sábado, 23 de novembro de 2013

Manifesto de intelectuais católicos

Publicamos aqui Declaração de intelectuais católicos sobre o casamento e a família, editada e composta porJoseph Selling, professor da Universidade Católica de Lovaina, após consulta a vários teólogos católicos romanos. A tradução é de Isaque Correa
Eis a declaração.
Em preparação para o Sínodo de 2014 e 2015.
Quando o Concílio Vaticano II elaborou seu documento “Da Dignidade do Casamento e da Família” (Gaudium et Spes, Parte II, capítulo 1, §§ 47-52), os bispos ouviram as vozes de pessoas casadas assim como estiveram atentos às suas experiências pessoais. O resultado foi um ensino renovado e mais realista. No entanto, quando o Sínodo dos Bispos sobre os Direitos da Família, de 1980, foi preparado e realizado, apenas alguns leigos, escolhidos cuidadosamente, foram convidados. Eles não apresentaram uma voz crítica e ignoraram provas evidentes de que o ensino da Igreja sobre casamento e sexualidade não estava servindo às necessidades dos fiéis. Isso resultou num Sínodo que não produziu nada útil em termos pastorais.
Exortamos, pois, os fiéis católicos e quaisquer outras partes interessadas a partilhar suas experiencias e conhecimentos com os líderes da Igreja e os fazerem saber de seus pensamentos e preocupações.
Algumas das questoes seguintes parecem mecerer especial atenção.
Os líderes carecem de experiência da vida de casados
O fato é que a grande maioria do ensino oficial da Igreja sobre o casamento e a família foi feito e promulgada por homens que não tiveram experiência direta, pessoal, da vida de casado no mundo contemporâneo. Fizeram votos de vida celibatária que excluem qualquer forma de relacionamento sexual. Como resultado tem-se que pouco se fala, de forma clara, a pessoas que estão tentando entrar em acordo com a sua sexualidade, a fim de encontrar e vivenciar relacionamentos significativos, assim como para se prepararem para uma vida comprometida, de amor mútuo que possa envolver os desafios da paternidade.
O casamento existe em múltiplas formas
O documento divulgado para a preparação relativa ao Sínodo, intitulado Lineamenta, fala do casamento como se houvesse apenas uma forma de relacionamento. Nele está implicado que todas as famílias são iguais. No entanto, a experiência dos fiéis mostra que este não é nem histórica tampouco geograficamente o caso. Pois, mesmo dentro de uma mesma cultura e num mesmo tempo histórico, há uma multiplicidade nas formas de relacionamentos conjugais e de estrutura familiar. Além disso, em muitos casos o matrimônio e a familia não formam a base da estrutura social, tal como muitos documentos da Igreja dão a entender. Na verdade, estes são frequentemente as vítmas da pobreza, da guerra, do materialismo, do abuso de poder, e de uma Igreja que parece não compreender os desafios que as pessoas casadas enfrentam.
A vida de casado é realmente complexa
Enquanto o documento referido deixa a impressão de que o ensino atual da Igreja tem sido o mesmo desde os tempos de Cristo, ele não consegue reconhecer que foi somente no século XII que o casamento foi tomado como sacramento e que a noção de vínculo indissolúvel, feito por consenso e pela consumação do sexual, foi criação de forma canônica feita por volta da mesma época. Enquanto a Igreja sempre ensinou que “o que Deus uniu o homem não separa” (Mateus 19:6; Marcos 10:9), ela não ofereceu nenhum critério para determinar o que Deus, de fato, uniu. A experiência tem demonstrado que simplesmente cumprir o que a forma canônica de casamento afirma não é garantia de que foi realizado um compromisso genuíno, informado e sincero.
Quando se torna evidente que nenhum compromisso conjugal existe verdadeiramente, o que pode levar muitos anos, ou pior: quando um compromisso conjugal e sincero é desfeito por um parceiro infiel, muitas vezes as pessoas que sofrem com isso são tidas como culpadas ou tratadas como pecadores permanentes, em vez de serem confortadas com perdão e compreensão. Se as pessoas divorciadas no civil tentassem construir um relacionamento posterior, não raro para oferecer um ambiente familiar para as filhos, a Igreja institucional, em lugar de trabalhar no sentido de reconciliação tal como tem feito a maior parte de nossos irmãos cristãos, responde banindo-os da Eucaristia. Esperar que estas pessoas vivam vidas celibatárias expõe uma visão severa e desconfiada quanto à sexualidade humana.
As orientações da Igreja carecem de sensibilidade
Normalmente, para queles que buscam ter relações conjugais pouca orientação é dada sobre a forma de proceder nesta importante tarefa de amadurecimento. A preparação para o casamento resume-se, frequentemente, a evitar qualquer encontro sexual antes das trocas públicas de compromisso e a evitar o uso de contraceptivo, não importando quais sejam as consequências que o casal possa vir a ter. As pessoas que se aventuram em relacionamentos e que podem, até, coabitar junto de um parceiro (ou parceira) em potencial são, unilateralmente, julgados como imaturas, egoístas, que não estão dispostos a compromissos sérios e sem respeito para com as autoridades. Em vez de ajudá-los no que pode ser uma jornada em vista de um relacionamento duradouro, a Igreja condena-os como se estivessem vivendo de forma imoral.
O apoio pastoral para os jovens está aquém
Enfrentamos uma comercialização e exploração da sexualidade humana sem precedentes, especialmente através da comunicação global. Enquanto que a Igreja foi rápida em condenar o que considera imoral, ela oferece pouca ajuda positiva para milhões de pessoas – em particular, os jovens – no que diz respeito a lidar com tais pressões e a desenvolver um entendimento sadio, amoroso, apreciativo e alegre da sexualidade. Enquanto que existem muitas regras para ditar às pessoas quanto ao que (não) fazer, não há praticamente nenhuma ferramenta sendo oferecida que possa ajudar estas pessoas a navegar nas complexas e turbulentas águas de se chegar a um acordo com a própria sexualidade.
A discriminação contra homossexuais continua
Embora a Igreja tenha feito algum progresso em aceitar o fato de que nem todas as pessoas encontram-se chamadas a uma união estável e heterossexual, ela ainda tem feito muito pouco para promover a aceitação de indivíduos com orientações sexuais alternativas como membros dignos, da Igreja e da sociedade. A tarefa de educar os fiéis para o respeito a todas as pessoas humanas que não estejam em conformidade com as próprias expectativas pessoais, em particular quando estas pessoas estão vivendo vidas honradas, ainda está para começar na maioria das paróquias católicas.
A contracepção responsável deveria ser permitida
Nos últimos 45 anos, a liderança da Igreja tem se agarrado a um ensinamento sobre a paternidade que exclui praticamente quase todos os meios de regulação da fertilidade. Após a Gaudium et Spes ter tentado superar a perspectiva canônica de ver o casamento como uma instituição, primeiramente, para a procriação e educação dos filhos, o autor do documento Humanae Vitae, ignorando o conselho de seu próprio comitê consultivo para avançar com o ensino sobre o controle de natalidade, reafirmou a noção de que uma “abertura à procriação” deve ser dada a toda e qualquer ato conjugal, sexual. Os líderes da Igreja precisam perceber que chegou a hora de reformar este ensinamento.
Deveria ser deixada para a consciência de cada casal a possibilidade de eles encontrarem uma maneira responsável de regular a fertilidade, uma regulação que seja apropriada para a situação particular de cada um deles. Enquanto que algumas formas de se evitar a concepção podem ser consideradas abaixo do que seria o ideal, elas não deveriam ser tachadas como “intrinsecamente más”. Tal terminologia confunde mais do que esclarece. O uso de contracepção responsável não deveria ser considerado matéria para o sacramento da reconciliação.
O conselho do laicato sobre a vida de casado é crucial
Por fim, os ensinos oficiais sobre o casamento e a sexualidade, com base em noções abstratas e ultrapassadas de lei natural – ou pelo menos em conceitos de sexualidade humana cientificamente mal-informados –, são, em grande parte, incompreensíveis para a maioria dos fiéis. Os que ensinam precisam não só compreender o assunto, mas também entender aqueles a quem tentam ensinar. Acreditamos que tenha sido feita uma consulta insuficiente com todos aqueles fiéis, representando um amplo espectro de experiência e reflexão, sem mencionar uma quantia considerável de conhecimento entre os que são profissionalmente treinados. Acreditamos ser necessário levar a sério os dados da experiência humana na formação das orientações pastorais.
Professor Dr. Subhash Anand SJ, Filosofia indiana e Religião (Emérito). Pontifical Athenaeum Jnanadeep Vidyapeeth, Pune, Índia.
Doutor Michael D. Anderson, Membro da American Academy of Family Physicians (Emérito), Minneápolis, EUA.
Doutor Luca Badini Confalonieri, Ph.D em Teologia, pesquisador associado da Universidade de Birmingham, Reino Unido.
Professor Dr. Eugene C Bianchi, Religião (Emérito), Universidade de Emory, Atlanta, EUA.
Professor Dr. Juan Barreto Betancort, Novo Testamento e Línguas Clássicas, Universidade de Laguna em Santa Cruz, Tenerife, Ilhas Canárias, Espanha.
Doutor B. Linares, Theology, ex-ministro da Educação, Governo de Gibraltar.
Professor Dr. Ricardo Chica, Economia de Desenvolvimento, Diretor do Centro para Estudos Asiáticos, Universidade de Bolívar, Colômbia.
Professor Dr. Michael L. Cook SJ, Estudos Religiosos (Emérito), Universidade Gonzaga, Spokane, EUA.
Professor Dr. James Dallen, Estudos Religiosos (Emérito), Universidade Gonzaga, Spokane, EUA.
Professor Dr. Gabriel Daly, OSA, Faculdade Irlandesa de Ecumenismo, Trinity College, Dublin, Irlanda.
Doutora Annette Esser, diretora do Instituto Scivias para Arte e Espiritualidade, Bad Kreuznach, Alemanha.
Sr. Dr. Jeannine Grammick, ex-professor associado de Matemática na Universidade de Notre Dame, Maryland, EUA. Cofundador do New Ways Ministry.
Professora Dra. Christine Gudorf, Ética Cristã, Universidade Internacional da Flórida, Miami, EUA.
Professora Dra. Karin Heller, Teologia, Universidade de Whitworth, Spokane, EUA.
Doutor Bernard Hoose, Teologia Moral (Aposentado), Faculdades Heythrop, Universidade de Londres, Reino Unido.
Professor Dr. Michael Hornsby-Smith, Sociologia (Emérito), Universidade de Surrey, Reino Unido.
Professor Dr. Jan Jans, Professor associado de Ética, Universidade de Tilburg, Países Baixos.
Professor Dr. Erik Jurgens, Direito Constitucional, Universidade de Amsterdã, Países Baixos.
Professor Dr. Othmar Keel, Exegese do Antigo Testamento (Emérito), Fribourg, Suíça.
Professor Paul Lakeland, Diretor do Centro para Estudos Católicos, Universidade de Fairfield, Connecticut, EUA.
Professora associada Dr. Julia Lamm, Teologioa, Universidade de Georgetown, Washington DC, EUA.
Professor Dr. Bernard Lang, Estudos sobre o Antigo Testamento, Universidades de Paderborn, Alemanha, e Aarhus, Dinamarca.
Professor Dr. Michael G Lawler, Teologia (Emérito), Universidade de Creighton, Omaha, NE, EUA.
Professor Dr. Gerard Loughlin, Teologia e Religião, Universidade de Durham, Reino Unido.
Professor Dr. John B Lounibos, Teologia (Emérito) Faculdade Dominicana, Orangeburg, Nova Iorque, EUA.
Professora Dra. Judith G. Martin SSJ, Estudos da Religião (Emérita), Universidade de Dayton, EUA.
Doutora Rosemary McHugh MedDr MBA MSpir, Médica de família, professora assistente de Medicina Familiar, Chicago, Illinóis, EUA.
Doutor David B. McLoughlin, Professor acadêmico, Universidade de Newman, Birmingham, Reino Unido. Ex-president da Associação Católica de Teólogos da Grã-bretanha.
Professor Dr. Norbert Mette, Teologia Prática (Emérito), Universidade de Dortmund, Alemanha.

As novas famílias


Vídeo de uma campanha chilena (em Espanhol):

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Todos somos pecadores


O papa Francisco, em sua tradicional audiência de quarta-feira, celebrada na Praça de São Pedro, no Vaticano, revelou ser “um pecador” como todos e, por isso, se confessa a cada 15 dias.
“Os sacerdotes devem confessar, inclusive os bispos. Todos somos pecadores, inclusive o Papa, que se confessa a cada duas semanas. O Papa também é um pecador”, declarou Francisco diante de aproximadamente 50 mil fiéis que abarrotavam a praça nesta manhã.
O Papa argentino também explicou porque se senta em frente ao seu confessor a cada 15 dias. “Ele escuta as coisas que lhe conto, me aconselha e me perdoa. E eu necessito deste perdão”, acrescentou o Pontífice.

O ex-arcebispo de Buenos Aires dedicou sua catequese de hoje ao perdão e ao sacramento da confissão, especificando que, apesar dos fiéis católicos “se confessarem diretamente com Deus”, é necessário fazê-la através de um confessor para obter “a segurança do perdão”.
“É um pouco difícil – acrescentou o Papa – entender como um homem pode perdoar os pecados. Jesus nos dá o poder. A Igreja é depositária do poder das chaves: para abrir ou fechar, de perdoar”.
“Não se pode esquecer que Deus nunca se cansa de perdoarmos. Mediante o Ministério do sacerdote, nos dá um abraço que nos regenera e nos permite levantar para retomar de novo o caminho”, acrescentou o Papa.
Por outra parte, Francisco também explicou que o sacramento da confissão “é muito delicado” para os sacerdotes e que é necessário que o coração destes “esteja em paz”, “que não maltrate os fiéis e que seja amigo fiel e misericordioso de todos eles”.
“O sacerdote que não tenha esta disposição espiritual é melhor que não dê o sacramento da penitência até que não se corrija”, completou o Pontífice.

EFEEFE – Agencia EFE - Todos os direitos reservados.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

A Igreja Católica e a Aids


No verão de 2010, o jornalista alemão Peter Seewald se sentou com o Papa Bento XVI por vários dias para uma entrevista. Eles falaram sobre várias questões, mas a que mais chamou atenção do público foi a conversa que tiveram sobre Aids.
Seewald perguntou ao papa sobre os esforços da Igreja em combater a Aids, especialmente à luz de sua rígida oposição à contracepção. "Há críticos", disse Seewald francamente, "que argumentam que é loucura proibir uma população de alto risco de usar camisinhas." O papa Bento deu uma longa resposta. No final, ele parecia fazer o que militantes da Aids vinham pedindo desde que a doença se tornou conhecida; ele parecia reverter a posição da igreja sobre camisinhas:
"Pode haver uma razão no caso de alguns indivíduos, como talvez quando um prostituto usa uma camisinha, em que isso pode ser um primeiro passo na direção de uma moralização, uma primeira presunção de responsabilidade, na direção de recuperar uma consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer qualquer coisa que se queira."
Sewald ficou surpreso com a resposta do papa. "Então você está dizendo", ele perguntou, "que a Igreja Católica na verdade não é contra o uso de camisinhas, em princípio?" Mais uma vez, uma supreendente reversão do papa:
"É claro que ela não vê como uma solução real ou moral, mas, em um caso ou outro, ainda assim pode haver, na intenção de reduzir o risco de infecção, um primeiro passo em um movimento na direção de um caminho diferente, mais humano de viver a sexualidade."
Esse papa ferrenhamente conservador deu um primeiro passo na direção da posição da Igreja sobre as camisinhas - um passo que poucos achavam que ele daria, em um caminho que poderia levar à erradicação da Aids, se assim o Vaticano decidisse.
Se não podemos fazer isso sem o governo do nosso lado, certamente não podemos fazê-lo sem as instituições religiosas. Sim, isso significa ajudar os necessitados, dar tratamento e apoio - o que, para sermos justos, a Igreja Católica já faz bastante. Mas isso significa ainda mais. Significa incentivar a prevenção com base na lógica e na ciência. Significa rejeitar o estigma em vez de reforçá-lo. Significa acabar, de uma vez por todas, com a campanha de desinformação.
Isso vale especialmente para a Igreja Católica, tanto por sua história quanto pelo seu extraordinário alcance de cerca de 1 bilhão de fiéis. 
Não existe religião que acredite que devemos dar as costas aos doentes. Nenhum deus poderia aprovar a inação e a desinformação que resultem em morte. Nenhum deus amoroso poderia concebivelmente aceitar essa consequências. 
É essencial observar que inúmeros católicos, especialmente freiras e padres que cuidam de pessoas que vivem com HIV/Aids, optaram por rejeitar o dogma da Igreja. Eles incentivam as pessoas com quem trabalham a usar camisinha. Eles consideram a posição da Igreja impossível de se justificar diante da morte e do sofrimento. 
Passar algum tempo ao lado desses padres e freiras dedicados é saber que eles são a verdadeira igreja. Eles são pessoas que realmente obedecem e representam os ensinamentos de Cristo. 

O amor é a cura: Sobre vida, perdas e o fim da Aids de Elton John. Amarylis, 2013. pp. 188-197.
Resumo: Hugo Nogueira

domingo, 17 de novembro de 2013

O que a Bíblia diz sobre a homossexualidade?


A Bíblia não diz nada sobre a "homossexualidade" como uma dimensão inata da personalidade. Orientação sexual não é um conceito dos tempos bíblicos. Há referências na Bíblia a comportamentos sexuais entre pessoas do mesmo sexo, e todas são inegavelmente negativas. Mas, essas passagens, na realidade, condenam a violência, a idolatria e a exploração que podem estar ligadas a esses comportamentos e não o fato de a relação ser entre pessoas do mesmo sexo. Há referências na Bíblia a comportamentos sexuais entre pessoas de sexo diferente condenadas pelas mesmas razões.

Não há palavra no hebraico, aramaico ou grego para "homossexual" ou "homossexualidade". Essas palavras foram criadas no final do século XIX, quando psicanalistas começaram a descobrir que a sexualidade é uma parte essencial da personalidade em toda a sua diversidade. Consequentemente, não pode ser dito que a Bíblia diz algo sobre ela. Os escritores da Bíblia não tinham essa compreensão, nem a linguagem para isso. 

Há uma única referência ao sexo entre mulheres, Romanos 1, 26. O contexto dessa refência é a idolatria. E o comportamento sexual descrito é uma orgia, não um casamento. O que é condenada é a idolatria.

A sexualidade é um presente maravilhoso de Deus. É mais do que um comportamento genital. É a maneira como nos expressamos no mundo. Não podemos amar uma pessoa intimamente sem usar nossos corpos. E isso envolve o comportamento genital. O amor sexual com o propósito de receber e dar prazer ao nosso parceiro mais íntimo. É uma maneira de aprofundar e fortalecer a relação. Isso só pode ser saudável e bom se nosso comportamento for coerente com quem nós somos e a quem amamos, e quando somos verdadeiros em relação à nossa orientação sexual.

Com relação ao casamento, é importante lembrar que a Bíblia foi escrita em uma cultura patriarcal onde as mulheres estavam submetidas aos homens que as controlavam. O casamento não era uma parceria entre iguais, mas uma forma de o homem tomar a mulher como sua propriedade. As mulheres proporcionavam companhia, filhos e o seu trabalho. Certamente, o amor entre um homem e uma mulher poderia acontecer, mas o amor não era a base do casamento. Consequentemente, o conceito bíblico de casamento não é apropriado hodiernamente.Não aceitamos mais que as mulheres são inferiores aos homens, nem que o casamento é uma transferência de propriedade. O conceito de casamento evoluiu ao longo da história. Hoje, o compreendemos como uma relação voluntária baseada no amor, respeito, dedicação e reciprocidade. O que realmente importa é a qualidade do relacionamento e não o gênero das pessoas envolvidas. O casamento não é criado por uma cerimônia religiosa ou uma união civil. Ele é criado por pessoas que assumem um compromisso entre si. Independente de ocorrer uma cerimônia religiosa ou união civil, o casamento que duas pessoas fazem de forma privada também é válido e honroso. O casamento não deve ser entendido como um pré-requisito. As relações não precisam necessariamente constituir casamentos. O casamento é um compromisso para a vida inteira, que nem todas as pessoas estão dispostas ou deveriam fazer. Estar solteiro e em uma relação também é uma escolha digna. 

Gays, lésbicas, bissexuais [e transgêneros] fazem parte da Criação, foram criados para ser exatamente da maneira que são, e são completamente amados e queridos por Deus, que não deseja que as pessoas vivam solitárias sem companhia. Deus espera que tenhamos relações amorosas que incluem o sexo. A Bíblia não diz isso, naturalmente. Todavia, não o nega. Isso é uma verdade baseada na ênfase que a Bíblia dá à bondade da Criação de Deus e ao valor supremo do amor e também na compreensão maior da natureza humana disponível atualmente. Deus não tinha a intenção de que vivêssemos aprisionados ao mundo da cultura da época em que a Bíblia foi escrita, mas no mundo que está em constante evolução com as contribuições da ciência, razão e experiência.

Indicações bibliográficas:

 • Blessed Bi Spirit: Bisexual People of Faith, edited by Debra R. Kolodny (Continuum, 2000);      
• Freedom, Glorious Freedom: The Spiritual Journey to the Fullness of Life for Gays, Lesbians, and Everybody Else, by John J. McNeill (Beacon Press, 1995);      
• The Good Book: Reading the Bible with Mind and Heart, by Peter J. Gomes (William Morrow and Company Inc., 1996);      
• Is The Homosexual My Neighbor?: Another Christian View (Revised) by Letha Scanzoni and Virginia Ramey Mollenkott (Harper & Row Publishers, 1996);     
• The New Testament and Homosexuality: Contextual Background and Contemporary Debate by Robin Scroggs (Fortress Press, 1983);     
• Our Passion for Justice: Images of Power, Sexuality, and Liberation by Carter Heyward (The Pilgrim Press, 1984);     
• Recognizing Ourselves: Ceremonies of Lesbian and Gay Commitment by Ellen Lewin (Columbia University Press, 1998);     
• Stranger At The Gate: To Be Gay and Christian in America by Mel White (Plume, 1994);      
• Twice Blessed: On Being Lesbian, gay and Jewish edited by Christie Balka and Andy Rose, (Beacon Press, 1989); e     
• What the Bible Really Says About Homosexuality by Daniel A. Helminiak, Ph.D. (Alamo Square Press, 1994).[Publicado no Brasil: 
O que a Bíblia realmente diz sobre a homossexualidade (Edições GLS. 1998).]

Jimmy Creech, pastor metodista

Human Rights Campaign 

Tradução e adaptação: Hugo Nogueira

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