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Ousar é preciso, sabemos.
Ousamos. E realizamos. Podemos fracassar, mas o fracasso pode ser a outra face da ousadia.
Não ousamos e, necessariamente, fracassamos.
Por que, então, às vezes (ou sempre, no caso caso de alguns), não ousamos?
Melhor: quando não ousamos?
Primeira resposta para a nossa ousada falta de ousadia.
Não ousamos quando temos uma expectativa pequena na vida. Podemos até ter uma longa expectativa de vida, sem que tenhamos uma grande expectativa.
Não ousamos quando, tendo alcançado um degrau, sentamo-nos nele como se fosse o mais alto que somos capaz de pisar.
Esta satisfação (conformismo, melhor dizendo) gera um desinteresse em ousar.
Quem espera pequenas coisas, alcança pequenas coisas.
Esperemos grandes coisas, se queremos alcançar coisas grande.
Eis a segunda resposta para a falta de ousadia, às vezes presente em nós.
Não ousamos quando tememos a crítica que o nosso gesto pode fazer nascer.
Num grupo de dez pessoas, quando nos lançarmos a algo novo, a primeira nos aplaudirá, a segunda agradecerá pelo que fizemos, a terceira dirá que lhe servimos de exemplo, a quarta não se interessará pelo que estamos fazendo, a quinta esperará pelo que vai acontecer, a sexta torcerá para que nossa proposta dê errado e as outras quatro nos reprovarão, não importa o resultado de nossa iniciativa. Então, ficamos sem estímulo para ousar.
Somos, antes, chamados a lançar o pão sobre as águas (Eclesiastes 11.1), tarefa para uma pessoa ousada que aquela que acredita que, depois de muitos dias, mesmo contra as evidências, vai reencontrá-lo.
Somos chamados, como Noé, a construir uma arca, quando não havia sequer sinal de chuva no firmamento.
O ousado vê o que a maioria não vê. A maioria segue os ousados, que vão adiante.
A terceira resposta para nossa eventual (ou definitiva) falta de ousadia tem a ver com uma disposição interior, que nem sempre conseguimos avaliar bem.
Não ousamos quando temos medo de fracassar.
Por alguma razão, talvez além de nossa compreensão, elegemos o sucesso como meta, desde que alcançá-la não implique em riscos, como se isto fosse possível.
É conhecida as múltiplas experiências de fracasso daquele que é considerado o maior presidente dos Estados Unidos: Abraham Lincoln. Sua vitória nas eleições presidenciais foi precedido por sucessivas derrotas, banhadas nas lágrimas da depressão. O que ele disse sobre perdas define bem a razão de seu triunfo: “O campo da derrota não está povoado de fracassos, mas de homens que tombaram antes de vencer.”
Só fracassa quem ousa.
No entanto, por alguma razão, que a nossa memória guarda, clara ou implicitamente, não confiamos em nós mesmos, como se não fossemos forjados à imagem-semelhança de Deus, Aquele que criou TUDO, começando da primeira coisa, uma após outra, a partir do NADA.
A quarta razão para uma vida tímida nos empurra para o território da fé.
Não ousamos quando o deus em quem cremos é pequeno demais.
Muitos de nós cremos num deus menor, muito menor que o Deus verdadeiro revelado na Bíblia. Ignoramos o que Ele mesmo afirma:
“Assim como os céus são mais altos do que a terra,
também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos,
e os meus pensamentos, mais altos do que os seus pensamentos. (Isaías 55.9)
Lembremo-nos que o próprio ato de crer é um ato de ousadia.
Não é a fé “a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hebreus 11.1)?
Não estivemos à beira do túmulo deixado vazio por Jesus, mas cremos que Ele ressuscitou.
Não sabemos como será o céu, senão por metáforas, mas estamos caminhando para lá.
Quem crê creu porque ousou.
Ousamos nesta área.
Ousemos nas outras.
- Israel Belo de Azevedo
Publicado originalmente no Prazer da Palavra e reproduzido via Pavablog Tweet
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