Foto: Michael Montano
Jesus não teve problemas com as pessoas simples. O povo sintonizava facilmente com Ele. Aquelas pessoas humildes que viviam a trabalhar as suas terras para levar para adiante a família, acolhiam com alegria a Sua mensagem de um Deus Pai, preocupado com todos os Seus filhos, sobretudo, os mais esquecidos.
Os mais desamparados procuravam a Sua bênção: junto de Jesus sentiam Deus mais próximo. Muitas doentes, contagiados pela sua fé num Deus bom, voltavam a confiar no Pai do céu. As mulheres intuíam que Deus tem que amar os Seus filhos e filhas como dizia Jesus, com um fundo de mãe.
O povo sentia que Jesus, com a Sua forma de falar de Deus, com a Sua forma de ser e com o Seu modo de reagir ante os mais pobres e necessitados, anunciava-lhes o Deus que eles necessitavam. Em Jesus experimentavam a proximidade salvadora do Pai.
A atitude dos «entendidos» era diferente. O que ao povo simples lhe enche de alegria a eles indigna-os. Os mestres da lei não podem entender que Jesus se preocupe tanto com o sofrimento e tão pouco com o cumprimento do sábado. Os dirigentes religiosos de Jerusalém olham-no com receio: o Deus Pai de que fala Jesus não é uma Boa Nova, mas um perigo para a sua religião.
Para Jesus, esta reacção tão diferente ante a Sua mensagem não é algo casual. Ao Pai parece-lhe o melhor. Por isso dá-Lhe graças diante de todos: «Te dou graças, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e entendidos e as deste a conhecer aos simples. Sim, Pai, assim te pareceu melhor».
Também hoje o povo simples capta melhor que ninguém, o Evangelho. Não têm problemas para sintonizar-se com Jesus. A eles revela-se o Pai melhor que aos “entendidos” em religião. Quando ouvem falar de Jesus, confiam Nele de forma quase espontânea.
Hoje, praticamente, tudo o que é importante se pensa e se decide na Igreja, sem o povo simples e longe dele. No entanto, dificilmente, se poderá fazer algo de novo e bom para o cristianismo do futuro sem contar com ele. É o povo simples que nos arrastará para uma Igreja mais evangélica, não os teólogos nem os dirigentes religiosos.
Temos de redescobrir o potencial evangélico que se encerra no povo crente. Muitos cristãos simples intuem, desejam e pedem para viver a sua adesão a Cristo de forma mais evangélica, dentro de uma Igreja renovada pelo Espírito de Jesus. Reclamam mais evangelho e menos doutrina. Pedem o essencial, não frivolidades.
- José Antonio Pagola
Reproduzido via Amai-vos Tweet
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