Tirinha: Laerte Coutinho
Banheiro em casa é para todos. Vai a amiga, vai o primo, vai o cara que tá consertando a pia e ficou apertado. Enfim, no banheiro de nossas casas ambos os sexos o frequentam e porque existe algo chamado civilidade, em geral, o banheiro continua intacto.
Mas o assunto é o banheiro público e a divisão binária que hoje temos entre homem e mulher. Mais ainda, a questão é o projeto de lei do vereador da cidade de São Paulo Carlos Apolinário (DEM): criar um terceiro banheiro público unissex destinado a gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e até heterossexuais.
A ideia surgiu depois que o vereador, autor também do controverso projeto – vetado – do Dia do Orgulho Hétero, soube que o/a cartunista Laerte Coutinho/Sonia Cateruni foi advertido pelo gerente de um restaurante por ter usado o banheiro feminino. Há dois anos, Laerte/Sônia vive com trajes de mulher e, mais do que isso, assumiu através das roupas a alma considerada e construída como feminina.
Um dos grandes sustos e abusos do/a cartunista é que seu simples existir mostra com evidência como masculino e feminino não passam de meras construções.
Laerte/Sônia não gostou nada da lei: “Carlos Apolinário propõe banheiro “unisex” - na verdade, um terceiro banheiro, para banir os diferentes (dele) das vistas dos homofóbicos. É a institucionalização do gueto. Não surpreende, vindo do sujeito que quis criar o Dia do Orgulho Hetero…”, escreveu em seu Facebook.
Na Folha, ele/ela foi mais enfático e chamou o projeto de “consagração do gueto”. "É uma solução que não é uma solução, porque discrimina de uma vez por todas. Como se os outros fossem normais e uma outra parte não".
Para esconder debaixo de todos os vestidos a verdade da feminilidade como construção, começou-se uma série de argumentos rasteiros partindo do próprio vereador. "Se qualquer cidadão do sexo masculino disser que está se sentindo mulher naquele dia, pode entrar no banheiro feminino. Às vezes, pode ser até um cidadão sem vergonha, mau caráter, que nem tem essa opção sexual", disse Apolinário à Folha.
Confunde-se assim sexo biológico (macho/intersexo/fêmea) com a forma que você demonstra seu gênero, a chamada expressão de gênero (masculino/andrógeno/feminino). Além disso, coloca-se no fácil e falso moralismo a questão da perversão, do sujeito que se aproveitará da situação para abuso.
Como expressão de gênero, Laerte/Sônia sentiu que naquele momento ele/ela deveria ir ao banheiro feminino e como tal se comportará como uma pessoa do sexo feminino (tenho certeza que urinará até sentada e com a porta fechada). Igual ao banheiro das nossas casas, é uma questão de civilidade.
- Vitor Angelo
Publicado originalmente no Blogay Tweet
Um comentário:
O Laert/marmanjo criou uma situação interessante, quem tem razão, uma menina de dez anos que se assusta com um homenzarrão dentro do banheiro feminino, o homenzarrão que tenta se feminilizar ou masculinizar qu8ando bem intende, a mãe que por fim deve proteger sua filha, ou o dono do estabelecimento que quer receber todos bem, mas comete crime por pedir uma gentileza que temos atras era educação simplesmente?
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