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A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 9, 2-10 que corresponde ao Segundo Domingo da Quaresma, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto, aqui reproduzido via IHU, com grifos do autor.
O relato da “transfiguração de Jesus” foi desde o início muito popular entre os Seus seguidores. Não é um episódio a mais. A cena, recreada com diversos recursos de carácter simbólico, é grandiosa. Os evangelistas apresentam Jesus com o rosto resplandecente enquanto conversa com Moisés e Elias. Os três discípulos que o acompanharam até o cume da montanha ficam surpreendidos. Não sabem o que pensar de tudo aquilo. O mistério que envolve Jesus é demasiado grande. Marcos diz que estavam assustados.
A cena culmina de forma estranha: “Formou-se uma nuvem que os cobriu e saiu da nuvem uma voz: Este é o Meu Filho amado. Escutai-O”. O movimento de Jesus nasceu escutando a Sua chamada. A Sua Palavra, recolhida mais tarde em quatro pequenos escritos, foi engendrando novos seguidores. A Igreja vive escutando o Seu Evangelho.
Esta mensagem de Jesus encontra hoje muitos obstáculos para chegar até os homens e mulheres do nosso tempo. Ao abandonar a prática religiosa, muitos deixaram de escutá-Lo para sempre. Já não ouvirão falar de Jesus senão de forma casual ou distraída.
Tampouco quem se aproxima das comunidades cristãs pode apreciar facilmente a Palavra de Jesus. A Sua mensagem se perde entre outras práticas, costumes e doutrinas. É difícil captar a sua importância decisiva. A força libertadora do Seu Evangelho fica por vezes bloqueada pela linguagem e por comentários alheios ao Seu espírito.
No entanto, também hoje, o único decisivo que nós cristãos podemos oferecer à sociedade moderna é a Boa Nova proclamada por Jesus, e o Seu projeto de uma vida mais sã e digna. Não podemos continuar a reter a força humanizadora do Seu Evangelho.
Temos de fazer que corra limpa, viva e abundante pelas nossas comunidades. Que chegue até aos lares, que a possam conhecer quem procura um sentido novo para as suas vidas, que a possam escutar quem vive sem esperança.
Temos de aprender a ler juntos o Evangelho. Familiarizar-nos com os relatos evangélicos. Colocar-nos em contato direto e imediato com a Boa Nova de Jesus. Nisso temos de consumir as energias. Daqui começará a renovação da qual necessita hoje a Igreja.
Quando a instituição eclesiástica vai perdendo o poder de atração que teve durante séculos, temos de descobrir a atração que tem Jesus, o Filho amado de Deus, para aqueles que procuram a verdade e a vida. Dentro de poucos anos, daremos conta de que tudo nos está a empurrar para pôr mais fidelidade a Sua Boa Nova no centro do cristianismo.
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