terça-feira, 17 de maio de 2011

Quem tem medo do Lobo Mau?

Num dia deliciosamente chuvoso, resolvi acolher o chamado dos meus irmãos-amigos nessa maratona gay-católica de vida e simplesmente refletir sobre o nosso famigerado 17 de maio, dia mundial de combate à homofobia. Bem, é uma data marcante porque, em algum 17 de maio desses por aí, alguém disse que eu não sou um ponto fora da curva da normalidade científica. A questão, agora, são as outras curvas nas quais eu e boa parte das pessoas que amo, ainda somos pontos perdidos looonge, longe.

Uma das curvas - e, pra mim, catolicona das antigas, a mais dolorosa - é a Igreja. Chega a me dar um embrulho falar "Igreja" em tempos de CNBB fazendo vexame publicamente (e eu sofro de vergonha alheia). Mas acabei de pensar uma coisa que considero um daqueles carinhos que Deus me faz ao longo do dia: A minha Igreja não é homofóbica. A MINHA Igreja (com I maiúsculo), a minha comunidade, os meus ensinamentos e doutrina estão anos luz fora da curva no gráfico dessa caça às bruxas homofóbica que vem acontecendo dentro e fora da religião. A minha Igreja, o coração dela, de onde emana a vida em abundância, é a coragem e a força dentro de cada um que se coloca, todo dia, contra a injustiça prática, não a teórica; parte de cada um que não aceita que o outro seja menosprezado por ser diferente, que não abaixa os olhos pra uma liderança deturpada que deforma o bem mais precioso da sociedade: a família. Família não é mais há muito tempo um núcleo de homem provedor, mulher submissa e filhos gordinhos e infelizes. A minha família hoje é um conjunto de jovens de alma viva que sorriem em paz quando se encontram porque são todos irmãos num Cristo que inclui.

Que o 17 de maio seja muito mais do que um dia para ações pontuais. Que ele seja um lembrete para que possamos propagar o combate à Homofobia da forma mais amorosa, como o próprio Pai nos ensinou, por onde quer que andemos, porque amor não pode causar medo em ninguém, dia nenhum do ano.

Com amor,
Zu

2 comentários:

teleny disse...

Zu!
Excelente intuição e belíssimo texto!
Ouvi uma vez que a Igreja é como o ovo. A estrutura (hierarquia, etc.) é como a casca, mas a vida está dentro. E nem preciso entrar em detalhes de como fica a casca antes de ser lavada, além de ser dura por natureza. Em seus desígnios misteriosos, o Senhor permitiu que fosse assim. Deve ser para nossa santificação. Não podemos deixar de rezar pelos pastores, para que se tornem, cada vez mais, à imagem e semelhança do Bom Pastor.
Abraço!
Deus abençoe Você e toda Equipe da Diversidade Católica!

Zu. disse...

Oi, oi, querido! Muito obrigada pela força e, principalmente, pela consciência. Você tem toda a razão quando traz a alegoria da Igreja sendo ovo. É isso mesmo. Se o que está dentro não amadurece e sai pra vida, o ovo acaba - como a gente diz, na roça - "gourando".
Que a comunidade seja cada vez mais consciente e aberta ao amor; que ela seja fonte de vida e que os pastores não machuquem nunca suas ovelhas (cor-de-rosa) ;)
Com beijinho, Zu.

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