segunda-feira, 10 de outubro de 2011

"Deus não é como o imaginamos"

Foto: Jenni Holma

Através das Suas parábolas Jesus vai mostrando aos Seus seguidores como experiencia Deus, como interpreta a vida desde as suas raízes mais profundas e como responde aos enigmas mais recônditos da condição humana.

Quem entra em contacto vivo com as Suas parábolas começa a mudar. Algo "acontece" em nós. Deus não é como o imaginamos. A vida é maior e mais misteriosa que a nossa rotina convencional de cada dia. É possível viver com um horizonte novo. Escutemos o ponto de partida da parábola chamada «Convite ao Banquete».

Segundo o relato, Deus está a preparar uma festa final para todos os Seus filhos e filhas, pois a todos quer ver sentados junto a Ele, em torno a uma mesma mesa, desfrutando para sempre de uma vida plena. Esta imagem é uma das mais queridas por Jesus para sugerir o final último da história humana.

Frente a tantas imagens mesquinhas de um Deus controlador e justiceiro que impede a não poucos de saborear a fé e desfrutar da vida, Jesus introduz no mundo a experiência de um Deus que nos está a convidar a partilhar com Ele uma festa fraterna em que culminará o melhor dos nossos esforços, desejos e aspirações.

Jesus dedica a Sua vida inteira a difundir o grande convite de Deus: «O banquete está preparado. Vinde». Esta mensagem configura o Seu modo de anunciar Deus. Jesus não predica doctrina, desperta o desejo de Deus. Não impõe nem pressiona. Convida e chama. Liberta de medos e acende a confiança em Deus. Em Seu nome, acolhe à Sua mesa pecadores e indesejáveis. A todos há-de chegar o Seu convite.

Os homens e mulheres de hoje necessitam descobrir o Mistério de Deus como Boa Nova. Os cristãos, temos de aprender a falar Dele com uma linguagem mais inspirada em Jesus, para desfazer mal-entendidos, aclarar preconceitos e eliminar medos introduzidos por um discurso religioso lamentável que afastou muitos desse Deus que nos está a esperar com tudo preparado para a festa final.

Nestes tempos em que o descrédito da religião está a impedir muitos de ouvir o convite de Deus, temos de falar do seu Mistério de Amor com humildade e com respeito a todos, sem forçar as consciências, sem abafar a vida, despertando o desejo de verdade e de luz que continua vivo no mais íntimo do ser humano.

É certo que a chamada religiosa encontra hoje a rejeição de muitos, mas o convite de Deus não se apagou. Podem escutá-la todos os que no fundo das Suas consciências escutam a chamada do bem, do amor e da justiça.

- Jose Antonio Pagola
Reproduzido via Amai-vos, com grifos nossos.

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