quarta-feira, 13 de julho de 2011

Católicos gays que amam a Igreja, em São Paulo

Foto: Sarah

É com imensa alegria que compartilhamos aqui esta novidade: nossos amigos paulistas estão se organizando e estruturando cada vez mais e acabam de lançar seu site, www.pastoraldadiversidade.com.br. É motivo de felicidade para nós reproduzir aqui, com grifos nossos, o texto que apresenta a proposta do grupo:

Somos um grupo de gays católicos de São Paulo, que sentiu a necessidade da criação de uma pastoral católica em nossa cidade, voltada à população gay (LGBT), seus familiares, e amigos.

Ao invés de nos queixarmos do fato de nossos pastores nos terem abandonado, resolvemos seguir o Evangelho e ser, uns para os outros, os pastores que nós queríamos que houvesse.

Temos uma dupla meta: criar um grupo, ou grupos, de estudo, partilha, oração, e reflexão, que nos amparem e fortaleçam como testemunhas católicas que nós, gays, também somos. Simultaneamente, queremos propor e executar alguns projetos pastorais naquele campo fértil que são as necessidades desatendidas dos nossos irmãos e irmãs.

Para dar alguns exemplos oferecidos pelos nossos membros:
- atenção às pessoas gays que estão vivendo a terceira idade;
- promoção humana e formação profissional dos garotos de programa, que são uma parte tão onipresente do nosso meio;
- prevenção às DST/AIDS, e acolhimento das pessoas vivendo e convivendo com HIV/AIDS em espaços religiosos;
- capacitação do clero, e agentes de pastorais sociais, em DST/AIDS, gênero e sexualidade;
- oferecer espaço e ânimo para pessoas dentro do clero e das lideranças leigas que buscam integrar a Fe Cristã, e a própria transparência como gays, mas que ainda temem viver à luz do dia;
- desenvolver, com a ajuda dos nossos irmãos que já tem experiência amadurecida, recursos para a preparação, celebração, e fortalecimento da vida conjugal dos casais do mesmo sexo.

Partimos do pressuposto de que ser gay é uma variante minoritária na condição humana, que não é patológica, e que ocorre regularmente. Esta constatação é demonstrada e confirmada pela imensa maioria dos estudos científicos das últimas décadas, e é aceita cada vez mais tranquilamente pela população em geral. Com isto, deixamos de lado a premissa, que prevalecia até pouco tempo atrás, de que o ser gay seria uma desordem objetiva, já que o ser humano seria intrinsecamente heterossexual. Reconhecemos, porém, que ainda é esta a premissa que marca as posições oficiais da nossa Igreja, e que isto torna difícil ao nosso clero falar publicamente e de maneira construtiva neste campo.

É evidente que as conseqüências morais, espirituais, e psicológicas, que fluem de cada uma destas premissas são bem diferentes. Para quem se deixa guiar pela segunda premissa, ser gay é doença, defeito ou vício, a ser suportado ou superado, e a resposta pastoral tenta oferecer os meios para facilitar esta vivência. Para quem se reconhece na primeira premissa, como é o nosso caso, o ser gay forma parte daquilo que é dado para levar a pessoa ao florescimento humano mais completo, e a resposta pastoral busca entender e facilitar este florescimento.

Acreditamos que não devemos temer a verdade sobre o ser humano, que está no processo de se revelar, produzindo neste campo mudanças rápidas na compreensão daquilo que somos. Por isto, não estamos buscando aprovação ou apoio de nossas autoridades eclesiásticas para nossa pastoral, por enquanto. Esperamos que, eventualmente, elas nos reconheçam como sendo da família, mas percebemos dois grandes desafios antes que isto aconteça:

- que nosso grupo produza frutos que sejam reconhecidamente do Evangelho;
- que pelo menos alguns elementos eclesiásticos se sintam com liberdade para poder conversar honestamente, e em público, sobre as realidades em questão.

Confiamos ao Espírito Santo, força motora da verdade que libera, o empenho construtivo nestes campos.

Não temos nenhum desejo de “aparecer”, nem de formar um grupo que protesta, ou reivindica direitos, ainda que muitos dos nossos membros, a título pessoal, ou por motivos profissionais, atuem em diversos campos políticos e culturais. A nossa meta enquanto membros da Pastoral da Diversidade é deixar que Jesus, de cujo amor sem ambivalências para conosco não duvidamos, enriqueça e transforme a nossa vida enquanto pessoas gays, por meio do Evangelho e dos sacramentos. E mais: que Ele nos anime, começando a partir do jeito que somos, a estender a mão para construir mais alguns sinais do Reino dentro de nossa cidade.

São Paulo, junho de 2011

* * *

Que as bênçãos de Deus os iluminem em seu caminho. Aleluia! 


Quem tiver interesse, pode entrar em contato com o grupo pelo e-mail diversidadecatolicasp@yahoo.com.br

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...