terça-feira, 20 de maio de 2014

O cardeal de Viena felicita a “drag queen” Conchita Wurst, vencedora do Festival Eurovision


O cardeal de Viena e presidente da Conferência Episcopal da Áustria, Christoph Schönborn, felicitou a “drag queen” barbada Conchita Wurst por sua recente vitória no Festival Eurovision da canção.

A reportagem é publicada por Noticiero Digital, 16-05-2014. A tradução é de André Langer, aqui reproduzida via IHU.

“Alegro-me muito por Thomas Neuwirth, que teve tanto sucesso com sua atuação como Conchita Wurst”, escreve o cardeal em sua coluna semanal publicada na sexta-feira, dia 16 de maio, pelo jornal gratuito Heute, um dos mais lidos da capital austríaca.

“No colorido jardim de Deus há uma variedade de cores. Nem todos os que nasceram como seres masculinos sentem-se como homens, e o mesmo acontece do lado feminino. Merecem como pessoas o mesmo respeito que todos nós”, acrescenta Schönborn.

A tolerância, o principal lema da atuação de Conchita Wurst [que costuma repetir "Seja a melhor versão de você mesmo, em vez de uma cópia mal feita de outra pessoa"], “é um tema real e grande”, explica o cardeal de Viena.

E ser tolerante significa “respeitar o outro, embora não se compartilhe suas convicções”, assegura o líder da Igreja austríaca.

“Rezo por ele (Thomas Neuwirth) para que sua vida seja abençoada”, conclui Schönborn, considerado um dos cardeais mais influentes da Europa.

Neuwirth, um cantor homossexual de 26 anos, causou furor em todo o mundo com a figura de Conchita Wurst ao vencer o recente Festival Eurovision, em Copenhague, com a música “Rise like a Phoenix”.

Em tempo: apesar de o cardeal se referir a Conchita pelo nome Thomas e no masculino, há que se reconhecer o quanto é significativo ele ter decidido livremente abordar o assunto em sua coluna semanal (em vez, por exemplo, de ter se limitado a comentar caso lhe tivessem perguntado), sobretudo quando se leva em conta a forte reação conservadora e moralista que se seguiu à vitória de Conchita, principalmente na Rússia, onde se organizou uma campanha em que homens postaram na internet fotos e vídeos raspando a barba por esta "não representar mais um símbolo de masculinidade". Schönborn já havia mostrado antes uma postura respeitosa e acolhedora em relação aos gays, "mesmo não compartilhando de suas convicções", como ele diz - tal como demonstrou no episódio em que confirmou a escolha de um jovem gay eleito para o conselho de sua paróquia (como contamos aqui), tendo depois convidado o rapaz e seu marido para almoçar (como comentamos aqui).

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