segunda-feira, 1 de agosto de 2011
Aprender a viver
"Éramos antigamente unidos. O desejo e a ânsia de voltarmos a ser unidos chama-se amor." (Platão)
Podemos transformar nossa vida em um paciente, afetuoso, emocionante e permanente processo de aprendizagem. Em todos os momentos, em todos os espaços, em todos os tempos, em todas as situações, podemos aprender.
Aprender a viver é uma arte complexa. Aprendemos a viver por ensaio e erro, por tentativas de acerto. O grande desafio é cada um reconhecer e buscar a própria identidade. Para isso, há um processo, há meios, há situações que não se podem recusar.
O primeiro passo é aprender a ser livre. Passar da situação de dependência para a liberdade. Passar de nossa condição de pequenez para uma condição de plenitude de vida. Para viver, temos de aprender com as dificuldades; para isso, é preciso focalizar aquilo que é essencial. Encontrar o eixo. Muitas vezes, fazemos tudo, menos o principal, e isso impede de que a vida seja plena. Por isso, temos tão poucas pessoas realizadas. As pessoas que se realizam não colocam condições. Elas se abrem para a vida.
Outro passo é ampliar as formas de compreender. Ampliar nosso olhar, ir além de nosso restrito campo de visão. Aprender com a incerteza. Compreender sobretudo com a interiorização, que é o meio pelo qual um ser humano pode chegar ao conhecimento da verdade.
Aprender implica também perceber e aceitar a si mesmo, a reconhecer o imaginário e o sagrado. Crescer. É assim que se vive, procurando crescer, ampliando as nossas capacidades de ver, de ouvir, de emocionar, de pensar, de intuir, de perceber o próprio estar no mundo com um corpo. Para viver, é preciso equilibrar aceitação e mudança. Aceitação das realidades mais profundas. Integrar ideias, sentimentos e ações. Viver no presente. Reviver momentos de plenitude. Cada uma dessas situações é expressão, e, ao mesmo tempo, meio para perceber a vida e conquistá-la na sua plenitude. É preciso também aprender a viver em paz, viver a paz. Aprender a vencer a violência interna e externa, a harmonizar o nosso ser para que, unificado, seja fonte de paz. Para viver, é preciso educar-se para a vida. Aprender a amar a vida. Investir na vida.
É difícil gerenciar nossa complexidade. Mas é o caminho necessário para a realização plena. Viver é estar em estado permanente de construção, de aprendizado, de adaptação.
Devemos tentar transformar nossa vida em um processo pleno, humilde, confiante de aprendizado. Não estamos sós nesse caminho. Não somos tão solitários. Temos um companheiro invisível, um desconhecido que faz a trajetória conosco e não mede esforços para indicar os melhores meios para conseguirmos a nossa felicidade. E, mesmo quando parece que ela é impossível, ele sempre mostra que é possível, muito além do horizonte do nosso olhar.
Alguns chegam à realização pelo sofrimento, quando sabem enfrentá-lo. Outros, pelo contato com pessoas realizadas, por meio de estudos, de vivências religiosas, de acontecimentos comuns ou extraordinários, da convivência.
Qualquer situação de vida pode ser o meio para crescermos. Isso dependerá de como cada um a encara. Porém o que mais estimula e favorece nosso crescimento, nossa abertura e a ir descobrindo um sentido atual para a vida é nossa conduta vivida intensamente no momento presente.
A vida vai-se revelando aos poucos. Cada coisa que fazemos, cada pessoa que conhecemos, cada situação que vivemos amplia algum aspecto da vida e nos impulsiona a ir mais em profundidade. Esse é o lado fascinante e também problemático da vida. Aprendemos de um modo, mas logo podemos perceber que temos de aprender de novo, de um modo diferente. Temos de mudar, enxergar novas perspectivas. Isso pode decepcionar-nos, mas também nos estimular. Pode deixar-nos parados ou pôr-nos a caminho.
- Pe. José Além, CMF
Comunicador e educador
josealem@bol.com.br
Reproduzido via Mensageiro de Santo Antônio, abril de 2011, p. 31 Tweet
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário