Maquete: Ofra Lapid
Certa vez, em um artigo, afirmei que ninguém quer um pobre por perto... Esse pensamento não é fruto de um arroubo político, de teorias libertárias e revolucionárias, pelo contrário, é simples constatação do quotidiano, daquilo que muitas vezes elegemos para nós e, em contraprestação, renegamos todo o resto que se difere de um ideal muito próprio e pessoal.
A verdade é que o homem ocidental recusa a ideia de fracasso, de derrota, por um modelo de vida social altamente competitivo, em que, no fim último, são valorizados e reconhecidos aqueles que obtiveram significativas posses materiais, sendo, os restantes, estigmatizados como coitados, indignos, sofredores... Colocados à margem, chegam a causar repulsa em muitos por contraporem o ideal material, capitalizado, desejado e perseguido no imaginário coletivo.
Em uma sociedade de ideal financeiro, em que se vale pelo que se tem, possui, e não pelo que se é, em que a propriedade é colocada acima da pessoa e de sua dignidade, todos aqueles que não conseguem evoluir nesse meio, de um modo ou outro, são marcados pela ausência de uma identidade positiva, em outras palavras, o homem, para sociedade, vale aquilo que ele tem, se ele não tem nada, ele não vale nada!
No meio gay isso é um fator ainda mais excludente, pois uma das características das comunidades homossexuais é: seus membros possuírem um poder aquisitivo acima da média, e um nível de formal pessoal e acadêmica de igual forma elevadas. Entretanto, existem as exceções, e elas não são poucas, e, às vezes, bem mais acentuadas do que se possa imaginar.
Assistindo a esse vídeo abaixo fico a imaginar que, hoje, até para se sentir alguém amado por Deus tem que se pagar por isso. Contudo, somos adeptos de uma teologia inclusiva e o que temos feito para mudar isso? O que temos incluído; será o homem em sua integralidade, ou parte desse homem, em que só se considera humano e alguém, aqueles que têm posses? Fica a reflexão para o nosso modo de ser cristão inclusivo:
- Renato Hoffmann
Reproduzido via Gospel LGBT
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2 comentários:
Renato,
em primeiro lugar, parabéns pelo texto e por sua preocupação. Eu, ingenuamente, sempre acreditei que a Luta Homossexual teria tal poder revolucionário que mudaríamos toda a sociedade em nome de algo maior, com mais empatia, solidariedade, onde a dor do próximo fosse também a minha. Me enganei feio, nessa e até mesmo muito atacado e ridicularizado, inclusive dentro da militância LGBT que só enxerga a luta contra a homofobia e mais nada, são tão limitados ( tô sendo elegante, poderia falar "burr@s" ) que combatem um preconceito - o contra os gays e LGBT's mas alimentam tantos outros. Vi isso mesmo recentemente, na II Conferência Municipal LGBT. E isso dói, isso me dói e cada vez aumenta a sensação horrenda de exclusão. Não entendo como posso ser "incluído" por ser gay e excluído por ser muito pobre , ou por ser velho, ou por não ser malhado e etc. etc. etc.
Quando o Casarão Brasil surgiu e o Douglas Drumond junto com o Heitor Werneck fizeram esse vídeo sobre moradores de rua LGBT's e tinham uma proposta de abrirem uma casa para essa população, eu fiquei muito feliz. Mas sabia que ele seria boicotado, por que as suas propostas não vinham de um partido, aqui só se valoriza o partido e os partidaristas, não se julga um projeto pela qualidade do mesmo... e, agora, o Casarão fechou, acabou e eu pergunto: quem lamentou??? eu não ouvi ninguém falando "Que pena!", ninguém... acho que aplaudiram na escuridão de suas vidas e de seus corações. Sentiram, muito, sim, o fechamento da Sauna 269. Dai , que conclusão eu posso chegar? Tristemente,
Ricardo Aguieiras
aguieiras2002@yahoo.com.br
OI Ricardo,
em parte concordo com vc.
Mas, isso nao é caracteristica dos LGBT's, mas dos movimentos sociais em geral. Como ele disse, o Ocidente tem este valor do "quem tem".
E tb existem um ou mais ideiais e uma pluralidade pra se "chegar neles"...entende?
O legal mesmo é nao desanimar e não deixar de ser um agente politico de suas propria vida e de suas próprias atitudes.
:)
Grande abs!
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