quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Ser gay pra mim é uma benção


Percebemos que a ideia de conciliar nossas identidades de gays e católicos muitas vezes causa um certo estranhamento ou mesmo desconforto em algumas pessoas - e, nesse caso, não só os "fundamentalistas", mas também em muitos gays não-religiosos. Em vista disso, iniciamos há algumas semanas uma série de depoimentos aqui no blog, que serão publicados sempre às quintas-feiras, às 15h, de algumas das pessoas que frequentam as reuniões e atividades do Diversidade Católica e que se dispuseram a compartilhar, com os leitores do blog, um pouco de suas histórias e suas vivências como gays e católicos que são.

A série pode ser acessada através da tag "gay e cristão".

A cada um deles, sempre, nosso muito obrigado. :-)


Fui sempre o bom católico e agi de acordo com os protocolos. Fiz minha primeira comunhão de branco em uma igrejinha daquelas que a gente só vê nos filmes dos Trapalhões no Ceará. Aos 15 anos, também como todo bom católico, fiz Crisma, na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Além de ter recebido o sacramento pelo Bispo, tudo direitinho, fiz meu curso de Crisma na Catedral também, onde tínhamos freqüentes visitas do próprio sob o olhar de nossa catequista , como que dizia “senta direito”. A partir dali fui para uma paróquia mesmo. Rapidamente entrei num grupo, me envolvi em sua liderança e sempre ia onde me chamavam, fiz e servi em diversos encontros, retiros e formações. Meu Domingo, não era de descanso.

Um deles me tocou em especial aos 18 anos e resolvi largar o trabalho que realizava na Paróquia da Na Sra do Rosário de Fátima S. Antônio de Lisboa na Taquara aqui no Rio e seguir ao chamado, segundo meu entendimento da época. De forma muito lúdica e carismática seguia o meu caminho de bom católico, procurando em minha postura avançar no que podia em tão encantadora maneira de viver minha espiritualidade.

A experiência proporcionada a mim e depois retransmitida aos demais era de um calor humano fantástico e assim segui por mais 5 anos.

O engraçado foi que nos mesmos 18 anos, justo no período do bendito “chamado”, foi nesta mesma idade que me envolvi com um rapaz na escola. Digamos que naquele momento eu larguei a “meinha” que sempre rolava aqui e ali pra tremer as tamancas, suar frio pra entender o que acontecia comigo. Como todo adolescente era tudo muito confuso e difícil, mas óbvio, sempre podia ficar pior.

Neste momento iniciou dentro de mim um conflito. Eu não tinha a quem pedir socorro. O social pesava, no entanto, peso maior era imaginar o que seria de mim aos olhos de Deus e de minha comunidade. Sabia que poderia procurar um psicólogo, mas a nuvem de confusão em minha cabeça que só me ocorria orar e pedir a Deus “pra curar” em meio aos pesadelos e prantos da madrugada era tremenda. E não é exagero! O peso da culpa era sufocador. Impensável tocar neste assunto com qualquer pessoa pra pedir ajuda. Porém, fui recorrer a alguns Padres através do sacramento da confissão.

Como “ninguém poderia saber” fui pra longe de qualquer Padre que conhecia em paróquias distantes. Entrava no convento de Santo Antonio na Carioca, em confissões comunitárias longes de casa e escolhia o Padre que tivesse menos cara de mau. Ao contrário do que ocorreu com muitos amigos meus, ao contrário mesmo, todos os Padres a que recorri, e não foram poucos, me acolheram com palavras amorosas. Esta poderia ter sido uma atitude camicase e que não recomendo. Mas, a mão de Deus neste momento foi tão providencial que sabendo do meu desespero tateou o meu caminho dos clérigos homofóbicos, mesmo diante da minha “malicia”.

Procurei análise e com o tempo fui vivendo de maneira menos conflitante frente a forma enfática que algumas ideias eram colocadas em minha comunidade carismática. Digamos que no nível da minha consciência as coisas estavam mais calmas, pois nos relacionamentos que pintavam aqui e acolá, passava pela cabeça, “ok, Deus me ama assim mesmo, mas bem que eu poderia ser normal, né...”.

O haraquiri deste processo, foi quando “fui descoberto” na vida dupla que vinha as duras penas tentando conciliar. Os coordenadores de minha comunidade me chamaram, me perguntaram se eu era gay, eu fui afirmativo, perguntaram se eu desejava permanecer em pecado, disse que não me sentia assim. Ofereceram “ajuda espiritual”, disse que não necessitava. Ajuda psicológica? Por que do segredo? Por que não escolheu o celibato? E depois de muitas perguntas descabidas e debates sobre “pode, não pode”. Por fim, “você sabe o que a Igreja pensa?”, então, fui destituído de todas as minhas funções e convidado a se retirar, sob a justificativa de que “uma laranja podre poderia estragar todo o cesto”.

Fui forte, não me abalei naquele instante, meu coração queria saltar pela boca, senti-me orgulhoso por não negar nada diante da “inquisição”. Minha casa, ficava na época pelo menos 1 hora de distancia, era 23:30 de um domingo e tive o caminho inteiro pra chorar e por pra fora o que segurei, nas mais de 3 horas de conversa.

Durante o choro, duas coisas eu pensei, “Meu Deus! Tem mais gente passando por isso”, a outra foi, “tenho que fazer algo”. Fui uma andorinha só tentando fazer verão, não achava justo o que aconteceu comigo e queria vozes pra unir a minha. Fui em uma outra paróquia e fui novamente tateado por Deus onde também não conhecia o Pároco, relatei tudo ao Padre que nada pode fazer, a não ser me acolher e falar “fique aqui”. Permaneci na paróquia nova e ganhei o mais lindo trabalho pastoral que já fiz - cuidar de crianças.

Naquelas crianças, e umas nem tão crianças assim, cerca de 40 que atiravam sapatos no Padre e nos seminaristas, encontrei o colo que a Igreja, a instituição, não me deu. A elas eu achava que ensinava algo. Mas, elas muito me ensinaram, era amorosamente acolhido. Com isso a dor da magoa ia se dissipando, naquele lugar eu era bem-vindo, mas quem dizia que eu deveria deixar de ser católico agora era minha consciência. Fiquei um ano, cuidando dos Coroinhas, da Paróquia da Divina Providencia, também na Taquara. No dia que resolvi ir embora, ganhei o abraço mais coletivo, marcante e apertado do mundo. Parecia que a Igreja, Aquela Igreja dizia, “pode ir, mas tô aqui tá.”

Passei a brincar com os amigos dizendo “quando eu era católico...” , questionei todos os ritos que não me religavam, todos os protocolos que tive que cumpri, o meu jeito “bom católico de ser”, pensava que se um dia eu voltasse a ter uma religião os ritos deveriam me ligar a algo. Aproveitei que estava saindo do armário e tirei toda a tralha pra fora, tive coragem de dizer pra mim aquilo que não gostava e o que gostava. Depois, a única coisa que sobrou foi o armário mesmo e este eu resolvi jogar fora de vez.

Entender o que se passava comigo aos 18, foi meio novelística mesmo. Mas, foi a maior benção que eu já puder receber – entender que era gay. Ter a chance de questionar uma parte de mim que era confusa como a minha sexualidade. Talvez, seja tenha sido providencial a confusão que se deu mesmo, porque ao longo da bagunça pude ter a chance de mandar pra faxina um monte de coisa que não tava legal. Vai ver que o “tal chamado” que recebi aos 18 foi realmente um chamado duplo de Deus mesmo. Um convite a ser quem eu era que compunha identidades que jamais deveriam ser dissociáveis – gay e católico. Como todo chamado foi um calvário e houve muito sofrimento inútil, mas hoje vejo o que antes eu tomava como uma praga, tenho como uma benção que todos deveriam agradecer. Todos!

Quando fui convidado a conhecer o Diversidade Católica, fui só pra fazer uma experiência antropológica e conhecer os exóticos gays que insistiam em ser católicos e aqui estou até hoje desde março de 2009. Venho desde então, zunindo o “bom católico” que fui e desbravando um modo de existir só meu. Como diria a Dori do Nemo, “continuo a nadar”, tomando posse daquele que sou pegando o que é meu, dizendo que a Igreja me pertence e ninguém tasca!

- Rodolfo Viana, membro do Diversidade Católica e colaborador deste blog

16 comentários:

Lorena disse...

Eu nunca comentei aqui, mas leio muito o blog. Esse depoimento me tocou de forma especial (todos me tocam)porque me vi nas palavras do Rodolfo. Aparte, o final. Ainda não consegui me reconciliar completamente, volto à Igreja acompanhada dos meus pais sempre que estou com eles, se a homilia é boa, me sinto bem, porque gosto muitíssimo da Liturgia e de participar da Missa. Mas ainda não sou a católica que era antes de me assumir gay.
Antes era fervorosa, ia à missa todos os domingos e às vezes em outros dias da semana (isso desde muito criança e por iniciativa própria), participei de grupos de jovens, fui líder em todos eles, e encarava as reuniões e os estudos bíblicos com imensa seriedade; "namorei" a Renovação Carismática por um bom tempo, participava das Missas em Igrejas carismáticas na época da Universidade (cheguei a pensar em participar de GOUs, mas nunca fui aos encontros) e gostava muito, me sentia realmente tocada nesses cultos.
Mas depois que me assumi comecei a me sentir deslocada no ambiente da Igreja. Até mesmo por declarações de sacerdotes, inclusive em homilias, por reações de comunidades à temática homossexual... Me sentia oprimida. Conheci um padre fantástico, com ideias incríveis, progressistas em relação ao grosso dos sacerdotes ao lidar com questões polêmicas, como a sexualidade em geral. Amava as homilias dele e essa foi a última Igreja que frequentei, a desse padre, antes de parar de vez. E parei quando percebi que ele já não instigava mais, que voltou ao lugar comum dos outros padres, nunca mais ouvi um discurso inflamado sobre a Graça de Deus que é para todos... e fiquei sabendo que isso aconteceu por pressão da comunidade, que estava argumentando o Bispo sobre o padre "rebelde". Que decepção! Não com o sacerdote, que sei que fez o que devia, por ser subordinado; mas com a comunidade que, em vez de usar das palavras do padre para examinar o seu coração e se propôr uma auto-crítica, se valeu de silenciar a voz que incomodava.

Enfim. Compreendo o que passou o Rodolfo e me solidarizo (inclusive com a parte das crianças; fui catequista e amava muito), e espero um dia voltar às boas com a religião na qual me criei, da qual sempre fiz parte com orgulho, mas hoje não sinto que me acolhe como antes.

Um abraço a todos e parabéns pelo projeto e pelo blog.

PS: existe alguma "unidade" do Diversidade Católica em BH?? Vcs promovem reuniões, palestras, celebrações...? Gostaria de saber mais e, se tiver a oportunidade, participar algum dia de uma reunião.

Equipe Diversidade Católica disse...

Querida Lorena,

É um privilégio e uma alegria para nós receber esse seu depoimento. Obrigado pela confiança de compartilhar sua história aqui neste espaço.

Às vezes, somos feridos (às vezes, muito feridos) por atitudes pouco evangélicas justamente de parte de pessoas que deveriam ser justamente as primeiras anunciadoras da Boa Nova de Cristo: a Boa Nova de que Deus é Pai e nos ama sempre com um amor tão infinito, tão irrestrito, tão incondicional, que sua gratuidade chega a nos parecer incompreensível.

Porém, esse mesmo Pai que nos ama tão loucamente jamais se afasta de nós. Seu rosto está sempre próximo, sempre nos animando com seu alento, mesmo que a gente não perceba ou não o reconheça. Seu rosto está em toda a beleza que te toca, Lorena, em todo o amor que você sente, em todo carinho que você recebe, em toda alegria que brota dentro de você. E essa é a Sua maior beleza - e a sua também, Lorena. ;-) É uma questão de pedir a graça de abrir os olhos para ver, abrir os ouvidos para escutar... Quem sabe a que Ele estará te convidando agora? :-)

Esperamos que você encontre seu caminho. Se, a qualquer momento, vc quiser trocar ideias, partilhar, conversar, entre em contato com a gente, no e-mail contatoblogdc@gmail.com. Será um prazer conversar contigo.

Sobre as reuniões: aqui no Rio realizamos reuniões com celebração a cada 15 dias. Há um grupo em São Paulo e temos outro em formação em BH. Caso vc queira entrar em contato com o pessoal, mande um mail para contatoblogdc@gmail.com e te passamos os dados, está bem?

Um imenso e carinhoso abraço, e que o coração amoroso de Deus te cubra com suas bênçãos.

Cleiton disse...

Bom dia!
Eu gostaria de saber onde ocorrem as celebrações no Rio e a próxima data...
Sou gay, sempre leio o blog e me identifiquei muito com esse texto. Sou completamente convicto daquilo que Deus reservou pra mim e ainda coordeno o grupo jovem em minha Paróquia.

Um abraço amigos.

Equipe Diversidade Católica disse...

Querido Cleiton, que alegria receber seu comentário! :-) Por favor, entre em contato conosco pelo e-mail contatoblogdc@gmail.com para te passarmos os dados dos próximos encontros. Será um imenso prazer te receber! :-)))

Rodolfo Viana disse...

Oi Lorena,

aqui é o Rodolfo!

Gostaria de lhe dizer tantas coisas que nem sei por onde começar.

Eu hoje não sei exatamente qual a formula pra voltar a ser o "bom católico" e sinceramente, nem quero.
Acho que só sei como "não ser" e o que não quero.

Em tempos que se fala em desenvolvimento sustentável aproveito o conceito de reciclagem pra mim, rs, e digo - façamos do lixo despejados sobre nós, e dos que nós mesmos criamos, uma imensa reciclagem.
Em nossa reuniões costumamos repetir "sejamos nós uns para os outros a igreja que desejamos". Talvez, possa ser um bom começo!
:)
Ninguém, ou nada, pode amputar a minha pertença religiosa. Ela está em mim assim como está em você Lorena. Se permitimos que a arranquem...simplesmente vai doer.

Como vc já serviu, sabe como se enche de paz quando a sua prática gera no outro algo bom e é como me sinto agora :), né!

Tenho a mais absoluta certeza que aquela Igreja, digo Aquele Igreja mesmo, que vc já sentiu ainda é sua e está em você.


Se quiser conversar, pode me escrever, será um prazer:
rodolfo.viana@gmail.com


Um afetuoso abraço;

Rodolfo Viana

Rodolfo Viana disse...

Que bom Cleiton!!!

Antes mesmo de lhe conhecer pessoalmente lhe adianto que vc será absolutamente bem vindo.

:)


Grande abraço;

Rodolfo Viana

MARCELO MORAES CAETANO disse...

Queridos companheiros de jornada, sou um participante um tanto bissexto, tanto nos meus comentários aqui no Blog, quanto nas minhas idas às (fantásticas) reuniões do Diversidade Católica, aonde fui levado por um amigo de muitos anos. Minha pouca assiduidade, no entanto, não é por falta de interesse, mas de tempo, pois, se eu pudesse, pela grandeza e importância que vejo no trabalho desse grupo tão verdadeiramente cristão, seria um ativista ávido e perene das reuniões e das leituras desta página.
Como fui chamado (nem digo apenas "convidado"), no "informe" do DC, a ler e dialogar com o testemunho desta semana, eis-me aqui.
O que o Rodolfo passou, assim como o ocorrido com a Lorena, é, sem dúvida, um dos grandes conflitos que nos assolam. Muitos de nós (não posso dizer "todos")não aceitam a situação de mascarar a própria orientação sexual e continuar indo à igreja como se aquela orientação simplesmente não existisse. E é nesse grupo de pessoas - nós, que aqui dialogamos - que nasce o conflito entre ser gay e ser católico. Muitos não aceitam a aludida "vida dupla", que o Rodolfo citou.
É, sem sombra de dúvida, uma fase de verdadeiro suplício interno, estertores psíquicos indescritíveis, uma tortura na alma. Só nós que passamos por isso sabemos exatamente o tamanho e a amplitude da dor.
O que quero dizer é simples, assim como Cristo é simples, e claro, assim como Cristo é claro. "A casa de meu Pai tem muitas moradas". Somos, sim, abençoados exatamente como somos. Deus não nos fez gays por um "erro". Deus não erra. Que redundância dizer isso, não é mesmo?
Não, não é redundância não. Há muitas pessoas que, indiretamente, ainda acham que Deus erra. Que nós, gays, por exemplo, somos um erro de Deus. Na melhor das hipóteses porque Deus teria feito homens e mulheres que não "serviriam" para suas únicas funções: a procriação. Por analogia, Deus também errou quando criou homens e mulheres estéreis. Por analogia, Deus também errou quando chamou vocacionados ao celibato... Etc.
Deus não erra. Essa frase tão tola e - redundante! deveria ser óbvia. Mas não é para muitos.
Nós, gays, não somos um erro de Deus. Nem os que não podem gerar filhos biologicamente. Nem os que abraçaram com amor o celibato.
"A casa de NOSSO Pai tem muitas mordas". Paulo de Tarso ainda cita um versículo do Livro dos Reis: "Cada um se apresente ao Pai na forma omo foi concebido e chamado".
Pode haver maior clareza?
Infelizmente há pessoas que abominam a luz de tal forma, que a clareza e a simplicidade de Jesus, em vez de iluminar e limpar, ofusca e arranha.
Que a Virgem Maria tenha compaixão de todos nós, incluindo os que nos batem na face, e que eles sejam perdoados, Pai, porque não sabem o que estão fazendo...
Para terminar, sou Franciscano da Ordem Terceira, e sempre cito São Francisco, "O pobre de Deus". Quando ele fundou sua ordem, tendo tido uma revelação de São Damião para restaurar as ruínas da Porciúncula, e em seguida do próprio Cristo, que lhe disse - "Vai, Francisco, e restaura toda a minha Igreja" -, Francisco foi procurar o Papa, que sofreu todo tipo de pressão contrária à criação da ordem monástica dos franciscanos e subsequentemente das clarissas, por Santa Clara de Assis.
Francisco e Clara foram, portanto, excluídos da Igreja por um tempo, bastante grande. Andaram mendigando e por conta própria, sem apoio da igreja, por muitos anos. Assim como nós, os gays.

MARCELO MORAES CAETANO disse...

Mas, em vez de desistirem ou de virarem as costas à Igreja de Cristo, insistiram na fé e na fidelidade, e foram até o sucessor de São Pedro até conseguirem sua bênção. Francisco diz, no seu "Cântico às criaturas": "Eu não deixarei jamais de mar a Igreja do Salvador, ainda que ela me torturasse e me queimasse". E quantos mártires e santos conhecemos que tiveram exatamente a mesma atitude? Mesmo torturados e queimados, não viraram as costas à Igreja, não deixaram de amá-la nem por um instante.
Somos gays, mas antes de tudo somos cristãos. E temos de aceitar quando alguém nos vira as costas, porque essa pessoa ou instituição está na ignorância e merece misericórdia. Foi o ensinamento de Cristo, de Francisco, da Virgem Maria, de todos os santos e santas, que morreram, todos, por nós, por nossos pecados, e para nos dar seus próprios corpos como lição maior, como exemplo irretorquível.
Eu, em muitos momentos da minha vida, lembrando de São Francisco, já me disse: "Eu amo a Igreja, APESAR de ela estar fazendo isso comigo".
Mas, amigos, me parece que as coisas vêm mudando. Já não é mais necessário viver "vidas duplas" (infelizmente para algumas famílias ainda o é), e como diz o Rodolfo, já podemos nos sentir, sim, abençoados.
Esse verbo ("abençoar") vem do substantivo "bênção", que, por sua vez, vem do latim "benedictĭo", que é um particípio depoente, que significa "aquele que é bem dito".
Somos benditos como Deus nos fez. Somos amados, amamos a Deus sobre todas as coisas e ao nosso semelhante como a nós mesmos, respeitando, pois, as duas ÚNICAS leis que Jesus nos mandou seguir.
Não temos que ter nenhuma vergonha de sermos o que Deus quis que fôssemos. Se Ele não nos quisesse assim, seríamos diferentes.
Somos benditos.
Que Nossa Senhora continue nos protegendo: benedicta tu in mulieribus, et benedictus fructus ventris tui, Jesu.
Abraços, queridos,
Marcelo

Equipe Diversidade Católica disse...

Marcelo,

é uma honra para nós, mesmo que na distancia indesejada, poder ter pessoas como você que deixa sua boca falar daquilo que seu coração está cheio – o amor.


É Nele, por Ele e com Ele que estamos aqui.

Um afetuoso abraço e estamos gratos pelo carinho e por palavras, também, tão claras.


Equipe Diversidade Católica

Lorena disse...

Nossa, pessoal, obrigada MESMO pelo acolhimento! :) Vou sim mandar um email para saber do grupo aqui em BH, gostaria muito de participar de uma reunião.

Sei que Deus não me abandonou jamais, muito pelo contrário; nos momentos de maior dúvida e sofrimento, em que eu rezava e pedia encarecidamente para que Ele me "mudasse", a única coisa que me acalmava era a paz que vem do Pai. Sei bem o quão sozinha eu já me senti, sozinha de pessoas, mas Ele sempre esteve ao meu lado e isso me dava forças pra continuar. Hoje Ele continua comigo, com minha companheira (que não é católica, mas vejamos se não a convenço a ir numa das reuniões comigo! rs), na nossa família que se forma.

Ao Rodolfo, obrigada pelas palavras, fiquei muito feliz com sua resposta. Vou sim entrar em contato contigo. :)

Novamente, muito obrigada pelo projeto e pelo espaço do blog. Um abraço apertado e a paz de Cristo. :)

Lorena disse...

Ao MArcelo, que lindas as suas palavras! Que linda a lembrança a São Francisco, santo do qual sou "fã"! Não gosto mto da palavra devota, até pq não sou devota, mas admiradora incontestável de Francisco e Clara, das ideias, da sua humildade, da sua relação com a natureza... Sou bióloga, veja só, Zoóloga, mais precisamente, trabalho com animais e AMO meu trabalho, tenho um respeito muito grande pela natureza, acho que por isso sempre me identifiquei tanto com São Francisco. E minha primeira paróquia tinha Santa Clara como padroeira, então passei a conhecer sua história e a celebrar sua vida também, ainda criança. Com certeza, duas pessoas , dois santos que levo no meu coração.

Obrigada pelas palavras lindas. Aliás, todos vocês. Serviram para iluminar especialmente o meu sábado. Paz de Cristo a todos.

Equipe Diversidade Católica disse...

Fique à vontade para entrar em contato quando quiser, Lorena.
Um beijo muito carinhoso! :-)

Roby disse...

Querido Rodolfo,quando você foi destituído de todas as funções por se assumir "gay" e lhe disseram que ....“uma laranja podre poderia estragar todo o cesto”....só vem provar como as pessoas são egoístas e hipócritas por desprezarem o que "diferente", ainda mais vindo, essa opinião, de um suposto sacerdote que deveria ser mais condescendente com a diversidade humana.

Para mim são pessoas com muito pouca elevação espiritual sem preparo algum para assumir determinado cargo, elas sim deveriam ser destituídas de todas as função dentro da igreja pois são as tais "laranjas podres" que estão a centenas de anos contaminando a Santa Madre Igreja que deveria acolher todos sem preconceito, pois somos todos iguais perante a Deus.Sendo ele o criador de todo o universo e se somos parte disso tudo, então somos um fruto(a tal laranja) perfeito e saudável.

Talvez a sábia natureza(criação divina) nos fez "gays" para sermos exemplos de doaçam pois em tese não geramos novos frutos (casamento com filhos)mas estamos aqui para equilibrar a natureza pois já somos 7 bilhoes de habitantes nesse lindo planeta que precisa de nós "gays" para ñão explodir com superpopulação.Ironia ou não! Por isso acho que somos fundamentais para o equilíbio do planeta.

Talvez essa minha opinião soe como uma defesa sem lógica. Mas penso eu que deve ser por esse motivo que somos gays." Nada é por acaso, tudo tem uma razão de existir, seja lá qual for a missão"

Rafa disse...

Ro, estava aqui lendo e relendo seu testemunho e não sabia (por mais que quisesse) o que te escrever. Não que seja preciso, mas queria te escrever.
Então depois de várias tentativas, escrever e deletar, escrever e deletar de novo, resumi meus pensamentos num só:
Viva, meu amor, a simplicidade que O Amor (Deus) te proporciona. Isso o levará a Ele, e se você buscar viver junto daqueles que você ama, tenha a certeza que estará mais que nunca em Comunhão com Ele e sua proposta de "Reino de Amor".

Um beijo, do seu... você sabe quem ;)

Rodolfo Viana disse...

"Frio e sem razão a vida então passaria."
Sem o Amor que é a materia prima do que constitui Deus.

:)

Em tudo a caridade!

M. disse...

Rodolfo, seu depoimento me emocionou muito. O principal ensinamento de Jesus foi de amor e inclusão e por isso nos entristecemos tanto quando não encontramos isso nos locais onde deveríamos achar conforto e muito amor. Mas, graças ao bom e amoroso Deus, você foi capaz de prosseguir. Muitos não o são. Por isso seu depoimento é também uma alavanca de coragem e sinceridade. Obrigada em nome de todos os que podem se espelhar em você.

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