terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A vida na verdade do momento


João Batista foi um homem agreste. Sentiu-se atraído para o deserto. Lá ele podia ser ele mesmo. "Eu sou a voz que clama no deserto". Era onde se sentia em casa, com seus gafanhotos e mel silvestre, ao invés dos melhores restaurantes e hotéis.

Entretanto, as pessoas corriam para ele, que exerceu uma influência fenomenal sobre aqueles que detinham o poder. Livre de apegos e sem perturbações pelas tentações de segurança a que a maioria das pessoas sucumbe, ele tinha uma paixão pela verdade e por contá-la tal como ela é. No final, caindo em desgraça com o rei, pagou o preço final que muitos profetas tiveram de pagar: a sua própria vida.

O Advento não é apenas esperar que algo aconteça. É a espera na esperança e a vida na verdade do momento, com cada sopro respirando a verdade. Trata-se de ser firme com a verdade mesmo nos pequenos compromissos e nas exceções motivadas politicamente que desbastam nossa integridade.

A meditação é uma espécie de deserto, onde só a verdade pode existir. Nossa prática nos ensina a viver feliz lá, para torná-la nosso lar com toda a sua simplicidade e nenhuma necessidade de mobiliário. Então ela floresce com o amor a que a verdade serve, e descobrimos que somos solitários, mas não estamos sozinhos; somos nós mesmos, e não apenas egos isolados tentando sobreviver e se defender. Florescemos com a brava liberdade do Batista, que sabia que estava a serviço de algo maior que ele mesmo. Se soubermos disso, então nenhum preço é demasiado alto a pagar.

Com amor,

Laurence Freeman OSB
Mensagem do autor para a terceira semana deste Advento (veja trecho da mensagem para a primeira semana aqui e, para a segunda semana, aqui). Grifos nossos.
Para saber mais, visite o site da Comunidade Mundial de Meditação Cristã no Brasil.

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