terça-feira, 22 de maio de 2012

Disseminar a homofobia: a igreja precisa recusar esse papel

Imagem daqui

A Semana Maringaense de Combate a Homofobia antecedeu a Parada LGBT programada para o dia 20 de maio. Entre as personalidades convidadas para as conferências estava o leigo católico Arnaldo Adnet, que integra o grupo Diversidade Católica do Rio de Janeiro [conforme havíamos publicado aqui].

Adnet, juntamente com integrantes do movimento GLBT de Maringá, reuniu-se com o Arcebispo da Arquidiocese de Maringá, pastores e leigos evangélicos para relatar a experiência pastoral experimentada no Rio, onde o grupo recebe o amparo espiritual necessário para o enfrentamento diário das dificuldades sofridas por causa da homossexualidade.

[Leia também: Arcebispo de Maringá defende mudança de postura do clero em relação aos homossexuais]

“Quando me descobri gay, eu mesmo me julguei e me penalizei com a auto-exclusão da igreja católica. Isso provocou um vazio imensurável em minha vida e quase me destruiu. Foi através desse grupo, assessorado por um pároco católico, que regressei a fé. Hoje me sinto íntegro, feliz e sustentado pelo dom infindo do amor de Jesus e da minha igreja. Tenho prazer em afirmar que sou gay e católico”; conclui Adnet.

Para Adnet, mesmo inadvertidamente, a mídia tem colocado as igrejas e os gays em posições antagônicas. Basta um olhar cuidadoso para verificar a procedência dessa afirmação. Historicamente, igrejas e fiéis foram seduzidos e tornaram-se reféns de objetivos díspares da justiça e da paz. Em nome de Deus e na suposta defesa da fé cristã, muito sangue foi derramado nessa terra. Terra esta, onde, ao final, todos os corpos serão recebidos de igual modo e sem acepções de crença ou de sexo.

Havemos, portanto e enquanto o Espírito Santo nos sopra o fôlego da vida, empenhar todas as forças para ajudar nossas igrejas a olharem para cruz e para a mesa; onde, antes de ascender aos céus, Jesus repartiu o pão e o vinho a todos os seus discípulos.

Experiências como as do grupo da Diversidade Católica, demonstram que há mais amor entre cristãos e gays, do que o ódio que a mídia ou pequenos grupos religiosos querem propagar. Abaixo algumas afirmações dos líderes cristãos:

“Não devemos considerar os homossexuais mais pecadores do que alguns que estão dentro da igreja, que são mentirosos, maldizentes, injustos, como bem classificou o Apóstolo Paulo (I Co 6.9-10). A Igreja tem a tendência de considerar um/a adúltero/a um/a pecador/a mais aceitável do que um homossexual” – (A Igreja e a questão do homossexualismo: uma Orientação Pastoral – Colégio Episcopal da Igreja metodista, 2000)

“É legítima a reivindicação dos homossexuais de viver na sociedade sendo respeitados em suas diferenças, sem discriminações ou perseguições que os oprimam”. – Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo, então presidente da CNBB, em depoimento à revista Época (10/1/2005).

“São dignas de admiração a particular solicitude e a boa vontade demonstrada por muitos sacerdotes e religiosos, no atendimento pastoral às pessoas homossexuais; esta Congregação [da Doutrina da Fé] espera que tal solicitude e boa vontade não diminuam”. – Cardeal Joseph Ratzinger, no documento Carta aos bispos da Igreja Católica sobre o atendimento pastoral de pessoas homossexuais (Roma, 1986, número13).

“A consciência é a intimidade secreta, o sacrário da pessoa, em que se encontra a sós com Deus e onde lhe ouve intimamente a voz. Na consciência revela-se, de modo admirável, a lei que consiste em amar a Deus e ao próximo. A fidelidade à própria consciência é o laço mais profundo que une todos os seres humanos entre si, inclusive os cristãos, na busca da verdade e de uma solução autêntica para os problemas morais que surgem na vida de cada um e na relação de uns com os outros, na sociedade… Ninguém seja levado a agir contra a consciência nem impedido de agir de acordo com ela”. – Documentos do Concílio Vaticano II (1965): constituição pastoral Gaudim et Spes (número 16) e declaração Dignitatis Humanae (número 2).

É tempo de assumirmos, como cristãos e como igreja a posição de autores principais nas cenas cotidianas de compaixão pelas vidas humanas, ao invés de prestarmo-nos ao papel de coadjuvantes disseminadores da homofobia. Que os Anjos e Santos digam amém!

- Maria Newnum, pedagoga e teóloga metodista, em seu blog

Fontes:
Igreja e a Questão do Homossexualismo – Uma Orientação Pastoral
Sob a perspectiva da Igreja

Um comentário:

Fabio P disse...

Citar Ratzinger é meio irônico! O apa mais preconceituoso e homofobico de todos os tempos!

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