Foto: Jeffry Surianto
Após ressuscitar dos mortos e aparecer para seus discípulos, Jesus elevou-se aos céus em um monte na Galiléia sob a vista deles. A priori, os relatos da Ascensão do Senhor podem nos parecer tristes pois nos remetem à despedida de alguém querido que parte para um local distante. Ainda que Ele tivesse deixado a promessa da chegada do Espírito Santo, é possível que a tristeza tenha tomado os corações dos seus discípulos diante da perspectiva de não verem mais o Mestre, muito provavelmente por não conseguirem compreender muito bem o que significaria o que significava o envio do Espírito.
Gostaria, porém, de destacar dois pontos específicos dos relatos evangélicos da Ascensão do Senhor.
Um primeiro ponto é o envio. Na narrativa de Mateus e Marcos, Jesus envia seus discípulos a trabalhar pelo reino: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!” (Mt 28, 19 e Mc 16, 15). Este envio é o sinal de que é chegado o tempo daqueles que receberam a palavra de Deus concretizarem o Evangelho através de suas ações e obras. O outro ponto está no relato extraído do livro dos Atos dos Apóstolos. Dois homens de branco interpelam aquele grupo que estava a olhar para o céu, como que os desinstalando de uma apatia motivada pela maravilha de ver um homem ascender aos céus por suas próprias forças. A pergunta que lhes é feita deve também nos questionar hoje: “Homens da Galiléia, por que ficais aqui, parados, a olhar para o céu?” (At 1, 11). Quisera que todas as vezes em que o comodismo nos paralisar possamos ter alguém ou algo que nos pergunte: por que estás parado? Por que não vais adiante? Não vês que agora é chegada a tua hora de fazer algo pelo Reino de Deus, pelo próximo, por teu irmão? Ambos se completam: Jesus exorta os discípulos a irem anunciar, enquanto que a fala dos homens pode nos soar bastante próxima: o que fazem vocês ainda hoje, olhando para o céu? Vão, e anunciem também!
Jesus nos dá que permanecerá conosco até os fins dos tempos. Ele não diz que ficará conosco até amanhã ou até um outro determinado dia ou ano, mas até o fim dos tempos, que para Deus é eterno. Ele não nos abandonará nunca, seja em nesta vida ou já na vida gloriosa junto ao Pai. Posteriormente, esta certeza será solidificada pela vinda do Espírito Santo em Pentecostes, que fortalecerá a fé daqueles primeiros apóstolos e cuja presença perdurará ao longo da vida da Igreja até chegar aos nossos dias. É esta certeza que o cristão deve guardar em seu coração: Jesus está conosco hoje, amanhã e para sempre. Não importa a situação: ele vibra com nossas conquistas e chora nossos sofrimentos! É a Sua mão que nos estende em cada momento de nossas vidas, o Seu manto que nos cobre, a Sua misericórdia que nos acolhe sempre.
Portanto, a Ascensão não é sinal de tristeza porque o Ressuscitado se vai de nossa presença, mas antes, sinal de celebração da certeza de Sua presença junto a cada um de nós e da força da missão pessoal a qual Ele nos remete. Não fiquemos, pois, parados, a olhar para o céu: sejamos, sim, cristãos de forte testemunho, de olhar no futuro e naquilo que podemos transformar para fazer florescer entre nós a justiça e a paz.
Textos para sua reflexão:
- Gilda Carvalho
Reproduzido via Amai-vos, com grifos nossos. Tweet
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