Algum tempo atrás quando fiz um breve comentário de como nosso amigo Bolsonaro contribui e muito com suas baboseiras pra dar visibilidade aos absurdos e injustiças a cerca da Diversidade Sexual. Em maio deste ano a novela Insensato Coração abordou o tema, ainda com passos curtos, mas passos, e acredito que Bolsonaro teve sua parcela de contribuição significativa no fato.
Os veículos de comunicação estão ficando menos tímidos e fugindo da mediocridade quando tratam do assunto. Lembro-me em 2004 quando a Super Interessante teve a ousadia de falar sobre Casamento Gay, but colocou em sua capa a fetichiosa e machista imagem de duas mulheres, claramente produzidas para a capa, insinuando um beijo numa tentativa de esquivar dos “guardiões da moral e dos bons costumes” que lhe diriam “Não façam isso, senão perderemos público e ficaremos feio na fita com os anunciantes!”
Peço licenças a todas as mulheres gays pra afirmar que a manifestação de afeto entre meninas é mais “tolerada” que a de meninos, por puro machismo. Óbvio que ambos sofremos preconceitos, mas se simularmos num shopping ou rua qualquer, lindas meninas e bonitos rapazes manifestando afeto, poderemos contar quantos tomates os meninos irão ganhar e quantos comentários chulos as meninas vão ouvir dos bocós machistas.
Fiz essa dobradinha à la Xuxa de “MENINOS CONTRA MENINAS”, pra simplesmente tirar o chapéu pra publicação da Resvista Trip que sem mediocridade editorial na era das googadas, do Ctrl+C e Ctrl+V e da irresponsável apuração, resolveu abordar o tema sobre diversidade sexual ilustrando dois belos rapazes manifestando afeto, nada estereotipados, gente como a gente.
A revista não é segmentada ao público LGBT, muito pelo contrário, mas a naturalização do tema pondo em pauta uma discussão num belo momento pertinente, deveria ser o dever daqueles que enfrentaram 4 anos um curso chamado de Comunicação Social. O propósito acho que tá até no nome.
No editorial da Revista o Editor Paulo Lima deixa claro que “é também na visão otimista que fazemos questão de manter em tela, da mesma grandeza do que poderá acontecer em termos de evolução social, amorosa e sensual, quando conseguirmos nos livrar minimamente dessa ignorância, entendendo um pouco mais e melhor como funcionam nosso corpo, nossos sentimentos e nossa alma.” (..) “Essa é a nossa intenção legítima, ao nossa intenção legítima, ao produzir uma edição inteiramente dedicada a explorar de forma aberta e ampla a noção de diversidade sexual.”
Confira o Editorial completo aqui.
Na minha opinião quando uma veículo deixa de ser medíocre ele ecoa, O Blogay da Folha tratou de repercutir a edição e lembrou muito bem que há “falácia que os intolerantes constroem e divulgam para alarmar os menos informados dizendo que uma tal ditadura gay está para reinar -, muito pelo contrário, existe hoje uma tensão entre os que anseiam por liberdade (sexual, espiritual, moral) contra os que querem vigiar, punir, impor dogmas, enfim, oprimir.”
O mesmo blog fez uma rápida entrevista com o redator-chefe da Revista Lino Bocchini, veja as perguntas:
Blogay - Como surgiu a ideia de revista voltada para um público hétero, tocar em um tema tão delicado como liberdade sexual e homofobia?
Lino Bocchini - Entendemos que essas questões não têm sexo e muito menos orientação sexual. A condenação radical da homofobia e o esforço para que todos aceitem o amor do outro, seja que tipo de amor for -- e não só o que foi convencionado como "adequado" -- deveria ser uma preocupação de todos nós.
A revista resolveu se posicionar contra a homofobia?
Sim, abertamente. Está escrito na nossa capa: "HOMOFOBIA É CRIME: INTOLERÂNCIA SEXUAL TEM QUE TER PUNIÇÃO PESADA"
Como surgiu a ideia da capa de dois surfistas se beijando? Como vocês produziram essa foto?
Primeiro, resolvemos fazer a matéria mostrando que, entre surfistas, também há gays. Em tese, essa reportagem poderia ser boba, uma vez que, obviamente, há gays entre qualquer classe ou recorte social/profissional/esportivo. Mas sendo a Trip uma revista que tem o surf em seu DNA (há 25 anos olhamos para a cultura do surf) achamos que nesse caso valia o destaque, seria uma forma de colocar a publicação em si, de forma institucional, como simpatizante dos gays e de sua aceitação e também da diversidade sexual em geral. Bom, isso decidido, quando estávamos discutindo como fotografar os personagens da matéria, pensamos que nada mais contundente do que dois surfistas homens se beijando -- uma ideia da redação que teve total aprovação da direção da editora. Aí começamos a convidar alguns surfistas para a foto, até que esse casal bacana, de Florianópolis, topou. O resultado taí pra todo mundo ver e nos deixou bastante felizes.
Acredito piamente que gerar essas subjetividades nos meios de comunicação é o caminho pra naturalizar as coisas, ou pelo menos os primeiros passos, o cinema largou na frente, a TV come poeira, então, resta-nos os não medíocres.
Enfim Divers@s, não li o conteúdo da matéria pra fazer uma analise mais profunda, mas posso dizer que esta revista sim eu comprarei e a julgarei pela capa.
Rodolfo Viana
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Um comentário:
Adorei! O site está de parabéns! Tenho lido muitas matérias interessantes, graças ao clipping esperto dos editores do blog! E louvado seja Nosso Senhor por uma capa de revista tão divinamente inspirada quanto essa!
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