Silhueta de papel: Joe Bagley
Nosso amigo Teleny escreveu recentemente, em artigo que reproduzimos aqui, "sobre as primeiras (moderadas, mas de certo modo, positivas) reações de alguns bispos católicos, ao reconhecimento (pelo STF) da união homoafetiva como legítima. Mais tarde, veio a nota oficial da CNBB (comentada aqui) que, literalmente, detona aquelas primeiras reações dos bispos e acaba com a nossa ilusão de um clima diferente naquele meio.
Existem, entretanto, algumas vozes da Igreja que ressoam em tom diferente. No site da própria CNBB encontrei um pequeno artigo de Dom Aloísio Roque Oppermann, Arcebispo de Uberaba, MG. O tamanho do texto permite a sua transcrição no blog (com grifos nossos). Quem quiser conferir se é verdade, acesse o site da CNBB (aqui). Confesso que li a coisa várias vezes e, a conclusão a qual cheguei é que o Dom Aloísio Roque seria o primeiro bispo católico no Brasil, pronto para abençoar o casamento de pessoas do mesmo sexo. Sei que, no momento, isso não é possível, mas leiam, vocês mesmos, o que ele escreveu. Não é verdade que o bispo expressa sua admiração pelos gays?"
Parece-nos que a parte destacada, sobre receber a bênção de Deus, fica em aberto a respeito de casais héteros e homos. Talvez seja uma estratégia para evitar problemas maiores. Mas é inegável que ler uma posição, senão francamente simpática, pelo menos mais neutra, em pleno site da CNBB, já é um alento.
Nos tempos atuais, sobretudo no meio urbano, moços e moças, não fazem muita força para se casar “de papel passado”. A multidão dos que apenas “ajuntam os trapos”, e vão morar juntos, cresce de ano para ano. Basta percorrer um bairro novo. Parece que os jovens temem assumir compromissos definitivos. O computador que hoje é o último grito, amanhã vai para o aterro sanitário. Os parceiros, convidados para uma “união no Senhor”, parecem preferir a provisoriedade. Ademais, as leis civis embaralharam tanto o direito da família, que ninguém mais precisa casar perante a lei. A legislação não favorece a estabilidade familiar. Caso queiram um documento de união civil, basta dirigir-se ao poder público, que o atestado será fornecido em pouco tempo. E logo em seguida, caso o considerarem necessário, podem obter o “divórcio instantâneo”, sem problema. Por que ainda casar, se a nova geração não sente mais utilidade no reconhecimento público da sociedade? E vejam que ainda nem estou falando do casamento religioso.
Agora vejam a luta dos gays. Querem que suas uniões sejam equiparadas às de uma família tradicional. Querem que existam leis que garantam a herança para o parceiro; que cada qual possa ter acesso ao sistema de saúde; que possam adotar crianças... Eles sabem se mexer. Mas não é este seu objetivo principal. Onde querem chegar, é obter o reconhecimento público da sociedade. É exatamente o que “homem e mulher”, no casamento tradicional, julgam poder dispensar. A aprovação pública de casamentos heterossexuais não é apenas útil, mas uma garantia para a estabilidade da família. A legislação civil não se ocupa em facilitar a perenidade da família. Sua maior preocupação é criar leis que facilitem qualquer veleidade de separação. Agora digo uma coisa. Para quem tem fé cristã, e tem verdadeiro amor ao parceiro, receber a bênção de Deus se torna um imperativo categórico. Isso vem em primeiro lugar. Também casar perante a lei civil é de grande valor. Mas vem em segundo lugar. Tweet
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