Públicamos agora o discurso a respeito do casamento coletivo gay feito no Estado do Pará ontem, Dia Mundial do Orgulho LGBT.
É importante ressaltar que foi a primeira que o Pará teve um
CASAMENTO coletivo gay. Não é união estável. 18 casais saíram com 18
certidões de casamento nas mãos.
*****
DISCURSO PROFERIDO NO CASAMENTO COLETIVO EM 28 DE JUNHO DE 2012 –
METROPOLITAN TOWER – BELÉM/PA
Prezados senhores,
prezadas senhoras, autoridades aqui presentes, amigos, familiares, prezados
noivos e noivas,
É com enorme satisfação
que damos início a esta cerimônia, melhor dizendo, a esta celebração em que nos
comprometeremos - todos nós - a colocar o amor à frente de qualquer sentimento,
a compreensão à frente de qualquer virtude, o carinho à frente de qualquer
gesto.
E que fique claro: não é
para qualquer um a decisão de se unir a outra pessoa, com ela constituir uma
vida em comum e gerar, de forma definitiva, uma família.
E aqui surge a expressão
mais importante deste dia: a constituição de uma família. Se ao longo de toda a
história se preservou a relação entre maridos e esposas, pais e filhos, genros,
noras, sogros e sogras, hoje também preservaremos a relação entre companheiros
e companheiras. Homens e mulheres que decidiram encarar de frente essa guerra
diária contra o preconceito e a homofobia para efetivamente se unirem a alguém
do mesmo sexo e constituir uma família.
Talvez alguns de vocês
queiram ter filhos, e esta será uma decisão soberana da qual ninguém terá o
direito de ser contra. Ou talvez vocês prefiram não tê-los, pois o amor que um
sente pelo outro seja tão pleno que se baste por toda a eternidade.
De uma maneira ou de
outra, não há nada, absolutamente nada diferente entre a família que os
senhores e senhoras constituirão e o modelo heteroafetivo que, a cada dia, se
torna tão somente mais um modelo.
Ou não! Talvez a família
que surja deste casamento seja completamente distinta de tudo o que se viu até
hoje. E se pensarmos bem, qual é a família que não se apresenta completamente
distinta das demais?
Quem aqui pode negar a
diversidade existente entre dois vizinhos? Entre duas crianças da mesma idade
que estudam no mesmo colégio? Entre irmãos gêmeos? Quem nega a diversidade
entre si e o homem ou a mulher que ama?
Somos mesmo todos iguais?
E ao mesmo tempo: será que somos assim tão diferentes?
Respeite a diferença!
Respeite a igualdade! É preciso encontrar dentro de cada coração o verdadeiro
sentido que sempre moveu o mundo: a missão gloriosa de fazer o outro
transbordar de felicidade. E não parece nada leviano dizer que hoje os corações
de todos esses noivos e noivas transbordam exatamente dessa felicidade.
Porque chegaram até aqui
ou que caminho trilharam, quais lutas perderam e quais as que ganharam, isso
pertence à história exclusiva de cada indivíduo, de cada casal, de cada –
repita-se – família. Mas uma coisa todos nós temos certeza, ninguém chegou aqui
de forma fácil, simples, sem lutar, sem chorar ou sem querer.
Nossas histórias são
diversas, nossas personalidades são distintas, nossa visão do mundo e da vida é
absolutamente única. Por que então não aproveitar esse momento para celebrar
também essa nossa diversidade? E que ironia! É justamente isso o que nos torna
tão parecidos no Amor.
A partir de hoje o mundo
os verá como uma só criatura e, mesmo sendo formada por dois homens ou por duas
mulheres, ainda assim vocês terão que saber respeitar a própria diversidade que
existe entre vocês. Mas isso não é tão novo assim: é exatamente o que
aprenderam a fazer do momento em que se conheceram até agora.
A ideia de casal não nasce
com a assinatura de um documento. O papel e a caneta apenas concordam – e
provavelmente se sentem honrados – em selar tudo o que foi vivido até aqui e o
muito que ainda será. Porque há algo superior ao “sim” que vocês dirão. E é
algo que somente vocês conhecem, aceitam e fazem questão de que todos saibam o
que é. E não se preocupem: por mais difícil que seja colocar esse sentimento em
palavras, no momento em que vocês disserem aquele “sim”, todos nós
entenderemos.
Entenderemos também quando
olharem uns para os outros e disserem: “eu te amo”. Pois digam! Não tenham
vergonha nem medo. Já tivemos medo demais do que os outros pensam do Amor que
hoje vocês consagram. Digam sempre o que sentem de verdade: assim que
acordarem; quando almoçarem juntos no meio da correria do dia a dia; nos dias
nublados; no doce entardecer; antes de dormir. O amor precisa ser dito sempre.
Não percam o brilho que
hoje nós vemos no olhar de cada um de vocês. É aqui que se reconhece o quanto
esse momento é sublime, e o quando essa celebração será repetida diariamente
nas suas vidas.
Lutem! Busquem o
impossível, se for necessário. Façam das tripas coração para defender os
direitos que vocês possuem: direitos civis, direitos humanos, direitos
naturais. Por que eles são muitos, são belos, e acima de tudo, são legítimos.
Não duvidem disso, mesmo que às vezes essa luta pareça não ter fim. Mas vocês
chegaram até aqui, não chegaram? Nós chegamos! Então não há o que temer
enquanto permanecermos unidos; enquanto vocês, como família que são e que
sempre foram, continuarem se amando.
E sejam felizes, acima de
qualquer coisa e em qualquer circunstância, porque isso é tudo o que a
Defensoria Pública do Estado do Pará deseja para cada um de vocês. Nada mais.
Defensor Público do Estado do Pará
Equipe Diversidade Católica Tweet
3 comentários:
Suas postagens diárias fazem falta. :/
:)
Obrigado pelo carinho Matheus!
Sem querer estamos um pouquinho mais esporádicos
:(
Um afetuoso abraço;
Rodolfo Viana
Equipe Diversidade Católica
Caros amigos, eu tenho escribido varios mensajems para voces sim respostas ainda.
Meu nome é Juan Manuel e quero saber que voces fazem. Voces tem um grupo? voces so se cumunicam virtualemnte?
Espero sua resposta atte.Juan Manuel
Postar um comentário