Foto: Kristian Schuller
O Encontro Internacional "Homens e Religiões", promovido pela Arquidiocese de Munique e Freising e pela Comunidade de Santo Egídio, que ocorreu em Munique entre os dias 11 e 13 de setembro, encerrou com um Apelo de Paz lido durante a cerimônia final e assinado publicamente por 300 líderes de todas as religiões do mundo que participaram dos encontros.
A reportagem é de Michelangelo Nasça, publicada no sítio Vatican Insider, 14-09-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto, aqui reproduzida via IHU, com grifos nossos.
"Não há futuro na guerra. Não há alternativa ao diálogo. O diálogo é uma arma simples à disposição de todos. Com o diálogo, construiremos uma nova década e um século de paz. Tornemo-nos artesãos da paz". Esse é o convite que os líderes mundiais das religiões – reunidos em Munique na histórica Marienplatz – dirigem ao mundo.
O perigo de se voltar sobre si mesmos e de utilizar a religião como um instrumento de separação é grande. "Essa tentação – afirma o Apelo – é agravada pela crise econômica global. O mundo às vezes parece ter perdido o senso de limite. Muitas vezes, ele é mais atraído por aquilo que divide do que pela simpatia para com o outro; está mais atento às razões do eu do que ao bem comum. Em muitas partes do mundo, crescem a violência e uma crise de sentido. É necessária uma reviravolta".
É preciso olhar para o alto e abrir-se ao futuro, tornar-se ainda capaz de globalizar a justiça, mas sobretudo tornar-se disponível para o diálogo, considerado hoje – especifica o Apelo – a arma mais inteligente e pacífica, uma "resposta aos pregadores do terror, que usam até as palavras das religiões para espalhar o ódio e dividir o mundo. Nada está perdido com o diálogo".
Nos três dias bávaros, os representantes mundiais das religiões discutiram as principais problemáticas relativas ao diálogo inter-religioso e às perspectivas de paz, e o texto do Apelo final, a esse respeito, é claro: "É hora de mudar. O mundo precisa de mais esperança e de mais paz. Podemos aprender novamente a viver, não uns contra os outros, mas uns com os outros. Estamos conscientes das responsabilidades das religiões no fato de pôr a paz em risco quando não olham para o alto. Quem usa o nome de Deus para odiar o outro e para matar blasfema o Nome Santo de Deus. Por isso, podemos dizer isto: não há futuro na guerra! Não há alternativa ao diálogo. O diálogo é uma arma simples à disposição de todos. Com o diálogo, construiremos uma nova década e um século de paz. Tornemo-nos, todos, artesãos da paz. Sim, Deus conceda ao nosso mundo o maravilhoso dom da paz".
"De Munique – destaca Andrea Riccardi, líder da Comunidade de Santo Egídio, que organizou o Encontro Inter-Religioso –, se eleva uma invocação de paz, um hino à vida. Vamos embora mais fortes e mais cheios de esperança do que antes, porque não cedemos à resignação e ao pessimismo".
Aqui, continua Riccardi, "não foram ouvidos os passos pesados dos soldados, mas sim os passos leves dos buscadores de Deus e dos peregrinos da paz... Não descansaremos enquanto não houver paz perto de nós e em todo o mundo. Em um mundo globalizado, não podemos nos limitar à globalização econômica, mas precisamos ter um coração grande e um olhar universal. Estamos cheios de esperança a ponto de dizer que a próxima década será realmente nova. A novidade é a paz, em um mundo mais justo para com os pobres, em que os ricos aprendem a sobriedade e a participação verdadeira na luta contra a pobreza".
A próxima edição do Encontro Inter-Religioso mundial da Comunidade de Santo Egídio irá ocorrer em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, para lembrar também o 20º aniversário do "sanguinário e dramático cerco" da cidade. Tweet
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