossexual aprova a sua existência com afeto ou a repele condenando-a?’ É preciso sempre considerar a pessoa. Aqui entramos no mistério do homem. Na vida, Deus acompanha as pessoas e nós devemos acompanhá-las a partir da sua condição. É preciso acompanhá-las na misericórdia. Quando isso acontece, o Espírito Santo inspira o sacerdote a dizer coisas mais justas.
Esta é a grandeza da Confissão: o fato de avaliar caso a caso e poder discernir qual é a melhor coisa a fazer para uma pessoa que procura Deus e a sua graça. O confessionário não é uma sala de tortura, mas o lugar da misericórdia no qual o Senhor nos estimula a fazer o melhor que podemos. Penso também na situação das mulheres que tiveram sobre os ombros um matrimônio falido no qual até mesmo tenham abortado. Pois essa mulher se casou novamente e agora está serena, com cinco filhos. O aborto pesa sobre ela enormemente e ela está sinceramente arrependida. Ela gostaria de ir adiante na vida cristã. O que faz o confessor?
Não podemos insistir somente sobre as questões ligadas ao aborto, matrimônio homossexual e ao uso de contraceptivos. Isso não é possível. Eu não falei muito dessas coisas e isso me foi recriminado. Mas quando se fala disso, é necessário falar em um contexto. O parecer da Igreja, de resto, todos conhecem, e eu sou filho da Igreja, mas não é possível falar disso continuamente.
Os ensinamentos, tanto dogmáticos quanto morais, não são todos equivalentes. Uma pastoral missionária não é obcecada da transmissão desarticulada de uma multidão de doutrinas que se quer impor com insistência. O anúncio de tipo missionário se concentra sobre o essencial, sobre o necessário, que é também o que apaixona e atrai mais, que faz arder o nosso coração, como aos discípulos de Emaús. Devemos, pois, encontrar uma novo equilíbrio, de outra forma até o edifício moral da Igreja corre risco de cair como uma castelo de cartas, de perder a sua frescura e o perfume do Evangelho. A proposta evangélica deve ser mais simples, profunda e irradiante. E é dessa proposta que depois devem vir os ensinamentos morais.
Digo isso pensando à predicação e aos conteúdos da nossa predicação. Uma bela homilia deve começar com o primeiro anúncio, com o anúncio da salvação. Não há nada de mais sólido, profundo e seguro nesse anúncio. Depois se deve fazer a catequese. E, no fim, pode-se chegar a uma consequência moral. Mas o anúncio do amor salvífico de Cristo é prévio à obrigação moral e religiosa. Na maioria das vezes parece prevalecer o inverso. A homilia deve calibrar o avizinhar-se e a capacidade de encontro de um pastor com seu povo porque quem predica deve reconhecer o coração da sua comunidade para procurar onde é vivo e ardente o desejo de Deus. A mensagem evangélica não se pode reduzir, pois, a alguns de seus aspectos. Ainda que importantes, mas que sozinhos não manifestam o coração do ensinamento de Cristo.
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