segunda-feira, 14 de janeiro de 2013
CATÓLICOS FRANCESES PELO CASAMENTO GAY
Declaração do jornal Témoignage Chrétien sobre a lei do casamento para todos, por ocasião das manifestações de 16 de dezembro de 2012 e de 13 de janeiro de 2013.
A homossexualidade foi perseguida ou oprimida há longos séculos. Ora, trata-se de uma orientação sexual tão legítima e digna quanto a heterossexualidade.
O matrimônio é um contrato escolhido hoje por pessoas tão livres e voluntárias como nunca foram antes. É um contrato que pode legalmente terminar ou se renovar. Há famílias constituídas fora do matrimônio, e 40% das crianças nascem fora dele.
Recusar este contrato aos homossexuais seria acrescentar mais uma discriminação aos que frequentemente já sofrem inúmeras. Por isso consideramos justo abri-lo aos que querem uma legitimação maior da sua união. Compete às religiões refletirem sobre o sentido religioso do casamento, mas seria um erro político grave colocar uns contra os outros. Lembremo-nos enfim que os mesmos que se orgulham das virtudes da união civil hoje, depois de terem rejeitado o PaCS [Pacto Civil de Solidariedade] no passado, muitas vezes com as mesmas palavras, são os primeiros responsáveis por uma radicalização causada pelo seu fechamento às liberdades individuais. Esperamos que a lição sirva.
► Não acreditamos que o casamento para todos dissolverá a sociedade. O divórcio não fez o matrimônio desaparecer. Um grande número de divorciados se casa novamente. Se o casamento para todos é um modo de integração suplementar na sociedade, não há porque hesitar.
► Consideramos o projeto de lei atual um progresso real. Distinguimos a conjugalidade, a parentalidade e a filiação. O direito de toda criança de conhecer suas origens e sua filiação é um direito essencial, salvo na impossibilidade ou em caso de força maior de natureza patológica.
Enfim, pedimos a todos que abram os olhos à realidade da solidão de milhões de pessoas, em situação de indigência material, afetiva e psicológica às vezes terrível. Mais do que interrogar-se abstratamente sobre as supostas desordens antropológicas da abertura do casamento a uma parcela pequena da população, não seria melhor empregarmos nossas energias na desordem antropológica, bem real neste caso, de uma sociedade cujas formas de consumo, produção e partilha são tão pouco respeitosas da pessoa humana e da sua dignidade?
A humanidade se engrandece quando os cidadãos recusam a sacralizar os laços de sangue, e dão prioridade aos laços de fraternidade que os unem. Assim o que os une, mesmo dentro da família, procede da adoção. Cristo na cruz disse a João: “João, eis a tua mãe”; e à sua mãe: “mulher, eis o teu filho”. Não é a paternidade biológica, não são os laços de sangue que nos fazem irmãos e irmãs. Nosso DNA único e comum é um amor fraterno que sempre afasta para longe as fronteiras dos nossos preconceitos e dos nossos medos.
Témoignage chrétien…
Fundado em Lião, em 1941, na clandestinidade da resistência ao nazismo, Témoignage chrétien é um jornal que quer responder ao imperativo espiritual da fraternidade. Atuante na descolonização, engajado nos movimentos sociais, resolutamente fiel ao Concílio Vaticano II e à sua visão ecumênica, ligado à laicidade, quer testemunhar o que, nos acontecimentos, faz e desfaz o humano.
É um espaço aberto a toda pessoa, qualquer que seja sua confissão, judia, cristã, muçulmana... crente, agnóstica ou ateia, que deseja traduzir em atos a resposta à interrogação bíblica: “o que fizeste com teu irmão?”.
Fonte Tweet
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