quinta-feira, 4 de agosto de 2011

O que pensar dos sacerdotes? 4 de agosto, #diadopadre


Todo sumo sacerdote é tomado dentre os homens e posto para intervir a favor dos homens em tudo aquilo que se refere ao serviço de Deus, a fim de oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. Pode mostrar-se indulgente com os que pecam por ignorância e com os desgarrados, já que ele mesmo está sujeito à debilidade humana. (Heb 5, 1-4).

Como vemos, antes de mais nada, o sacerdote é um homem. Um homem que sente, que chora, que tropeça, que rí, que tem fome, adoece, dorme e até pode descuidar de sua saúde, fumando.

Um homem com sua história pessoal, com capacidades e limitações, com “afetos e defeitos”. Um homem.

A este homem, Deus, em Jesus Cristo, “trastorna” a vida ao propor-lhe que O siga. Mostra-lhe a árdua maravilha de entregar-se a uma missão sempre a caminho… e assim o conquista definitivamente. E ele, como uma loucura incompreensível, decide “deixar todas as coisas” para acompanhar Jesus, ocupando-se de seus irmãos, "em tempo integral".

O que pensar do sacerdote? Que é um HOMEM; um homem que decidiu dizer "Sim" ao chamado do Senhor.

O sacerdote – pelo sacramento da ordem – é uma "nova criatura”: continua chamando-se Jorge ou Luis, mas mudou sua identidade profunda: está configurado com Cristo, Cabeça da Igreja, Povo de Deus, em cujo nome atua: é “outro Cristo”.

Esta realidade sobrenatural reclama, no ordenado, um “novo estilo de vida” - aquele inaugurado por Jesus ao dizer: “Aprendei de mim…” (Mt 11, 28-29). O sacerdote se compromete, de maneira especial, a buscar a perfeição moral e a santidade.

Assim ocorre com a imensa maioria dos sacerdotes, no contexto das limitações e fragilidades próprias de todo ser humano. Essa maioria que não é “notícia”; a “notícia” – como bem sabe a imprensa – não está em repetir que a ovelha é branca, mas sim descobrir que apareceu “uma ovelha negra”…

Sem “idealizar” sua figura, os fieis sabemos que a maioria dos sacerdotes empenha-se em suamissão, consumindo toda a sua existência no serviço ao Povo de Deus. Não são “perfeitos” (alguém é?), mas, mesmo condicionados por sua própria limitação, são a voz de Deus chamando os irmãos ao Caminho da Verdade e da Vida. Por isso, os fieis sensatos não nos deixamos impressionar pela ruidosa exploração que os críticos da Igreja Católica fazem dos escândalos que, lamentavelmente, protagonizam, às vezes, alguns sacerdotes. Melhor, devemos proclamar, com firmeza, a importância de sua presença profética na Igreja e na sociedade.

Esse homem de Deus (1 Tim 6, 11) não é uma ilha: é sacerdote em e para uma comunidade. A ela serve nos diversos – quase ilimitados – aspectos da vida, tanto espiritual como material. Os detratores da Igreja sabem quantas obras espirituais e assistenciais são animadas pelos padres? E o cristão comum, sabe?

Como é fácil dizer que precisamos de sacerdotes santos! Os leigos somos tão mais exigentes com nossos sacerdotes quanto mais condescendentes somos com nossas próprias debilidades. Assim, mais que servir de “megafone” para os defeitos e misérias alheias, os fieis devemos perguntar-nos o que fazer para que nossos sacerdotes vivam com alegria o dom do sacerdócio, para que persigam, com renovado afinco, a perfeição moral e a santidade: rezamos por nossos sacerdotes? Oferecemos nossa colaboração? ¿Interessamo-nos por suas necessidades materiais? Acompanhamo-los com nosso interesse e compreensão? Levamos em conta o lado “humano” do sacerdote - que também ele pode ter dormido mal, estar esgotado, desanimado?

Como se pode ver, além de saudá-lo, com particular afeto e gratidão, neste dia, é muito o que podemos e devemos fazer para incentivar essa "figura” querida pelo mesmo Jesus Cristo, na qual se entrelaçam misteriosamente a grandeza divina e a fragilidade humana.

- Arnaldo Cifelli
Reproduzido via Revista Online San Pablo

* * *

Deus de poder e misericórdia, que tornastes São João Maria Vianney um pároco admirável por sua solicitude pastoral, dai-nos, por sua intercessão e exemplo, conquistar no amor de Cristo os irmãos e irmãs para vós e alcançar com eles a glória eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

(Laudes de 4 de agosto, Dia de S. João Maria Vianey, padroeiro dos padres diocesanos)

2 comentários:

Tiago Ribeiro disse...

indagações surgidas no decorrer da leitura:
1 - Por que no inicio do texto falar sobre o tabagismo se não ia se deter nessa temática?
2 - no primeiro parágrafo é posto, mesmo que não diretamente, a missão do sacerdote, servir como mediador dos homens a Deus. então por que a missão transcendente foi abandonada no decorrer do texto?
3 - por que dariamos mais importancia à condição humana do sacerdote do que à sua missão perante a Deus?
4 - foi impressão minha ou tentaram justificar os erros eclesiais usando o argumento da limitação humana? sabendo-se que o fundamento cristão é transcendente?!
5 - no final do texto é verdade que colocam a culpa dos erros dos padres nos leigos que não ajudam porque não rezam? rezar não é uma ferramenta subjetiva (pressuponho transcendente)?

P.S: se puderem me responder eu agradeceria. não to sendo provinciano, apenas querendo esclarecer o que pra mim não ficou.. ou ficou, muito claro... antecipadamente agradeço. PAZ E BEM!

Equipe Diversidade Católica disse...

Caro Tiago, obrigado pela leitura e por seu comentário! :-)

Com relação ao item (1), não sabemos responder. Traduzimos o artigo de um site argentino, cujo link encontra-se no fim do texto. Talvez lá vc possa tirar essa dúvida diretamente com o autor.

Com relação aos pontos 2 e 3, o sacerdote é um ser humano, com todas as limitações humanas, que assume uma missão específica, tão importante quanto qualquer outra vocação, e na qual há que se manter aberto ao sopro do Espírito para deixar-se alimentar e guiar por Ele. Isso vale para todas as vocações, e está sujeito a todas as falhas humanas. Afinal, Deus aponta os caminhos, mas deixa-nos livres para fazer as nossas escolhas. E nem sempre escolhemos com sabedoria...

Nesse sentido, (ponto 4) a transcendência e a santidade referem-se a uma busca da Palavra, à busca do sentido, à busca de nos tornarmos "justos" - uma busca inerente à condição humana. Sendo "busca", transcendência e santidade não são sinônimos de "perfeição" - longe disso - o que só deve tornar-nos a todos mais humildes, dispostos a aprender com nossos erros e a nos deixarmos tocar pela graça redentora.

Por fim, (5) não nos parece que o autor tenha culpado os leigos pelos erros dos padres. Apenas sugere que, vendo os sacerdotes como seres humanos, os leigos possam, em vez de simplesmente criticar (como se os padres tivessem de viver acima do bem e do mal, o que é uma exigência injusta), buscar uma atitude de maior colaboração com a missão do sacerdote, através não só da oração e amizade, mas também de outras formas de colaboração que estejam ao alcance de cada um.

Paz e bem!

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