A Vinda de Cristo é o grande evento que agita os corações, sacode as inteligências, inquieta as pessoas e move as estruturas... para uma espera e um encontro surpreendente. É a “mística da gravidez” que cria em nós uma atitude permanente de espera, fazendo-nos crer na força escondida da vida que continuamente está para nascer.
Quem vive o Advento não é prisioneiro da “cotidianidade”, pois mantém o olhar fixo no horizonte, para a revelação da glória de Deus. Se o presente é sem sol, ele está certo da aurora! É tempo de redescobrir quem somos, o que queremos e para onde vamos.
Deus quebrará seu silêncio, a noite escura será iluminada, a primavera substituirá o inverno e o cristão guarda em si o fogo do Espírito Santo, que o mantém sempre vivo, forte e aberto ao futuro. Como o sentinela situado estrategicamente em lugares altos e de amplos horizontes, recebemos a delicada missão de observar, vigiar, discernir e anunciar, para defender a vida do povo.
Mas não basta captar os sinais, devemos também interpretá-los, quando não são claramente perceptíveis, no horizonte longínquo. Outra missão do sentinela, além de olhar, discernir é anunciar o que vê. Esta atitude de permanente vigilância, de contínua conversão do olhar, é constitutiva da vocação cristã.
Como seguidores de Jesus, somos chamados a ser permanentemente, na Igreja e no mundo, sentinelas do Reino, capazes de discernir com lucidez e perspicácia as interpelações e os desafios que surgem no horizonte da história.
Vigiar é ousar renascer, vir-de-novo, recomeçar. Nessa vigilância vislumbramos o decisivo: vivência da ternura, reinvenção da vida, despertar de sonhos e a gratuidade amorosa.
O difícil é esperar. "Desespero é fácil, e uma grande tentação!” (Péguy).
Com essa espera de Deus, com essa esperança, o cristão pode dar sabor à sua vida. A esperança tem suas raízes na eternidade, mas ela se alimenta das pequenas coisas da terra.
O Advento revela segredos futuros, é o ponto final quando todos seremos acolhidos por Aquele que nos espera e nos quer “eternos”. Porque Ele é “terno” e disso temos saudades!
Uma pergunta: O que você “vislumbra” no seu horizonte pessoal, eclesial e social?
- Pe. A. Pallaoro sj
Reproduzido via blog "Terra Boa", do Pe. J. Ramón F. de la Cigoña sj, com grifos nossos
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Celebramos hoje a festa de Nossa Senhora de Guadalupe padroeira da Cidade do México (1737), do México (1895) e da América Latina (1945). Sua origem está na aparição d e Nossa Senhora a um pobre índio da tribo Nahua, Juan Diego Cuauhtlatoatzin, em Tepeyac, noroeste da Cidade do México, em 1531.
Pelos relatos da época, uma "Senhora do Céu" apareceu a Juan Diego (canonizado pelo Papa João Paulo II em 2002), identificou-se como a mãe do verdadeiro Deus, fez crescer flores numa colina semi-desértica em pleno inverno, as quais o pobre indígena devia levar ao bispo, como prova de que efetivamente a Virgem havia aparecido e lhe pedir a construção de um templo naquele lugar. Como prova, Nossa Senhora deixou sua própria imagem impressa milagrosamente no manto do indígena, de péssima qualidade, feito a partir do cacto e que, pelas leis naturais, deveria se deteriorar em menos de 20 anos. E já se passaram mais de 400 séculos!
Em ampliações da face de Nossa Senhora, os seus olhos parecem refletir o que estava à sua frente naquele 1531: Juan Diego e o senhor bispo presentes. Oxalá estejamos sempre nas pupilas da Mãe de Jesus!
Mãe de todos os latino-americanos, rogai a Deus por nós!
- Pe. J. Ramón F. de la Cigoña
Reproduzido via blog "Terra Boa", do Pe. J. Ramón F. de la Cigoña sj Tweet
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