Para Ricardo Rocha Aguieiras ;-)
Nascemos nus. Sem ter nada de concreto para carregar, livres de amarras. Ao longo da vida vamos adquirindo pertences de todo tipo. Uns são reconhecidamente nossos, nós os construímos, os conquistamos e, por isso, somos capazes de descrevê-los em seus mínimos detalhes. Outros simplesmente herdamos dos outros, ganhamos e não sabemos bem de quem, ou fomos catando-os e ajuntando-os sem um critério muito claro ou lógico. Não sabemos muito bem de onde vieram, se são ou não confiáveis, mas os aceitamos. E dessa forma os passamos para a frente, presenteamos outras pessoas.
Acabamos carregando muitas malas que não são nossas e algumas têm um peso enorme. São “malas” a princípio invisíveis, o que dificulta nos desfazermos delas. São crenças, hábitos, manias que de alguma forma nos incomodam, são destrutivos, mas os mantemos. E assim será até o dia em que nos dispusermos a abri-las, uma a uma, e as analisarmos friamente.
Muitas dessas malas dizem respeito à sexualidade. Homem não foge de mulher; homem não chora por qualquer coisa; homem não tem medo de barata; a homossexualidade deve ser combatida; mulher não deve assentar de perna aberta; cabe ao homem manter a casa; serviço pesado é coisa para homem. Enquanto o “bolinho” dos homens discute negócios e política, o das mulheres fala de filhos, escola e casa; futebol é coisa de homem, enquanto balé é para mulher.
Podem parecer malas ultrapassadas, coisas típicas do século passado, mas no que fundo fazem parte daquela parcela de bagagem que já conseguimos separar mas ainda não jogamos fora.
Crescemos ouvindo muitas coisas de nossa família, nossos amigos e inimigos, nossos professores. Ouvimos e lemos de tudo na mídia. E cada um deles vai nos deixando suas lições, suas crenças, seus hábitos, suas malas.
Mudamos muito, evoluímos os conceitos, valores, demos grandes passos contra o preconceito, mas existem remanescentes de uma vergonha inexplicável que faz com que em diversos momentos de nossas vidas o sexo seja um assunto velado, de discussão difícil. Mitos e tabus ainda nos rondam e só passarão a fazer parte do passado quando cada um de nós se preocupar em repensar conceitos que mantém como verdades, muitas vezes sem perceber.
Precisamos construir novas ideias, mesmo que na base estejam antigas necessidades.
- Patrícia Espírito Santo
Reproduzido via Conteúdo Livre Tweet
Um comentário:
Nossa, quanta honra!!!! Se eu enfartar, já sabem...rsrs...Amo descaradamente vocês! Amo até quando discordo, mas discordo concordando , os dias passam e vou lhes dando razão.
Realmente, não são apenas os armários que devem ser abertos, mas as malas que vamos juntando e carregando sem saber o por que e esquecendo até o que tem dentro... este ano, que abramos algumas delas, ao menos...
Beijos emocionados,
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
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