Há dias que fico muito triste e decepcionado com a Igreja a ponto de esvair toda a minha esperança e despertar o que há de mais infrutífero em mim, principalmente com relação algumas asneiras da hierarquia. Estas, minam muito meu Eu católico e me desconectam da minha pouca religiosidade facilmente. No dia que estou de bom humor só me dá uma vergonha alheia, rs!
Foi o caso num dia desses que li o seguinte, post, “A propaganda gay, a cultura ex-cristã e os cristãos" de Dom Henrique Soares da Costa que é Bispo auxiliar da Arquidiocese de Aracaju, em Sergipe. Se tiver estomago clique e confira o texto medonho no blog Voto Católico.
Ouvi outro dia uma homilia muito interessante, o Pe. dizia que devemos reciclar o lixo que há em nós e reaproveitá-lo. Ou seja, devolver este lixo de forma produtiva pro meio social em que nós vivemos, tentando não reverberar o mal que nos fazem.
Estão, este post é uma tentativa de tornar o discurso deste Padre, que por sinal é muito inclusivo, uma prática.
Um olhar mais atento nesta reciclagem é não propagar discursos bobos, convém um olhar mais crítico sobre eles, talvez, como a reflexão aqui próposta. O post de Dom Henrique está num blog chamado “Voto Católico” e ainda há quem diga que religião e política não se misturam. Sem falar que o “Voto Católico”, “Voto Muçulmano”, “Voto Judeu” ou “Voto Evangelico” ferem a laicidade do Estado quando aplicados de forma hegemônica seus princípios fundamentalistas num Estado Democrático. Ou seja, completa desconexão com o meio em que se vive. Então, religião é um assunto político sim, porque há valores nelas que mal interpretados geram práticas e políticas públicas horrendas às minorias. Logo, reciclar este lixo do fundamentalismo religioso fechado ao dialogo é transformá-lo num debate menos alienante, dando vozes aqueles que nem sempre são ouvidos. O Bispo Auxiliar Dom Henrique teve direito a voz, mas há outros Bispos que também falam e deveriam ter seus discursos ecoados e tuitados que contribuem para um Estado mais plural, mais humano e mais crítico.
Este bla, bla, bla todo é um pedido meu pra que você leia e repasse a ideia deste, também Bispo, lá do México. Afinal, só repassamos coisas que nos dão asco e repudio, porque não as coisas boas?
Confiram a nota que saiu no IHU:
No México, fiéis gays pedem o casamento com o apoio de bispo
"Queremos propor, além do pacto civil (que regula as uniões homossexuais), melhorias e facilidades nos âmbitos da adoção e da segurança social, além de alterar o nome de 'pacto civil' para matrimônio". Dirigida ao novo Parlamento e ao novo governador do estado mexicano de Coahuila, o pedido foi feito pelo grupo de fiéis gays de Saltillo, San Elredo, ostentando o apoio já costumeiro do bispo local, Dom Raúl Vera López (foto).
A reportagem é de Eletta Cucuzza, publicada na revista italiana Adista, 04-07-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Apoio confirmado em março passado, quando o bispo participou da inauguração do IV Fórum da Diversidade Sexual, Familiar e Religiosa, organizado pelo grupo, a fim de "erradicar o preconceito de que os atos de amor homossexuais são contrários à vontade de Deus". "Na doutrina da Igreja – havia dito Vera López naquela ocasião –, no Evangelho, não se define a homossexualidade como pecado. São opiniões, mas não é o Evangelho".
É errôneo, acrescentou, o pensamento da Igreja que considera ruim o sexo e tudo o que tem a ver com a homossexualidade: "Não é assim". "A Igreja olha para a integralidade da pessoa, não para um aspecto". Tanto é verdade que, no mundo, existem ministérios e missionários dedicados à pastoral das pessoas homossexuais.
Talvez seja uma novidade para o México, mas, em Saltillo, o grupo San Elredo tem um assistente espiritual, o Pe. Robert Coogan, que, contatado pela agência AciPrensa, declarou: "Temos um forte apoio do bispo", embora "a única resposta que o Catecismo ofereça é dizer aos homossexuais que vivam o celibato": o que, a seu ver, "não é apropriado".
São recorrentes os ataques a Dom Vera pela sua contribuição ativa para a superação da homofobia: "Ataques bem conhecidos", de "terrível sabor homofóbico", comentou o próprio bispo, que, porém, não pretende responder diretamente às acusações. Nenhuma observação foi feita, por exemplo, sobre o pedido dirigido a ele por Natalia Niño, presidente da associação Familias Mundi, para romper os laços com a comunidade San Elredo.
"Esse grupo – afirma Natalia Niño – propõe um estilo de vida abertamente homossexual, defendendo o matrimônio e a adoção gays. A nossa crítica não tem nada a ver com pessoas individuais, com a sua dignidade e os seus direitos. Mas a doutrina da Igreja se opõe aos seus ensinamentos, e por isso pedimos que sejam interrompidas as relações entre a diocese e a comunidade".
A proposta do grupo San Elredo não é totalmente passageira no México. Em março de 2010, o Parlamento aprovou uma lei que equipara a união civil entre gays ao casamento, norma válida, no entanto, só para a capital mexicana, onde, nos 365 dias posteriores, 367 gays e 333 lésbicas contraíram o matrimônio.
Então, não é bacana ver um membro da hierarquia reciclando o lixo que tanto vemos, ouvimos e repassamos!
Rodolfo Viana
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