terça-feira, 30 de julho de 2013

Arcebispo Tutu 'não adoraria um Deus homofóbico'



O prêmio Nobel da Paz sul-africano, arcebispo Desmond Tutu, disse que nunca adoraria um "Deus homofóbico" e prefere ir para o inferno.

O arcebispo emérito falou no lançamento de uma campanha da ONU para promover os direitos gays na África do Sul.

Apesar de as relações entre pessoas do mesmo sexo serem legais na África do Sul, o país tem alguns dos piores casos de violência homofóbica, segundo a diretora de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay.

O Arcebispo Tutu, 81 anos, é um ativista de longa data pelos direitos dos homossexuais.

Tendo se aposentado como arcebispo da Cidade do Cabo em 1996, seguiu sendo, segundo correspondentes, a consciência moral da nação.

As relações entre pessoas do mesmo sexo são ilegais em mais de um terço dos países do mundo e puníveis com a morte em cinco deles, assinalou Pillay.

Na África, os atos homossexuais ainda são um crime em 38 países, segundo a Anistia Internacional.

"Eu me recusaria a ir para um céu homofóbica. Não, eu diria que sinto muito, seria muito melhor ir para outro lugar", o arcebispo Tutu disse no lançamento da campanha Free and Equal na Cidade do Cabo.

"Eu não adoraria um Deus homofóbico, e é assim que me sinto em meu âmago a esse respeito."

O Arcebispo Tutu apontou a semelhança entre a campanha contra a homofobia e aquela empreendida contra o racismo na África do Sul.

"Sou tão apaixonado por esta campanha quanto foi pela luta contra o apartheid. Para mim, está no mesmo nível", acrescentou.

Pillay disse que os gays e lésbicas da África do Sul contam hoje com algumas das melhores salvaguardas legais desde o fim do apartheid, em 1994, mas ainda enfrentam ataques brutais.

No mês passado, uma lésbica foi encontrada morta, depois de ter sido estuprada com uma escova de vaso sanitário.

"As pessoas estão literalmente pagando pelo seu amor com suas vidas", disse Pillay à agência de notícias AFP.

A ONU vai pressionar para que os direitos dos homossexuais sejam reconhecidos em países onde são ilegais, reforçou Pillay.

"Sempre ouço os governos alegarem 'mas esta é a nossa cultura, a nossa tradição, e não podemos mudá-la' (...) Portanto, temos muito trabalho a fazer", sublinhou.

O Arcebispo Tutu ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1984, por sua participação na campanha contra o governo da minoria branca na África do Sul.

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