A nota é de Giacomo Galeazzi, publicada no blog Oltretevere, 25-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto, aqui reproduzida via IHU.
Isso significaria "formalizar" ainda mais um passo já dado pelo governo trabalhista de Tony Blair, que, com as uniões civis, 'levou ao altar", no dia seguinte à luz verde, 687 casais gays, incluindo o muito famoso entre Reginald Kenneth Dwight, cujo nome artístico é Elton John, e o canadense David Furnish, que celebraram suas núpcias em Windsor Guildhall, o cartório onde, alguns meses antes, haviam se casado o príncipe Charles e Camilla Parker Bowles.
Em sete anos, enquanto isso, na Inglaterra, um casal gay também teve tempo para se separar (depois da união civil) e, no fim de março, um tribunal de Londres emitiu um julgamento sobre aquele que é considerado o primeiro caso legal de divórcio entre gays na Grã-Bretanha. Portanto, uniões civis e divórcios civis.
O que você mudaria, então? Mudaria que, das uniões, se passaria para casamentos civis propriamente ditos, e essa questão não é muito simples, especialmente porque a hierarquia eclesiástica, dos anglicanos aos católicos, se inclinaram amplamente contra a proposta. A Igreja da Inglaterra, no dia 15 de março, dia do início da consulta, publicou uma nota em seu site, na qual que expressa toda a sua contrariedade: "A Igreja da Inglaterra está comprometida com a concepção tradicional da instituição do matrimônio como sendo entre um homem e uma mulher" e "defende o modo pelo qual as uniões civis oferecem a casais do mesmo sexo uma paridade de direitos e de responsabilidades com relação aos casais heterossexuais casados. Uma abertura do matrimônio aos casais do mesmo sexo conferiria pouco ou nenhum novo direito legal àqueles que já estão ligados por uma união civil, mas exigiria muitas modificações na lei, com a mudança da definição de matrimônio que valeria para todos''.
Os católicos também não manifestaram simpatia pela "batalha" de Cameron, tanto que o presidente e vice-presidente da Conferência dos Bispos da Inglaterra e do País de Gales, Dom Vincent Nichols e Dom Peter Smith, arcebispo de Southwark, enviaram uma carta assinada que foi lida em 2.500 paróquias do país, na qual evidenciaram que os católicos "têm a obrigação de fazer todo o possível para assegurar que o verdadeiro significado do matrimônio não se perca para as gerações futuras".
O núcleo da discussão reside no fato de que, se com a "parceria civil" os casais do mesmo sexo têm a possibilidade de se vincular em uma união registrada, ela não é, no entanto, um casamento do ponto de vista jurídico. Aspecto que mudaria com a lei para a qual Cameron iniciou uma consulta pública. Noventa dias a partir de 15 de março. Até a metade de junho, em suma, a opinião pública britânica poderá informar ao governo quais são as suas próprias orientações a respeito.
Na consulta, especifica-se, no entanto, que os casamentos serão apenas e exclusivamente civis, mas se trata de uma "tranquilização" que não bastou para aqueles que não concordam com a escolha. A imprensa também manifestou, mais ou menos veladamente, a sua posição: não exatamente de acordo os conservadores Daily Mail e Daily Telegraph, e não totalmente em desacordo o Guardian e o Independent, que, nos últimos dias, traçou o ponto da situação.
De um lado, a Coalizão para o Casamento, que reúne diversas organizações que se recusam a "redefinir" o matrimônio tradicional, com algumas publicações, como a Country Life Magazine, que conseguiram reunir mais de 400 mil assinaturas contra a proposta de Cameron. De outro lado, a Coalition for Equal Marriage, liderada por um casal gay de Newcastle, apoiada por organizações como a Humanistic Society, Gay Times e a National Secular Society: sua campanha, até agora, trouxe 40 mil signatários para a petição pela igualdade, mas eles sabem que a batalha, apesar do apoio do governo, não será nada fácil.
Especialmente depois do "se" usado por Cameron durante seu discurso aos líderes religiosos para o dia da Páscoa. Um "se" que não passou despercebido por nenhuma das partes (''Se a questão seguir em frente – disse o primeiro-ministro –, mudará o que acontece em um cartório. Não vai mudar o que acontece em uma igreja"). Tweet
Nenhum comentário:
Postar um comentário