quarta-feira, 25 de maio de 2011

Por uma educação sem homofobia


O programa Escola Sem Homofobia produziu um conjunto de videos para distribuição nas escolas, como parte de uma campanha educativa voltada para alunos do ensino médio e visando ao combate à homofobia nas escolas. Houve por parte dos fundamentalistas e homofóbicos, entre os quais se destacou o Bolsonaro, uma campanha ativa para denegrir o que eles chamaram de "kit gay", alegando ser um programa para incentivar a homossexualidade entre crianças do ensino fundamental. Embora os videos tenham sido elogiados por entidades como UNESCO e o Conselho Federal de Psicologia, o governo acaba de recuar em sua implementação em virtude da chantagem por parte da bancada fundamentalista, que ameaçou chamar Palocci para se explicar quanto às denuncias de corrupção de que ele vem sendo alvo se o programa não fosse derrubado. Ou seja, uma importante política pública relacionada aos cidadãos LGBTTs virou moeda de troca entre fundamentalistas do Legislativo e o Executivo de rabo preso. A notícia repercutiu nas redes sociais hoje à tarde:

RT @divcatolica: Dilma Rousseff manda suspender kit anti-homofobia, diz ministro. Bancadas religiosas haviam ameaçado convocar Palocci http://glo.bo/ii3V5X

RT @divcatolica "Depois de se reunir nesta quarta-feira com deputados da chamada bancada religiosa, o governo decidiu suspender todas as produções que estavam sendo editadas pelos ministérios da Saúde e da Educação sobre a questão da homofobia." http://glo.bo/mAmSWT

RT @divcatolica Que vergonha. RT @blogdogarotinho: Mobilização garantiu vitória da família. Dilma manda recolher cartilha. http://migre.me/4DqGJ

RT@Wedge_Issue Kit anti-homofobia não é inadequado, Presidente Dilma. Inadequada é a persistente violência simbólica e física contra a população LGBTT.

RT @Felpps_: @jeanwyllys_real Agora se mexa e crie o projeto de lei que obriga as Igrejas a prestarem contas do destino de cada centavo arrecadado

RT @divcatolica: Pronto: está instaurada a guerra entre gays e igrejas. Não que as igrejas não devam prestar contas; devem, sim, em nome da transparência acima de tudo. Mas usar políticas públicas e atos legislativos como meras moedas de troca em nome de uma guerra entre setores da sociedade - isso é política de quinta categoria e nada tem a ver com cidadania. Mas que fazer, não é? No Brasil "é assim mesmo". :-(

Usar políticas públicas e atos legislativos como meras moedas de troca em nome de uma guerra entre setores da sociedade - isso é política de quinta categoria e nada tem a ver com cidadania. Mas que fazer, não é? No Brasil "é assim mesmo". Essa negociata entre a tal "bancada religiosa" (que bancada? quem são essas pessoas?!) e o executivo é a triste continuidade de um dos mais nefastos aspectos do lulismo: o uso da máquina pública para encobrir a corrupção. Nada disso tem qualquer coisa a ver com ideologias, direitos humanos, e muito menos coerência. A única coisa coerente nessa história toda foi que ontem Lula voou pra Brasilia pra assumir a liderança da "operação abafa" do caso Palocci. No meio do fogo cruzado, sobrou pra gente. Porque a corda sempre arrebenta do lado mais fraco.

Mas sempre pode piorar, não é? Agora, a confusão está armada. Ao que parece, conforme e-mail enviado hoje pelo presidente da ABGLT aos membros da associação (e confirmado aqui pelo ministro da Educação, Fernando Haddad), os materiais que Dilma viu e vetou na verdade não fazem parte do kit do projeto Escola sem Homofobia. Quem apresentou os vídeos foram os deputados fundamentalistas que se reuniram com ela, e simplesmente levaram ao absurdo a lógica da calúnia, injúria e distorção dos fatos, mostrando vídeos que continham cenas de sexo e beijos entre crianças, elementos inexistentes nos filmes do MEC.

Contaram - e acertaram - com a incompetência dos assessores da nossa presidenta, que foram incapazes de verificar o material apresentado. Aliás, por que raios foram os deputados que apresentaram o material para Dilma, e não o MEC?

Que papelório o desses deputados de última categoria. Como se não bastasse a campanha mentirosa que vêm promovendo para ludibriar e manipular a população, aplicar essa mesma lógica do engodo ao seu diálogo com a Presidente da República? Mais que um verdadeiro deboche, isso é de um nível de desrespeito pelas instituições, pela Chefe de Estado e de Governo, pelo cargo que ocupam; de uma falta de decoro parlamentar e humano; de uma falta de decência tamanha - que não é possível que não haja como instaurar um processo ético contra esses mentirosos.

E quem são eles para se arvorarem de paladinos da moralidade? De porta-vozes de Deus?!

Em tempo: os vídeos do programa do MEC foram tema de uma audiência pública intitulada "Avaliação dos programas federais de respeito à diversidade sexual nas escolas". A avaliação incluiu o kit de material do projeto Escola Sem Homofobia, e concluiu que o mesmo está apropriado para uso no ensino médio, conforme registrado aqui. Portanto, houve, sim, ampla consulta à população, aos especialistas e aos setores interessados. E o programa foi aprovado.

Este é o momento de a população se mobilizar. A questão é muito maior do que os direitos civis dos LGBTTs ou as políticas públicas voltadas para esse segmento da população. Uma política pública importante foi usada como reles moeda de troca entre o que há de pior em termos de lideranças políticas no Congresso e um Poder Executivo de rabo preso. Está na hora de os brasileiros, simpatizantes ou não da causa gay, exercerem a sua cidadania. Antes de uma questão de direito, trata-se do nosso DEVER como cidadãos.

Cristiana Serra
Equipe Diversidade Católica

PS: Agora há pouco, a ABGLT emitiu uma nota oficial, que você pode ler aqui.

* * *

Pessoal do Rio de Janeiro: caminhada-protesto no domingo por uma educação sem homofobia. 10h da manhã no posto 9, em Ipanema. Mesmo que você não vá, se tiver algum interesse ou simpatia pela causa, compartilhe, envie por e-mail aos seus amigos, ajude a divulgar.

Que esta seja, em primeiro lugar, uma caminhada da paz. Vamos colorir o Posto 9. Balões, bandeiras, camisetas, tudo o que for, para ser um evento com a característica LGBT. Vamos juntos!

Evento "Caminhada por uma Educação sem Homofobia" no Facebook: aqui


Precisamos sair às ruas, amigos, para marcar a posição de um segmento da população, independente de ser LGBTT ou não, a favor de uma educação inclusiva, capaz de produzir uma sociedade plural, em que vigore o respeito às diferenças e à diversidade.

Precisamos sair às ruas para mostrar que não vamos aceitar o uso de políticas públicas que nos dizem respeito como moeda de troca em negociatas políticas. Nem as que nos dizem respeito, nem qualquer outra, aliás - por uma questão de honestidade e transparência na política.

Isso é BEM maior do que um protesto contra ou a favor deste ou daquele político ou partido. Trata-se de cidadania, e do nosso dever como cidadãos. :-))

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