sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

A gente conta com você


A gente conta com você para fazer do Diversidade Católica um núcleo de vivência e aprendizado cristão, bem como um canal permanente de comunicação entre grupos LGBT e grupos católicos. Nossa missão, você sabe, é promover e difundir a Boa Nova de Jesus Cristo e a participação no Reino de Deus com a partilha da experiência de Seu amor a todos os fiéis tradicionalmente excluídos do corpo eclesial por sua identidade e/ou orientação sexual.

É sempre importante ter em mente inclusive que o Diversidade Católica acredita e se pauta nos seguintes valores:
1. Dignidade. Todas as identidades e orientações sexuais gozam de igual dignidade.
2. Perseverança. Somos cientes das provações do caminho e nos mantemos fiéis à missão.
3. Fraternidade. Somos uma comunidade cujos membros se ajudam mutuamente.
4. Tolerância. Estamos abertos ao diálogo com outros pontos de vista.
5. Fidelidade. Somos membros inalienáveis da Igreja Católica Apostólica Romana.
6. Caridade. Ajudamos o desenvolvimento pessoal dos nossos membros e da comunidade externa.

Ah, e não deixe de acessar com frequência a nossa página no Facebook (https://www.facebook.com/divcatolica), o nosso site (http://www.diversidadecatolica.com.br) e blog (http://diversidadecatolica.blogspot.com), pois os mantemos periodicamente atualizados para você.

Por tudo isso, que seja este o espaço acolhedor que você merece.

Um abraço fraternal e a Paz de Cristo,
Equipe Diversidade Católica.

Os cristãos que defendem o casamento gay


São religiosos, comprometidos socialmente e defendem o projeto de lei sobre o "casamento para todos" da França. Enquanto a voz dos contrários se torna cada vez mais forte na sociedade e as religiões estão na vanguarda, quem são os cristãos que expressam uma opinião diferente?

A reportagem é de Aymeric Christensen, publicada no sítio da revista La Vie, 14-12-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No domingo, 16 de dezembro, foi escrito um novo capítulo do debate sobre o projeto de lei de abertura do casamento aos casais do mesmo sexo: desta vez, foram as pessoas favoráveis à lei que saíram às ruas.

Depois das manifestações de novembro nas grandes cidades francesas, e à espera do rassemblement nacional dos opositores ao "casamento para todos" no próximo dia 13 de janeiro, foi a vez das associações "pela igualdade" desfilarem em Paris no domingo, 16 de dezembro, para fazer ouvir a sua voz, respondendo ao apelo do Inter-LGBT (que reúne cerca de 60 associações que militam a favor dos direitos dos homossexuais). O Partido Socialista também havia pedido que os seus militantes se unissem ao movimento.

Enquanto inúmeros católicos são muito ativos contra o projeto de lei, também há cristãos que o defendem. Alguns estiveram presentes na manifestação do domingo, outros não marcharam, mas se recusam a constituir uma oposição de frente e lamentam a forma tomada pelas declarações de certos católicos e do episcopado. Muitos consideram inevitável a evolução da legislação e, apesar de algumas reservas com relação à filiação, preferem expressar publicamente opiniões mais matizadas.

Eis uma pequena resenha das posições que se destacaram nas últimas semanas.

Os convictos
Eles estão comprometidos há muito tempo com esse tema. "Cristãos inclusivos" (ou seja, favoráveis ao casamento gay), membros de associações, blogueiros e artistas: para eles, a igualdade dos direitos tem a primazia, e nem o "casamento para todos", nem a adoção para os casais homossexuais entram em contradição com o seu compromisso como cristãos.

Stéphane Lavigotte, pastor da Mission Populaire Évangélique e membro dos Carrefour de Chrétiens Inclusifs

"Sim, toda a sociedade precisa de marcos, de normas, de referências. Mas os pontos de referência são uma forma ou outra de casamento ou de casal? Ou, ao invés, os valores da justiça, do direito, da escuta, do diálogo? A lei que resume todos eles é: 'Ame o seu próximo como a si mesmo'... e não 'Não toque no meu casamento'..."

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Patrick Sanguinetti e Elisabeth Saint-Guily, co-porta-vozes da associação David & Jonathan

"Pedimos que aqueles e aquelas que desejam se casar possam fazê-lo. Pedimos que aqueles e aquelas que queiram adotar e criar filhos possam fazê-lo. Pedimos que aquelas que queiram carregar crianças dentro de si com a ajuda da Procriação Medicamente Assistida possam fazê-lo. Consideramos que esses progressos são uma concretização do Amor, inspirado pelos Evangelhos, mas também pelos princípios republicanos de liberdade, igualdade e fraternidade."

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Florent Serrette, conselheira municipal de um município rural no Jura, França

"Sou favorável à implementação da igualdade para todos prometida pelo nosso lema republicano, abrindo o direito ao casamento e à adoção para os casais do mesmo sexo. Eu me ofendi, ou, melhor, me senti insultada pelas declarações do cardeal Vingt-Trois ('fraude'), do cardeal Barbarin ('poligamia', 'incesto') e pelos textos da diocese de Dijon ('pedofilia'). Por isso, parece-me necessário afirmar que eu não me reconheço nessa expressão monolítica não não reflete a diversidade de opinião dos 41 milhões de católicos (dos quais menos de 3 milhões são praticantes) no nosso país. Católicos progressistas, tomemos a palavra!"

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Olivier Py, diretor, dramaturgo e ator, ex-diretor do Théâtre de l'Odéon

"os homossexuais não querem destruir o casamento, já que, ao contrário, pedem mais casamento e mais família, família atípica, mas família, mesmo assim. Continua sendo uma afirmação pouco documentada em que sentido o fato de os homossexuais terem o direito ao casamento é algo que destruiria o casamento para os heterossexuais. (…) O problema da adoção seria mais delicado? Mas o fato de ter pais, ou um pai e uma mãe, não é uma questão teológica. Podemos e devemos nos preocupar com a felicidade da criança que será adotada, e é isso que fazem os pais que adotam e que desejam aquelas crianças que eles não conceberam geneticamente."

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Marthe, do blog Le Blog de Marthe

"Ter respeito e às vezes até mesmo admiração pelos casais homossexuais me leva naturalmente a desejar para eles aquilo de que eu mesmo me beneficio: uma instituição que permita estruturar, sustentar e fazer um compromisso por toda a vida. E, constatando que são muito poucos, como católicos praticantes, os que professam isso, eu também sei que é em nome da minha fé, iluminada pela minha fé, e não apesar da minha fé, que eu o professo."

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Blog Baroque et Fatigué

"Do meu ponto de vista – e acima de tudo como católico –, não sou hostil ao fato de que casais do mesmo sexo possam se casar e adotar crianças. (...) A Igreja tem algo a dizer aos homossexuais e, certamente, algo diferente do discurso inaudível que ela lhes propõe com ainda muita frequência. O documento publicado recentemente pelos bispos franceses é encorajador. Mas talvez se poderia, muito simplesmente, renunciar a fazer pesar uma reprovação específica sobre as relações amorosas entre pessoas do mesmo sexo e se contentar em chamar essas pessoas à santidade. Em suma, anunciar-lhes aquela 'terrível exigência' de Cristo, que vale para eles nem mais nem menos do que para aqueles que se apaixonam por pessoas do sexo oposto: que cada um renuncie à sua cobiça!"

Os pragmáticos
Não necessariamente convencidos há muito tempo, às vezes favoráveis a uma "união civil", eles consideram que a abertura do casamento a todos os casais é inevitável hoje, particularmente por causa da discriminação contra as pessoas homossexuais e pela proteção das crianças que já vivem em um ambiente homoparental.

Claude Besson, autor de Homosexuels catholiques, sortir de l'impasse (Ed. De l'Atelier)

"A título pessoal, eu preferiria, no entanto, outra palavra, tipo 'união civil', que indicaria a mesma realidade, mas preservaria o símbolo do matrimônio entre um homem e uma mulher. O matrimônio, permitindo que o parceiro do mesmo sexo adotasse os filhos do cônjuge, também asseguraria a proteção dos filhos. Milhares de crianças vivem hoje nascidas de uniões heterossexuais anteriores, mas criados por casais homossexuais. Diz-se que o direito à adoção corre o risco de provocar a procriação medicamente assistida e a gestação de aluguel. Mas é um problema de bioética, antes de ser um problema ligado à homossexualidade. Não estamos fazendo da homossexualidade o bode expiatório dessas questões que se apresentam para todos?"

* * *

Témoignage Chrétien

"Rejeitar esse contrato aos homossexuais seria acrescentaria uma enésima discriminação àquelas dos quais eles já foram objeto muito frequentemente. É por isso que consideramos justo que ele seja aberto àqueles – homens e mulheres – que querem dar um quadro lícito mais forte para a sua união. Caberá às religiões refletir sobre o sentido do casamento religioso, mas seria um grave erro político colocar um contra o outro. Lembremos, enfim, que as mesmas pessoas que se orgulham das virtudes da união civil hoje, depois de terem rejeitado o PaCS [Pacto Civil de Solidariedade], muitas vezes com as mesmas palavras, são os primeiros responsáveis por uma radicalidade gerada pelo seu fechamento às liberdades individuais. Esperamos que a lição sirva."

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Padre Jonathan, padre, homossexual e blogueiro

"Se eu tivesse escrito sobre esse assunto no meu primeiro ano de seminário, eu seguramente teria escrito: 'Contra o casamento gay, em nome da fé cristã'. Mas, hoje, tendo me tornado padre, tendo descoberto e aceito a minha homossexualidade, estando melhor formado na tradição cristã, defenderei a posição oposta. (...) O que faz um casal (...) é a palavra livre e publicamente proferida entre um homem e uma mulher. (...) Se há uma coisa que 'falta' aos casais homossexuais hoje é justamente isso. Se as relações sexuais podem (mas é necessário?) ser qualificadas como desordenadas, é justamente por isso: é que a sua vida comum não pode se fundamentar em uma palavra proferida publicamente. (...) É por isso que eu espero ver o casamento homossexual ser rapidamente legalizado na França... (ainda será preciso refletir sobre a homoparentalidade, mas, a meu ver, não é a mesma questão)."

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Elie Geffay, padre e prefeito de Eréac (Côtes d'Armor)

"Não é um assunto que me angustia. Estou ouvindo o surgimento de novas preocupações, tento entender... Não é simples! Digamos que, de um ponto de vista antropológico, tenho razões para ser contra o projeto, mas, do ponto de vista político, ao invés, sou bastante favorável à legislação. A Igreja rejeita certas coisas em nome de um ideal mais elevado, mas talvez um idealismo demais não é operante na realidade. A meu ver, é melhor uma lei, embora um pouco vacilante. Além disso, estou convencido de que o número de pessoas realmente interessadas é muito frágil. Não levantará problemas enormes."

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Bernard Perret, engenheiro e economista, autor de Pour une raison écologiste (Ed. Flammarion) e de Une société an mal d'utopie (Ed. Desclée de Brouwer)

"Quer gostemos ou não, é a questão do respeito à alteridade que é posto através da reivindicação da instituição do casamento gay. Parece-me que a Igreja Católica não pode se isentar disso: estamos prontos para reconhecer a autenticidade e o valor do amor vivido pelos casais homossexuais? Certamente, seria desejável que esse reconhecimento não passasse através do acesso ao casamento, mas certamente é tarde demais para se opor a isso. Nós nos encontraríamos em uma melhor posição para combater essa solução se não tivéssemos contribuído para encerrar os homossexuais em uma lógica de guerra pelo reconhecimento."

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Os 1.400 signatários do artigo Sur le mariage, l'Eglise aussi è diverse

"Lamentamos saber que a única palavra cristã que se ouve é a da rejeição do 'casamento para todos'. Embora compreendendo e respeitando os argumentos dos opositores, nós não os compartilhamos. Não há nada de dramático, nem de excepcional. Lamentamos constatar que muitos dos nossos irmãos e irmãs cristãos, começando pelos responsáveis religiosos, gastam tanta energia para avaliar midiaticamente a questão do casamento para todos, muito mais do que para outros assuntos em que a palavra cristã seria igualmente legítima, como a acolhida aos estrangeiros, a cultura da paz, a erradicação da pobreza e a mercantilização do mundo."

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Aqueles que têm reservas
Mais favoráveis ao "casamento para todos", eles manifestam dúvidas, no entanto, com relação ao projeto de lei, em particular sobre os problemas levantados pela adoção e pela filiação.

Anne Soupa, biblista, co-fundadora do Comité de la Jupe e da Conférence des Baptisé-e-s de France

"Sobre a questão da homoparentalidade, as declarações são imediatas, seja de quem nega a sua existência – 'todos os estudos mostram que as crianças não levantam nenhum problema' –, seja de quem afirma categoricamente que 'as crianças não podem crescer sem um pai e uma mãe'. A violência dessas declarações categóricas (negações ou exageros do problema) me parece ser um dos fardos mais pesados entre aqueles levantados pelo projeto de lei. (...) Certamente, uma criança pode receber amor e uma boa educação em uma família homossexual. O fato de que isso seja ardentemente desejado é para ele algo positivo, contanto que, como em outras circunstâncias, que o amor não seja possessivo. Mas também é algo evidente que se complica a sua vida ao lhe privar do terreno experimental primário da alteridade, expressa por um pai e por uma mãe. 'As crianças constroem a sua alteridade sozinhos', dizem certos psicólogos. Talvez, mas a que preço e à custa de quê?"

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Monique Hébrard, jornalista e escritora

"Hoje, em nome de que os cristãos imporiam a sua visão ao Estado laico? (...) Há ainda o problema dos filhos. É um sofrimento profundo para muitos casais de homens ou de mulheres. (...) Mas quando sabemos como a busca das origens pode ser dolorosa e como os filhos de pais múltiplos podem ser desestabilizados, hesitamos. Parece-me que a lei é sábia ao limitar a adoção, já que, nesse caso, se trata de uma vida que já existe e que é privada de amor. Um casal homossexual pode oferecer amor, sem aumentar o peso das origens para a criança, pois ela já tem essa deficiência."

Fonte
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