Diante de Pilatos, Jesus vai afirmar: o meu reino não é deste mundo (Jo 19, 36). Sim, não pode ser deste mundo um reino que prefere o pobre, o excluído, o cativo. Não pode ser deste mundo o reino onde a justiça é instalada permanentemente, onde o amor ao próximo é a medida de julgamento, onde todos são iguais e merecem as mesmas oportunidades. Por isso o confronto de nossa humanidade com a proposta de Jesus.
Já na cruz, prometerá o reino ao bom ladrão. Um reino a um ladrão? Sim, este é o Reino de Jesus, onde ladrões, prostitutas, excluídos de toda a sorte são acolhidos e têm lugar à mesa. Um reino onde o rei conhece todos os caminhos, todos os limites da humanidade e, por conhecê-los, pode amá-la ainda mais. É o reino que acolhe aqueles e aquelas que descobrem Jesus Cristo no faminto, no sedento, no despido, no preso, no excluído, como o Mestre nos falará através do evangelho de Mateus (Mt 25, 31-46).
Instalar um reino nesses moldes entre nós ainda é um desafio. É desafiador reconhecer Jesus Cristo naquele mais pobre, mais necessitado, naquele que cheira mal ou que nos interpela por justiça. É desafiador pensar em um reino onde todos possam ser iguais, onde o que prevaleça seja o poder de serviço e não o poder autoritário que esmaga o outro.
Saberemos um dia viver assim? Seremos capazes de assumir esta proposta em toda a sua radicalidade? Seremos, nós, ativos construtores dessa nova ordem? Este é o convite que a festa de Cristo Rei nos faz. Que saibamos responder afirmativamente a ele. Que possamos reconhecer em Jesus Cristo o convite à implementação de um novo reino e que sejamos seguidores fiéis de um rei de amor e de bondade.
Junto com a festa de Cristo Rei, costuma também ser celebrado o Dia do Leigo e da Leiga. Vocação especial, muitas vezes esquecida (tendemos a acreditar que vocacionados são somente os sacerdotes e freiras), ser leigo ou leiga no mundo de hoje é um permanente desafio. Desafio de vida e testemunho: como ser do mundo, sem ser do mundo, como nos conclama São Paulo? Leigos e leigas ocupam importantes ministérios na vida da Igreja e assumem sua vocação particular de constituir família – e aceitar com generosidade a vocação matrimonial que Deus lhes dá. Assumem a vocação de atuar profissionalmente com ética, dedicação e diferencial positivo no sentido de ser uma pessoa diferente no meio de tantas. Assumem vocação missionária, dedicando-se muitas vezes solitariamente ao outro mais necessitado. Enfim, leigos e leigas assumem o grande desafio de serem pedras vivas da Igreja, trabalhadores do reino que Cristo Rei vem implementar.
Texto para oração:
Mt 25, 31-46 ou Lc 25, 35-43
- Gilda Carvalho
Reproduzido via Amai-vos, com grifos nossos Tweet
2 comentários:
Importantes reflexões acerca desses valores que muita gente com tanta informação não possui noção do que seja.
Espero que possamos trilhar o caminho conforme a vontade dele.
Abraço.
É isso aí, Cristiano! Beijos!
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