segunda-feira, 27 de junho de 2011
A "Parada" é triste...
Triste.
É o que sinto e tenho certeza que muitos dos que lêem aqui sentem o mesmo após a 15º Parada Gay.
Sinto-me triste, como cidadão, como cristão, como gay, mas principalmente como comunicólogo.
Escrevo também pra chamar atenção daqueles que entendem muito bem o propósito de um dialogo e pra que tenham uma leitura ainda mais atenta dos meios de comunicação com relação ao tema LGBT X Religioso.
O nível da comunicação crítica vai de mal a pior. Como falei num post anterior a respeito da importância da TV neste pais, é dela ainda, o papel de pautar com maior amplitude todos os brasileiros sobre temas socialmente relevantes. Pasmado, ou não, não ache que é do jornalismo este papel, é ainda, da novela.
O jornalismo no meio TV é superficial, tem pouca empatia e se gera crítica ela é absolutamente rasa. É triste, não pra você que chegou aqui. Pois, se de alguma forma você chegou aqui, faz uso dessa leitura, parabéns! Pelas teorias mais vanguardistas de comunicação, você é alguém que se informa e forma opinião e a faz pois conta com a dispersão dos “pólos de emissão de informação”. Mais sobre aqui.
Poucos jornalistas, como o Fernando de Barros Silva, preocupam-se em apurar determinadas noticias e incitar a crítica quando faz menção em sua matéria que o "peso do discurso político" na parada devia ser maior que "a vontade de dançar". E ao frisa as palavras do diplomata Alexandre Vidal Porto sobre a “descarnavalização do ato em benefício de uma visão menos estereotipada e caricata dos homossexuais”.
Pena que tal crítica foi no meio impresso (Folha de S. Paulo). Dei-me o trabalho e fui capcioso em buscar na GloboNews, veja aqui, as matérias sobre a Parada Gay. Se você clicou e viu, agora imagine os cortes e recortes que receberá a mesma matéria ao ir para os jornais da emissora.
Volto a frisar que a questão não é a emissora em si, mas sim a mediocridade com que é tratado o tema pelos “telejornalistas” em geral. A mesma matéria poderia ser de qualquer ano, com as imagens de qualquer outra Parada Gay. A carnavalização chama mais atenção do que a responsabilidade social e a importância do tema para a sociedade que luta contra a violência física e moral.
Ora jornalistas, há aí algum ruído muito estranho. Ou, da assessoria de imprensa que comunicou de forma deturpada o tema para a grande mídia ou do jornalista que apurou a notícia. O chato é que passou longe a discussão desejada e ansiada por todos e largamente discutida aqui. Os trios coloridos foram, já a discussão de "como coexistir no mesmo espaço geográfico laico sendo possível um dialogo mais humano" ficou pra poucos. Amar uns aos outros então...
Tão pouco são os que levam a discussão a serio quanto os que de fato, por conta própria não vão continuar a atirar lenha na fogueira pra gerar mais “pautas quentes”. Como cidadão, isto é bem triste.
Fico triste como gay também, ao pensar que poucos se dignam ao dialogo público de forma mais humana. E principalmente, quando dizemos querer menos ódio é mais ódio que se vê ao invés de mais amor. Onde isto vai nos levar?
Como Cristão, a rigidez e o embate também é muito entristecedor. Principalmente, porque aqueles que tem um discurso mais humano tem pouca voz.
Fico com a conclusão reflexiva da Equipe do Diversidade Católica a respeito do embate LGBT X Cristãos, dada neste post:
(...) no fim das contas, não é disso que se trata? O que importa mais: se vamos ganhar "nós" ou "eles", ou se vamos construir uma sociedade plural, onde todas as identidades - de gênero, de raça, e, por que não?, de religião - possam conviver e dialogar?”
Pensar nestes por que não’s é com certeza um caminho naturalmente mais crítico e saudável à todos.
Rodolfo Viana
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