Foto: Zana Brinski
Os evangelistas apresentam a Virgem com traços que podem reavivar nossa devoção a Maria, Mãe de Jesus. Seu olhar nos ajuda a amá-la, meditá-la, imitá-la, orar e confiar nela com um espírito novo e mais evangélico. Maria é a grande crente. A primeira seguidora de Jesus. A mulher que sabe meditar no seu coração os feitos e as palavras de Seu Filho. A profetisa que canta a Deus, salvador dos pobres, que ele anuncia. A mãe fiel que permanece ao lado de seu Filho perseguido, condenado e morto na cruz. A Testemunha de Cristo Ressuscitado, que recebe junto aos discípulos o Espírito que acompanhará sempre a Igreja de Jesus.
Lucas, por sua vez, nos convida a fazer nosso o cântico de Maria, para deixarmos conduzir pelo seu espírito até Jesus, pois no “Magnificat” resplandece mais ainda a fé de Maria e sua identificação materna com seu Filho Jesus.
Maria começa proclamando a grandeza de Deus: “Meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, porque ele olhou a pequenez de sua serva”. Maria é feliz porque Deus tocou em sua pequenez. Assim é Deus com os pequenos. Maria canta com a mesma alegria que Jesus abençoa o Pai, porque ele fica oculto para os “sábios e prudentes” e se revela “aos simples”. A fé de Maria no Deus dos pequenos nos faz sintonizar com Jesus.
Maria proclama o Deus “Todo Poderoso”, porque “a sua misericórdia chega aos fiéis de geração em geração”. Deus coloca o Seu poder ao serviço da compaixão. Sua misericórdia abrange todas as gerações. Jesus prega a mesma coisa: Deus é misericordioso para com todos. Então, ele disse aos seus discípulos de todos os tempos: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso”. Desde seu coração de mãe, Maria percebe como nenhuma outra pessoa a ternura de Deus Pai e Mãe, e nos introduz ao núcleo central da mensagem de Jesus: Deus é amor compassivo.
Maria proclama também o Deus dos pobres, porque “tira de seus tronos os poderosos” e deixa-os impotentes para continuar com sua opressão; pelo contrário, “exalta os humildes” para que recuperam sua dignidade. Clama aos ricos o que é roubado dos pobres e “os despede de mãos vazias”. E aos famintos, “ele os enche de bens” para desfrutar de uma vida mais humana. Jesus clama o mesmo: “os últimos serão os primeiros”. Maria leva-nos a aceitar a Boa Nova de Jesus: Deus é dos pobres.
Maria nos ensina, melhor que ninguém, a seguir Jesus anunciando o Deus de compaixão, trabalhando para um mundo mais fraterno, confiando no Pai dos pequenos.
- José Antonio Pagola
Reproduzido via IHU
Leitura para reflexão:
Lc 1,19-52 Tweet
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