Foto: Phillip Schumacher
Os gays e outras letras que compõe o espectro LGBT conquistaram muito nos últimos anos. Sem esquecer na escalada absurda do número de crimes de motivação homofóbica, o Brasil aprovou uma série de medidas que garante mais cidadania e dignidade a uma fatia expressiva da população brasileira, normalmente deixada a margem da sociedade.
Vitórias como a aprovação da união civil homoafetiva, convertida em casamento em alguns lugares do país, trouxe uma esperança nova aos homossexuais, que conquistaram uma gama de direitos que lhes era negado até então. A vitória também fez com que a luta pela aprovação da PLC122 (ou outro projeto futuro), que criminaliza condutas homofóbicas, voltasse a tona, acirrando ainda mais o embate ideológico com fundamentalistas religiosos fantasiados de deputados e senadores.
O problema é que nós (como movimento gay) temos construído um castelo gigante sem uma base sólida. Eu exemplifico minha afirmação com o argumento dos próprios deputados e senadores que defendem a aprovação das leis de combate a homofobia. Parte do discurso destes que defendem nossos direitos inclui o uso de expressões como “opção sexual”, “homossexualismo” e “liberdade sexual”, o que acaba disseminando velhos conceitos que deveriam estar enterrados neste debate.
Mesmo sem dados estatísticos, sei que boa parte das pessoas ainda acredita que ser homossexual é uma escolha, uma “opção sexual”, enquanto todos sabem, de uma forma ou de outra, que não há nenhuma escolha envolvida no processo de formação da orientação afetiva de alguém. A única opção possível é não viver a sexualidade em sua plenitude, vivendo de forma reprimida, seja por conta de pressão religiosa, ideológica ou social. Assim como o termo “homossexualismo”, que carrega uma carga semântica que remete a doença. Não podemos chamar de homofóbicos aqueles que nunca tiveram a oportunidade de se informar, de se educar. Não seria justo.
Enquanto nós não educarmos as pessoas, e não apenas nas escolas com programas de combate a homofobia, mas nas ruas, nas igrejas, nas empresas, sobre o que é a diversidade e como a convivência com ela é benéfica pra sociedade, não teremos avanços significativos. Precisamos ter, antes de leis, a sociedade do lado da diversidade. E isto depende de cada um dos homossexuais deste país, que podem servir de multiplicadores de informação sobre a naturalidade e simplicidade do que é ser gay: exatamente a mesma coisa do que ser hetero.
- William @delucca
Reproduzido via blog do autor Tweet
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