Foto: Gert van Duinen
Ninguém imaginava o que estava para acontecer no silêncio daquela manhã de domingo. A cidade dormia ainda inebriada pelo fim dos festejos da Páscoa e um pequeno grupo de mulheres se movimentava para ir ao túmulo de Jesus. O Nazareno havia sido morto na véspera da Páscoa e tão rápido fora seu sepultamento que mal dera tempo de preparar devidamente o corpo.
As mulheres, então, iriam ao túmulo para arrumar o corpo de Jesus conforme os preceitos judeus. Caminhavam ora em silêncio, ora falando entre si, tentando entender o que acontecera ou consolar umas às outras. Ao chegar, viram a porta aberta, o túmulo vazio, os lençóis dobrados. Não viram Jesus, nem o Seu corpo. E correram a contar a notícia: o Senhor não estava em seu túmulo!
Só depois da chegada de João e Pedro, só depois do encontro de Maria Madalena e Jesus no jardim, só depois de verem o próprio Jesus no Cenáculo foi que aqueles homens e mulheres começaram a entender o que estava acontecendo: o Senhor estava vivo! Ressuscitara dos mortos!
A narrativa evangélica sobre a morte de Jesus atesta que houve escuridão sobre a terra, tremores de terra, véu do Templo se rasgando e mortos ressuscitados. É, pois, uma narrativa que remete ao cinematográfico, talvez em uma alusão à dor dilacerante que o próprio Deus sentia naquele momento. A ressurreição, por sua vez, acontece no silêncio da manhã. Sem espetáculo, sem barulho, sem espectadores. Jesus aparece a uns e a outros, silenciosamente. Não há estardalhaço, sinos ou barulho de festa. A percepção da ressurreição é silenciosa, é no interior de cada coração, é matéria de fé. É o silêncio que transforma a história da humanidade: desde aquele domingo, a humanidade nunca mais foi a mesma – dali em diante, a última verdade passa a ser a esperança, a eternidade. A morte perdeu a última palavra.
O Senhor está vivo! Este é um fato; fato somente entendido por aqueles que têm fé e que são capazes de ver sinais de vida onde a morte insiste em existir. A ressurreição de Jesus ecoa até hoje, acontece a cada minuto onde a vida é resgatada, onde a vida abunda.
A ressurreição de Cristo acontece na esfera da certeza daqueles que tem a fé no Senhor vivo do domingo e não no Senhor morto da sexta. O Deus do cristão é um Deus vivo e da vida e não um Deus de morte ou castigo. Jesus não precisava morrer para nos salvar. Apenas aconteceu assim. Mas ele precisava, sim, ressuscitar para nos fazer crer que maior que tudo o que possa existir, até que a morte – temor humano maior – é o amor de Deus por cada criatura humana e que esse Deus de amor só pode ser fonte de bondade e vida.
Texto para reflexão: Jo 20, 1-9
- Gilda Carvalho
Reproduzido via Amai-vos. Grifos nossos. Tweet
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