Foto: Marwane Pallas
Uma importante e muito bem colocada reflexão de Leonardo Sakamoto em seu blog:
Pior do que algum instituto de pesquisa obscuro revelar que encontrou a cura para a homossexualidade é o fato de nós, jornalistas, darmos espaço acrítico para a divulgação desses milagres científicos. Isso gera audiência e leitura? Ô se dá! Pais aliviados ficam agradecidos, uma vez que isso mostraria que seu filho ou sua filha apenas “padece de uma terrível doença” e seu comportamento “não foi um erro de criação”.
E, ao mesmo tempo, ajuda a reforçar como um desvio o fato de alguém ser atraído por uma pessoa do mesmo sexo. E se é um desvio, pode ser corrigido. Arrumado. Consertado. Curado. Imagine só, você não curte de verdade aquela pessoa. Está apenas dodói.
Uma das primeiras orientações a estudantes de jornalismo é verificar a fonte da informação. E tentar entender quais os interesses por trás dela. Uma pesquisa que encontra algum “gene gay” financiada com recursos de organizações religiosas deve ser tão levada a sério quanto um estudo sobre os benefícios do tabaco bancado pela Souza Cruz ou a Phillip Morris.
E se fosse o contrário? Tempos atrás, me recomendaram o vídeo abaixo, que ironiza a situação. Procurando um argumento para enviar a um colega que tem medo da sexualidade alheia, reencontrei-o.
Todos têm direito a expressar sua fé, como todos deveriam ter direito de ter sua orientação sexual respeitada. Ainda mais porque escolhemos a fé. Não a orientação sexual.
O vídeo serve como provocação para ajudar a percebermos como os argumentos pífios que usamos podem ser ridículos quando voltados contra nós mesmos.
É um absurdo que a essa altura da história nossa sociedade ainda esteja discutindo se deve ou não universalizar direitos. Que, de tempos em tempos, gays e lésbicas sejam espancados e assassinados nas ruas só porque ousaram ser diferentes da maioria. Que seguidores de uma pretensa verdade divina taxem o comportamento alheio de pecado e condenem os diferentes a uma vida de inferno aqui na Terra. E, se não bastasse tudo isso, representantes políticos (que deveriam garantir que direitos fossem válidos a todos os cidadãos) agem não para fazer valer o Estado de Direito, mas sim no intuito de incentivar a intolerância, empurrando a sociedade para o precipício. Tweet
2 comentários:
Muito bom o artigo. Ver a homossexualidade como doença é uma cegueira do Século XXI. EM parte concordo com Saramago, nossa sociedade está cega. Parabéns pelo blog, leio-o sempre que posso.
É, Edvaldo... todo preconceito é cego, e toda exclusão é cegante, não? :-) Obrigado pela sua presença! Um abraço carinhoso!
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