sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Silêncio do Amor


A linguagem é muito fraca para explicar a plenitude do mistério. É por isso que o silêncio absoluto da meditação é de tão suma importância. Não tentamos pensar em Deus, falar com Deus ou, imaginar Deus. Permanecemos naquele silêncio reverente, abertos ao silêncio eterno de Deus. Através da prática e do aprendizado diários, descobrimos, na meditação, que essa é a ambientação natural para todos nós. Fomos criados para isso e, nesse silêncio eterno, nosso ser floresce e se expande.

O “silêncio”, como palavra, entretanto, já falsifica a experiência e, talvez afaste muitas pessoas, por sugerir alguma experiência negativa, a privação do som ou da linguagem. As pessoas temem que o silêncio da meditação possa ser regressivo. Porém, a experiência e a tradição, nos ensinam que o silêncio da prece não é um estado pré-linguístico, mas, pós-linguístico, aquele no qual a linguagem já completou sua tarefa de nos indicar o caminho, através e além dela, e de todo o reino da consciência mental. O silêncio eterno não está privado de nada, nem nos priva de qualquer coisa. Trata-se do silêncio do amor, da aceitação indistinta e incondicional. Ali repousamos com nosso Pai, que nos convida a ali estar, que nos ama por ali estar, e que nos criou para ali estar. [...]

Sabemo-nos amados e, assim, amamos. A meditação se ocupa da complementação desse ciclo de amor. Por meio de nossa abertura para o Espírito, que habita em nossos corações, e que, no silêncio, é amor por todos, damos início à jornada da fé. Chegamos à fé, porque existe sempre um novo começo na dança eterna do estar amando.

- John Main, OSB
Reproduzido via site da Comunidade Mundial de Meditação Cristã no Brasil, com grifos nossos

In WORD MADE FLESH (London: Darton, Longman, 1993), pgs. 29-30.
Tradução de Roldano Giuntoli

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