Foto: Sarah
À medida em que lemos o Evangelho vemos que há uma escolha diante de nós. A alternativa está entre o amor e o medo. O medo é destrutivo e corrosivo, seja ele medo de doença, guerra ou fome, seja medo do sobrenatural, ou de deuses raivosos e vingativos que precisam ser aplacados com rituais compulsivos. A diferença entre o mundo da barbárie e o mundo civilizado é que a barbárie prospera no medo. A civilização prospera no amor que impulsiona o vigor, a energia, a vitalidade e a criatividade. A energia bárbara é negativa; seu principal impulso é destrutivo, e sua principal arte é a da guerra. A principal arte da vida cristã é a da paz.
Nosso compromisso com a meditação é nossa abertura para a paz do amor redentor de Deus, nossa total aceitação dele, nossa renúncia à fixação em si mesmo e nosso compromisso com a auto-entrega. Enquanto estamos repetindo nosso mantra, não podemos ficar pensando em nós - e é precisamente a obsessão por nós mesmos que nos reconduz à fantasia. Assim, quando percebemos que paramos de repetir o mantra, que nossa mente está divagando, devemos simplesmente retornar a ele e, com ele, para a realidade. Isto é, retornar para Deus, presente em nossos corações. Em outras palavras, retornamos para uma fé que nos impulsiona para além de nós mesmos, para Deus. Todos nós sabemos que esta auto-transcendência é nossa salvação. Fundamentalmente, todos nós sabemos que precisamos encontrá-la no silêncio de nossos corações. As alternativas são: realidade ou ilusão.
A função fundamental da fantasia é tentar nos afastar dos medos e ansiedades que sentimos, criando uma realidade alternativa. Mas o que acontece é que apenas enterramos o medo mais fundo... A função fundamental do Evangelho, que é na verdade seu único fundamento, é a de expulsar o medo, de arrancá-lo com suas raízes, para que possamos ir cada vez mais fundo dentro de um coração sem medo, para lá encontrarmos o amor mais profundo. O grande dom que precisamos compartilhar com o mundo, então, é o de nossa experiência da realidade.
Medite por Trinta Minutos
Lembre-se: Sente-se. Sente-se imóvel e, com a coluna ereta. Feche levemente os olhos. Sente-se relaxada(o), mas, atenta(o). Em silêncio, interiormente, comece a repetir uma única palavra. Recomendamos a palavra-oração "Maranatha" (em aramaico, "Vem, Senhor"). Recite-a em quatro silabas de igual duração. Ouça-a à medida que a pronuncia, suavemente mas continuamente. Não pense, nem imagine nada, nem de ordem espiritual, nem de qualquer outra ordem. Pensamentos e imagens provavelmente afluirão, mas, deixe-os passar. Simplesmente, continue a voltar sua atenção, com humildade e simplicidade, à fiel repetição de sua palavra, do início ao fim de sua meditação.
- John Main, OSB
Reproduzido via site da Comunidade Mundial de Meditação Cristã no Brasil, com grifos nossos
In THE HEART OF CREATION (New York: Continuum. 1998), pgs. 24-25.
Tradução de Roldano Giuntoli Tweet
Nenhum comentário:
Postar um comentário