Foto: Simon Filip
A loucura é algo relativo. E inconstante. Quem é o louco, e por quê? Dos pensamentos unânimes, quando alguns se revoltam, mudam de direção, destroem e reconstroem um prisma, são chamados de loucos. A burrice aponta a loucura, como posso interpretar Nelson Rodrigues, "Toda unanimidade é burra" e eu, particularmente, prefiro ser louco a ser burro.
Minha loucura queima em meu ser jovem. E como seria bom que todos os jovens fossem loucos. Nunca burros. Loucos por acreditarem em algo impossível. Loucos por lutarem em batalhas ditas perdidas. Como nos diz a sabedoria popular, existem “velhos jovens e jovens velhos”. O medo do novo nos traz a velhice. Cada sonho de jovem perdido, são cabelos brancos, tristes e frágeis em nossa cabeça pueril. Sou louco com prazer.
Tudo isso porque tenho medo. Medo da inutilidade. Medo de arcar só comigo mesmo e mais alguns poucos. Medo de não servir pra nada. Medo de me enclausurar na imensidão de meu mundo, e viver por lá, como grande parte das pessoas. Precisamos, sim, de tal reclusão, precisamos nos conhecer, precisamos entrar em contato com nossa intimidade, e sair, buscar o mundo, voltando esporadicamente. Não devemos permanecer ensurdecidos por nossos fones, invisíveis por nossos óculos escuros e intocáveis por nossos casacos. Sejamos percebidos como jovens, no sentido genuíno de juventude.
Acreditemos, em nós mesmos e no mundo. Eu creio em nossos sonhos. Creio que temos força para fazermos o que quisermos. Creio nos sonhos realizados do "menino dos sonhos impossíveis” *. É isso que deve nos guiar. Guiar a nossa fé, a nossa crença. A minha é diferente da sua, mas elas têm o mesmo objetivo. Não deixemos morrer a importância de nossa ‘missão’ de ser jovem. Arrumemos nosso quarto, unamo-nos e mudaremos o mundo. Falo em "arrumar os quartos" pois, se desejamos algo, precisamos merecê-lo. Não podemos agir na hipocrisia, a loucura já nos basta. Avaliemo-nos e vejamos se estamos aptos aos nossos sonhos. A humanidade está doente, e se "de médico e louco, todo mundo tem um pouco" eu, encharcado de minha loucura, desejo curar os meus semelhantes.
- André Martha Tavares Filho, Belém, 18 anos, estudante de publicidade e propaganda.
Reproduzido via Amai-vos.
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* “Menino dos sonhos impossíveis" foi o apelido dado a São Marcelino Champagnat, quando o mesmo idealizou a congregação Marista. Congregação essa que hoje se faz presente no mundo todo. Tweet
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