Rio de Janeiro - Vinte jovens agrediram brutalmente dois rapazes na Lapa. Motivo? As vítimas eram homossexuais. Demonstravam afeto um pelo outro e foram atacados por isso. O ato de violência no mais carioca bairro do Rio coloca em xeque a cidadania de todos nós. Homofobia no Brasil não é crime. E, talvez, não à toa, a cada 33 horas um homossexual é assassinado no País. Muitos, vítimas de torturas, as mesmas que nossa presidenta sofreu nos porões DOI-Codi. Hoje, cidadãos homossexuais sofrem nas ruas, com o Estado brasileiro sinalizando a eles a certeza da impunidade.
Também, talvez, não à toa, adolescentes homossexuais têm uma taxa de suicídio três vezes maior se comparada a adolescentes heterossexuais, pois não há tipificação para este tipo de crime. E, a cada dia, a violência contra homossexuais se torna cada vez mais ‘requintada’ em sua barbárie. Pior: pessoas públicas vão aos meios de comunicação declarar sua homofobia como forma de ratificar a falta de uma legislação que puna os assassinos e ainda a usam como forma de construir políticas públicas objetivando uma visível tomada de poder pelo ódio contra uma minoria.
Um ataque homofóbico não atinge apenas a comunidade LGBT. Atinge o Estado Democrático de Direito. No passado foram os negros, barbaramente escravizados; houve um tempo em que as mulheres sequer votavam; hoje, a bola da vez somos nós, homossexuais. Amanhã, quem será?
Todos os tipos de preconceito devem ser igualmente repudiados. Por isso, nossa legislação pune o preconceito racial, o preconceito religioso, mas deixa essa lacuna em relação aos crimes homofóbicos: HOMOFOBIA é um crime hediondo. Um crime que atenta contra o principio da dignidade da pessoa humana!
Sem a criminalização da homofobia, não há cidadania. Homossexuais não têm que viver em guetos. Temos deveres e, portanto, também direitos. Não podemos nos orgulhar de ser o país a ocupar o primeiro lugar no ranking de assassinatos homofóbicos. É isso mesmo! O Brasil é o país no mundo onde se matam mais gays. Em 2011, apenas no Rio de Janeiro, foram 96.
São informações que revelam uma face não tão cordial do brasileiro e do carioca. Seria esta — de verdade — a Cidade Maravilhosa, destino gay preferido pelos homossexuais justamente pelo calor humano e diversidade?
Temos de exigir do Poder Público a adoção de políticas efetivas de combate ao preconceito e a disseminação do ódio. Falta pouco para recebermos dois grandes eventos, de encher essa cidade de pessoas de diferentes credos, raças e orientação sexual. Estamos preparados para recebê-los?
Somos o país da miscigenação, do sincretismo religioso, da mistura de povos que nos deu um tempero especial. Mas temos de ser também um país que respeita os direitos civis e humanos, um país que sabe punir de forma exemplar aqueles que não toleram a diferença.
Estejamos todos os cidadãos de bem, cariocas de nascimento ou de coração na luta por um RIO SEM PRECONCEITO.
- Carlos Tufvesson é estilista e coordenador da CEDS-Rio
Publicado originalmente no jornal O Dia Tweet
Um comentário:
Nix,
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