Em entrevista concedida à revista IHU On-Line (leia na íntegra aqui), os teólogos descrevem as seis dimensões fundamentais da antropologia expostas no livro.
"A primeira e mais fundamental dimensão é a mudança de ênfase na própria tradição católica que passou da pessoa sexual considerada primordialmente como pessoa procriadora para a pessoa sexual considerada primordialmente como pessoa relacional.
A segunda dimensão, que extrai percepções das ciências biológicas e sociais, é uma mudança na percepção da orientação heterossexual como normativa e a orientação homossexual ou bissexual como “objetivamente desordenada” – como ensina o magistério –, que passou para a concepção da orientação sexual – heterossexual, homossexual ou bissexual – como dimensão intrínseca da pessoa sexual e, portanto, “objetivamente ordenada” para a pessoa heterossexual, homossexual ou bissexual, respectivamente.
A terceira dimensão é uma compreensão holística e integrada da pessoa sexual considerada em termos relacionais, físicos, emocionais, psicológicos e espirituais.
A quarta dimensão postula um desejo fundamental das pessoas de estarem em relacionamento, incluindo o relacionamento sexual, com outra pessoa. Esse desejo se realiza num complexo de relacionamentos que o magistério designa como complementaridade. Complementaridade quer dizer que certas realidades formam uma unidade e produzem um todo que nenhuma delas produz sozinha.
Na descrição do magistério, a complementaridade sexual aponta para o matrimônio heterossexual como o relacionamento sexual estável exclusivo entre um homem e uma mulher.
A quinta dimensão expande a descrição da complementaridade sexual por parte do magistério indo além do casamento heterossexual entre homem e mulher e postulando um desejo fundamental de complementaridade holística na pessoa sexual ao integrar a orientação sexual como uma dimensão intrínseca da antropologia sexual. A complementaridade holística inclui a orientação sexual, a complementaridade pessoal e biológica e a integração e manifestação de todas as três na pessoa sexual.
A sexta dimensão postula que “atos sexuais verdadeiramente humanos” realizam as pessoas sexuais. Um ato sexual verdadeiramente humano é um ato em concordância com a orientação sexual de uma pessoa que facilita uma valorização, integração e partilha mais profunda do si-mesmo (self) corporificado da pessoa com outro si-mesmo corporificado tanto em amor como em justiça (amor justo)".
Segundo os teólogos, "a conclusão normativa que se segue dessas seis dimensões antropológicas da pessoa sexual é a seguinte: alguns atos homossexuais e heterossexuais, aqueles que cumprem as exigências de complementaridade holística e amor justo, são verdadeiramente humanos e morais; e alguns atos homossexuais e heterossexuais, aqueles que não cumprem as exigências de complementaridade holística e amor justo, não são verdadeiramente humanos e são imorais". Tweet
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