Escultura: Carl Fredrik Reuterswärd (daqui)
Estamos vivendo no Brasil o despertar político da luta pela cidadania gay. A questão do reconhecimento dos direitos sexuais que se inscreve no hall de direitos humanos em qualquer nação que se queira democrática e minimamente herdeira dos ideais da Revolução Francesa - liberdade, igualdade e fratarenidade – suscita paixões arrebatadoras, contra e a favor.
Conseguimos importantes vitórias no Judiciário, no âmbito estadual, aqui no Rio, temos leis para coibir a homofobia, mas nos falta ainda uma legislação nacional que mostre que o país está cumprindo de fato seu papel para com seus cidadãos homossexuais: garantir, mesmo que por leis específicas para grupos discriminados, a igualdade de oportunidades para todos.
Temos a nosso favor o fato de que, cada vez mais, a sociedade entende que a homossexualidade não é uma questão moral, que, de per si, a orientação sexual não define caráter ou sanidade mental. E contra nós os conservadores, dentre os quais os mais aguerridos são os religiosos porque entendem que a homossexualidade vai de encontro à própria criação. E se nós contamos com a crescente aprovação social para que cada um viva a sua vida amando quem se queira, os religiosos homofóbicos tem uma coesão política-ideológica nem sonhada por nós gays, e o neo-pentecostalismo cresce cada vez mais no Brasil.
Os dois parágrafos anteriores foram estruturados em termos de “Eles x Nós”. Esta polarização rompe qualquer possibilidade de procurar um terreno comum a partir do qual se possa dialogar; nos predispõe para a batalha, vendo no “outro” apenas o inimigo a ser subjugado.
Sem dúvida alguma este enfrentamento político, ideológico se faz necessário muitas vezes, e quiçá tivéssemos mais pessoas preparadas e dispostas a realizá-lo. No entanto, é igualmente necessário gente capaz de construir pontes, ainda que frágeis, temerárias, num trabalho insistente e delicado. Conheço religiosos, católicos e evangélicos assim. São como que o fermento que não pressiona “de fora”, mas faz crescer a partir do interior.
Eu não tenho mais paciência, saco, vontade para esta missão, mas peço na minha quase-ainda-fé: Que deus abençoe estes corajosos! Tweet
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