domingo, 16 de outubro de 2011

Partido Social Cristão (PSC) exclui demais formas de família

Foto: Alex Beker

“UM HOMEM + UMA MULHER = AMOR. ISTO É FAMÍLIA”. Será só isso?

Toni Reis*

Assisti indignado e entristecido a esta propaganda, desatualizada e preconceituosa do Partido Social Cristão (PSC), cuja definição de “família” é um homem, uma mulher e seus filhos, somente.

Entendo que esta é uma forma de família, a mais tradicional, que não deve ser desmerecida. No entanto, a propaganda exclui e é ofensiva às demais formas de família que sabida e comprovadamente existem. A propaganda está em compasso com uma ideologia excludente e discriminatória.

Segundo afirmação feita pela Organização Mundial da Saúde já em 1994, “o conceito de família não pode ser limitado a laços de sangue, casamento, parceria sexual ou adoção. Família é o grupo cujas relações sejam baseadas na confiança, suporte mútuo e um destino comum”.

A propaganda ignora os dados do último censo populacional que, entre outras estatísticas, aponta que 51% das pessoas de referência das famílias são mulheres, 17,1% das famílias são compostas por casais sem filhos e 17,4% por mulheres sem cônjuges mas com filhos. Inclusive até a família da presidenta Dilma foi excluída pela propaganda, visto que ela vive somente com a mãe e uma tia.

A propaganda, com seu raciocínio reducionista e binária, deixou de lado todas as outras composições familiares, que incluem as famílias recompostas, monoparentais, ampliadas, comunitárias... Ignorou a decisão do Supremo Tribunal Federal, de 05 de maio de 2011, que reconheceu unanimemente que os casais homoafetivos também formam entidades familiares.

Todas as pessoas têm o direito de liberdade de convicções pessoais, mas um partido político veicular este tipo de propaganda é atentatório aos princípios democráticos da igualdade, da dignidade humana e da não discriminação, entre outros.

Família, pode-se realmente afirmar, significa laços de amor, afetos e responsabilidades, sem exclusão e sem discriminação. Será que o PSC não deveria respeitar a Constituição Federal?

*Toni Reis
Presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais
Reproduzido via Jornal do Brasil

Um comentário:

Equipe Diversidade Católica disse...

Fantástico, amigo! Não conhecíamos essa série. Foi feita pelo pessoal da Marcha pela liberdade, não é? Vc sabe quem são os responsáveis pela produção (direção, roteiro etc)?

Amamos, vamos postar por aqui para divulgar. Valeu! :-)

Abs!

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