Arte: Bansky
Celebramos a festa de Corpus Christi, a festa do Corpo e Sangue de Deus que se fez pão para se fazer memória na história humana e assim tornar-se alimento de nossos espíritos e nossas vidas.
Relembramos, pois, os acontecimentos daquela última ceia que Jesus fez com seus amigos, quando nos deixou como sua memória seu corpo e seu sangue, expressos na forma de pão e de vinho. Depois desse dia, incontáveis foram as vezes que tornou presente na humanidade. Se pudéssemos ter a compreensão plena do mistério do Deus que se torna pão diariamente, a cada hora, em cada canto do mundo, a cada Missa que se celebra, poderíamos contar quantas vezes Deus se faz presente, vivo, junto [à humanidade], chegando-Se a [ela] pelo mistério da consagração. Mistério insondável de misericórdia e amor...
Muitas vezes, diante de grandes tragédias, perguntamo-nos: onde está Deus? onde está o Senhor que permite o sofrimento e a dor? Retomemos o dito acima: está ali, presente diariamente em cada celebração Eucarística, dando-se [à humanidade], desejando fundir-se com [ela] para ser levado aos outros. Resta, então, perguntarmo-nos: o que estamos fazendo com o Cristo que colocamos em nossos corações a cada vez que comungamos? Está sendo realmente alimento para a nossa fé ou estamos apenas cumprindo preceitos?
Se acreditamos no mistério Eucarístico, temos que fazer da hóstia tomada a cada Missa que participamos um verdadeiro alimento de nossa fé, o que significa um apuro de nossa visão sobre os fatos que nos cercam para ver além dos acontecimentos e, desta forma, ver o próprio Deus caminhando entre [as pessoas].
A Eucaristia nos conforma aos sentimentos de Jesus. Ao aproximarmo-nos da mesa da comunhão, estamos demonstrando a adesão e o desejo de nos fazer igual ao Mestre, assim como devemos deixá-la convictos de que somos capazes de viver em comum união com todos aqueles que nos cercam.
Jesus deu-Se em comida e bebida para estar sempre conosco. Tornou-se, portanto, sacramento, sinal, de Sua presença salvadora entre nós. Seríamos capazes de viver nossa condição de cristãos de tal forma plena que nos transformássemos sacramento para os outros? Pelo sacramento da Eucaristia, recebemos o Cristo vivo, que cura, perdoa, acolhe, envia e impulsiona. Por isso, viver este sacramento é nos transformar em um perigo para aqueles que não desejam ver o rosto de Deus atuando no mundo, tal como também dizia a antiga canção: "comungar é tornar-se um perigo, viemos para incomodar..."
Jesus-Pão, Jesus-Alimento, Jesus-Infinitamente Amor. Saibamos fazer de nosso coração uma verdadeira morada para o Senhor que nos é dado em forma de pão e de vinho. Saibamos ser merecedores desse mistério de comunhão entre Deus e [a humanidade]. A hóstia se desfaz em nosso corpo, o Espírito invade nossa alma e a quer transformar nossas vidas, dando-nos um novo ardor. E que seja esse verdadeiro Amor nosso verdadeiro impulso para ir ao encontro do outro. E que seja cada celebração o verdadeiro encontro do coração humano com o coração de Deus. E que seja, enfim, o Pão da Vida a nossa comunhão, que nos une a Cristo e aos nossos irmãos e nos ensina, continuamente, a continuarmos repartindo o pão, traduzido em tudo o que somos e temos.
Texto para oração: Mc 14, 14-16.22-26
- Gilda Carvalho
Reproduzido e adaptado, via Amai-vos. Tweet
Nenhum comentário:
Postar um comentário